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Negacionista, 98 votos e ódio contra o STF: conheça o homem que parou Brasília

Tiü França disse à ex-mulher que queria assassinar o ministro Alexandre de Moraes. Passou quatro meses em Brasília planejando um atentado que resultou na sua própria morte
Da Redação ME
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redacao@movimentoeconomico.com.br
Tiü França atentado explosivos Brasília Praça dos Três Poderes
No dia 24 de agosto, Tiü França esteve no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, numa visitação pública e escreveu: “”Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”. Foto: Redes sociais/Divulgação

Depois de mais de 13 horas das explosões na Praça dos Três Poderes e desativação das bombas restantes, o corpo de Francisco Wanderley Luiz, ou Tiü França, foi removido e levado para Instituto Médico Legal às 9h desta quinta-feira (14). Era o capítulo final da história do homem que se vestia de modo similar ao vilão “Coringa” quando, na noite de quarta-feira (13), foi protagonista de um atentado frustrado que acendeu o alerta em Brasília.

Aos 59 anos de idade, o catarinense Tiü França já estava no Distrito Federal há quase quatro meses. O seu plano era matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Acabou tirando a própria vida usando como travesseiro os explosivos que carregava em uma mochila.

Francisco Wanderley Luiz tinha 59 anos e trabalhava como chaveiro em Rio do Sul, Santa Catarina. Tinha dois filhos resultados do seu primeiro relacionamento. Em 2020 concorreu para vereador pelo Partido Liberal (PL) – atual partido de Jair Bolsonaro, mas que na época ainda não era filiado – com o nome de Tiü França, mas recebeu apenas 98 votos e não foi eleito.

Segundo informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Francisco já havia sido réu de crimes contra a incolumidade pública, infração de medida sanitária preventiva, desobediência e furto, chegando a ser preso em 2012. Ele já demonstrava instabilidade mental e postava conversas de WhatsApp nas suas redes sociais, geralmente incitando ódio, inclusive algumas que anunciavam o atentado. Após o ataque, suas contas foram derrubadas pelas plataformas.

Francisco Wanderley Luiz, ou Tiü França, autor do atentado a bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília
Foto: Redes sociais/Reprodução

Ameaças nas redes sociais

Um de seus posts dizia: “Distrito Federal Brasília 13 novembro 2024. Eu: Francisco Wanderley Luiz mais conhecido Tiü França (ETE x PNEU) ‘Miguel’ Sugiro a vocês uma data especial para iniciar uma revolução. Após este grande acontecimento, vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da república!!! ‘Em espírito estarei na linha de frente com minha espada erguida’ DEUS NOS ABENÇOE”.

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Em outra postagem no dia 24 de agosto, ele esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) numa visitação pública e fez uma publicação com a mensagem: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberba precede a queda).”

Tiü França também ameaçou em postagens ter implantado bombas nas casas de José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, William Bonner e Geraldo Alckmin, os quais ele dizia serem comunistas. Ele desafiou a Polícia Federal a encontrar e desarmar essas bombas em 72 horas iniciando às 17:48 do dia 13/11, e chamou essa suposta ação de “jogo”, indicando um final para o sábado (16).

Daiane, ex-mulher dele, disse a agentes da Polícia Federal que Francisco já havia avisado de seus planos para ela e que fazia diversas pesquisas no Google sobre o assunto. Ela também informou que a principal motivação do atentado era assassinar o Ministro Alexandre de Moraes e quem mais estivesse junto na hora.

Brasília como destino

Para realizar o atentado, Tiü França saiu de Rio do Sul em 26 de julho e chegou no dia seguinte à Brasília, onde alugou uma casa na QNN 7 de Ceilândia que serviu para armazenar diversos explosivos que seriam usados no crime. Ele usou de diversos aparatos durante o ato, um relógio com contagem regressiva, dois artefatos explosivos no cinto, um artefato explosivo próximo ao corpo, além de um extintor de incêndio adaptado.

Além disso, o chaveiro também utilizou de seu carro para o plano, colocando materiais parecidos com explosivos, fogos de artifícios e tijolos no porta-malas do veículo para fazer uma espécie de carro-bomba.

Francisco inicialmente tentou invadir o Supremo Tribunal Federal para usar as bombas dentro do recinto, mas foi barrado pela segurança. Após isso, ocorreu a primeira explosão por volta de 19h30 – o carro de Tiü França explodiu num estacionamento entre o STF e o Anexo IV da Câmara dos Deputados -.

A segunda detonação ocorreu 20 segundos depois da primeira explosão, quando Tiu França iniciou a arremessar bombas em direção ao Palácio do Supremo Tribunal Federal e à estátua “A Justiça” localizada na frente do local. Logo após os estrondos, o ex-candidato a vereador acendeu um último explosivo e utilizou como travesseiro.

O corpo de Tiü França só foi removido da Praça dos Três Poderes às 9h05 da manhã da quinta-feira (14), mais de 13 horas após os acontecimentos, quando o Batalhão de Operações Policiais Especiais conseguiu assegurar que as bombas que estavam presas no corpo de Francisco estavam desativadas.

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