O empresário Paulo Magnus, CEO da MV Saúde, encerra o ano de 2024 como “Personalidade do Ano” na premiação “100 Mais Influentes da Saúde de 2024”, promovida pelo Grupo Mídia através do Healthcare Ecosystem. Reconhecido como o “Oscar da Saúde”, o evento destaca líderes cujas ações foram marcantes no setor médico-hospitalar em 2024. Magnus foi o primeiro a receber a honraria inédita especial pela “trajetória inspiradora e contribuições significativas ao setor de saúde brasileiro” pelas suas ações como empresário e como cidadão voluntário. Ele foi homenageado no dia 6 de dezembro, em São Paulo.
“Meu pai dizia que a única forma de mudar a nossa realidade era estudando. Eu levei isso como lema e construí um sonho de levar saúde digital para todo o país”, disse Magnus ao receber a premiação. Além de convocar os dirigentes da iniciativa privada e do setor público na cruzada pela implantação da IA no setor da saúde, Paulo Magnus também se preocupa na formação de novas lideranças que possam conduzir a transformação digital no setor.
“Quem decide investimentos em tecnologia nas empresas é geralmente alguém com mais de 50 anos de idade. E, às vezes, essas pessoas não têm a dimensão da importância do quanto a tecnologia pode fazer a transformação que precisamos”, ressaltou Magnus durante a premiação de “Personalidade do Ano”.
Ele ressalta que, enquanto os bancos investem cerca de 8% de suas receitas em tecnologia, alcançando serviços completamente digitais, os hospitais brasileiros ainda enfrentam atraso na adoção de ferramentas tecnológicas. A digitalização da saúde no Brasil tem o potencial de revolucionar o atendimento médico, ampliando o acesso e gerando economia significativa para o setor. Estudos indicam que um sistema de interoperabilidade completo poderia economizar até R$ 20 bilhões por ano com a redução de exames duplicados e otimização de recursos hospitalares.
Inteligência Artificial é a chave
Para Paulo Magnus a Inteligência Artificial (IA) é a chave para mudar a realidade de atendimento médico tanto no setor privado quanto no público. Ele acredita que, até 2034, o Brasil pode alcançar 100% de digitalização na saúde, universalizando o atendimento e tornando os serviços mais eficientes. “A transformação digital não é apenas uma meta. É uma necessidade urgente para salvar vidas e otimizar recursos”, destaca Magnus, empresário gaúcho que escolheu o Recife como sede da sua empresa fundada em Porto Alegre em 1987 e que hoje é líder em tecnologia para gestão hospitalar na América Latina.
Paulo Magnus destaca que a IA é um divisor de águas também para o setor de saúde: “Ela não apenas vai melhorar a área clínica, mas também transformar todas as áreas de saúde. A interoperabilidade e a IA juntas trazem assertividade nos diagnósticos e mais segurança no atendimento”, defende. Depois de investir dois anos em pesquisas, empresa incorporou a Inteligência Artificial ao seu Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), que teve sua nova versão lançada em maio com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Recentemente, a MV lançou um ecossistema digital integrado com IA, que automatiza processos, melhora diagnósticos e libera médicos para se dedicarem ao cuidado com os pacientes. Essa tecnologia também facilita o acesso em regiões com pouca infraestrutura, como o Nordeste, onde a interoperabilidade evita deslocamentos desnecessários para exames e consultas.
“Imagine um paciente em Petrolina que viaja até o Recife para realizar exames. Sem a interoperabilidade, ele pode precisar refazer os procedimentos ou voltar para a casa sem o atendimento. Com a nossa tecnologia, os dados estão acessíveis em qualquer lugar, economizando tempo, custos e vidas”, explica. Paulo Magnus diz que as tecnologias digitais são fundamentais para superar as desigualdades regionais e tornar a saúde mais inclusiva.
Soluções usadas por 1.400 hospitais
O prontuário eletrônico da MV foi premiado em 2015 como melhor da América Latina pelo instituto norte-americano de pesquisa e insights KLAS Research. Nestes últimos nove anos, repetiu a façanha de receber o Best In KLAS por mais seis vezes. “Usar Inteligência Artificial no prontuário vai ajudar no diagnóstico. E o céu é o limite daqui para frente”, prevê Paulo Magnus. Essa é uma das soluções tecnológicas da MV que está presente em 1.400 hospitais e já impacta a saúde de 100 milhões de brasileiros.
Paulo Magnus defende que a transformação digital deve ser um esforço coletivo, envolvendo governos, empresas e profissionais. Ele sugere a criação de um sistema público de dados interoperáveis, onde informações clínicas e de exames possam ser acessadas em qualquer lugar do país. Para o empresário, a saúde digital não é apenas uma questão tecnológica, mas de inclusão social e eficiência econômica.
“O Brasil tem condições de liderar essa revolução. Com as tecnologias disponíveis hoje, podemos levar saúde para os lugares mais distantes e salvar inúmeras vidas. A Inteligência Artificial é o caminho para uma saúde mais justa e acessível”, considera o empresário, que começou a carreira na área de saúde quanto tinha 16 anos de idade, trabalhando no setor de faturamento do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes em Torres, no Rio Grande do Sul.
Do papel para a nuvem: a experiência de Paulo Magnus
Eliminar a burocracia e a dependência do papel se tornou um objetivo para o adolescente que nasceu na cidade gaúcha de Dom Pedro de Alcântara, de uma família descendente de imigrantes alemães e que perdeu o pai quando tinha 13 anos. De um lugar que hoje tem 2,5 mil habitantes, Paulo Magnus resolveu se instalar na capital pernambucana em 1988, um ano depois de ter criado em Porto Alegre, ainda como estudante de engenharia, a sua empresa que oferecia serviços de faturamento de contas hospitalares. Nestes 37 anos, a MV se especializou no desenvolvimento de softwares inovadores para facilitar a gestão de hospitais, clínicas, operadoras de planos de saúde, centros de diagnóstico e redes de atendimento público.
Sob a liderança de Magnus, a MV foi pioneira em diversos avanços tecnológicos no setor de saúde. Em 1992, nasceu o Sistema de Gestão Hospitalar Integrado (SGHI) e, em 1998, o MV2000, o primeiro sistema hospitalar 100% integrado do Brasil, com funcionalidades como prescrição eletrônica e proteção contra o temido “bug do milênio”.
Outro marco foi o lançamento, em 2014, da plataforma Global Health, um ecossistema digital que integra dados de saúde, permitindo ao paciente monitorar e gerenciar suas informações. Essa tecnologia foi adotada pela Prefeitura de Belo Horizonte no projeto “Minha Saúde BH”, transformando a experiência dos usuários do SUS. A implementação do primeiro hospital digital da América Latina, o Hospital Unimed Recife III, ocorreu em 2016.
Durante a pandemia de Covid-19, a empresa disponibilizou suas soluções de telemedicina, permitindo que mais de 50 mil pessoas em Pernambuco fossem atendidas, mesmo em áreas remotas. Nas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio deste ano, Paulo Magnus atuou em parceria com a ONG Transforma Brasil e a Masterboi no desenvolvimento de ações que beneficiaram a população gaúcha carente de atendimento médico.
Formação de talentos
A preocupação com formação profissional aumentou depois da grande perda de talentos que o setor enfrentou durante a pandemia de Covid-19. Empresas estrangeiras passaram a contratar, em dólares ou euros, pernambucanos e brasileiros que passaram a atuar em home office, desfalcando as concorrentes nacionais, incluindo a MV. O turnover, a taxa de rotatividade de colaboradores de uma empresa, chegou a atingir mais de 8% entre as operadoras de saúde.
Para evitar que esse quadro se repita, Paulo Magnus decidiu investir na qualificação de sua equipe, que atualmente é de cerca de 1,8 mil colaboradores. A MV criou o programa Cubo, que forma internamente os seus profissionais sêniores. “Decidimos investir na capacitação dentro de casa, construindo líderes comprometidos com a transformação digital”, explica Magnus. Essa estratégia reduziu o turnover da empresa para menos de 2% ao ano, um dos menores índices entre empresas de tecnologia no Brasil.
A companhia também prioriza o bem-estar de seus colaboradores, oferecendo espaços de lazer, treinamento contínuo e oportunidades de crescimento. Magnus acredita que esse modelo de gestão pode inspirar outras empresas a investir no potencial humano como forma de superar crises. “Todos podem sair do nada e chegar ao tudo”, reflete o CEO, que tem essa história para contar.
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