Há o dito que diz que os brasileiros deixam tudo para última hora. Verdade ou não, na política tem base na realidade. O último final de semana de convenções será muito movimentado no Recife, com a homologação de três das principais candidaturas da capital Pernambuco. Neste sábado e domingo, o prefeito e candidato à reeleição, João Campos (PSB), Daniel Coelho (PSD) e Gilson Machado (PL) movimentarão a militância para demonstrar força no primeiro ato da disputa. Um aquecimento para a campanha, que começa oficialmente no dia 16 de agosto.
A disputa no Recife ganhou importância a partir do contexto eleitoral. Não apenas pelas eleições municipais de 2024, mas por servir de prévia do pleito de 2026. Um resultado avassalador em favor do prefeito, coloca João Campos como nome natural na oposição para medir forças pelo Governo do Estado com a governadora e certamente candidata à reeleição Raquel Lyra. Uma derrota ou uma vitória capenga do socialista ameaça os planos da oposição.
Daniel é a aposta de Raquel
Em sua terceira disputa pela Prefeitura do Recife, Daniel Coelho chega pela primeira vez ao pleito com o respaldo da principal liderança política do Estado, a governadora Raquel Lyra, que já confirmou presença, juntamente com a sua vice, Priscila Krause. Em sua convenção, que abre o fim de semana, neste sábado, às 10h, aposta da tradição de um símbolo cultural da cidade, o Clube das Pás.
“Me orgulho de oficializar nossa candidatura neste lugar histórico, palco da alegria de muitos recifenses. É com o espírito de respeito à tradição e olhar para o futuro, que quero liderar a cidade”, enfatiza Daniel Coelho.
Ao lado da sua vice, Mariana Melo (PSDB), ex-secretária da Mulher do Governo de Pernambuco, o ainda pré-candidato pretende ressaltar na sua campanha a importância do combate à desigualdade, a geração de empregos, o acesso à saúde, sustentabilidade e a mobilidade urbana como pilares para a “real melhoria da capital pernambucana”.
Prefeito do Recife, João recebe Alckmin
Apontado como favorito pelas pesquisas de opinião e com larga margem de intenções de votos, o prefeito e candidato à reeleição, João Campos, pretende fazer da homologação do seu nome um grande ato. No salão do Clube Português, às 10h30, receberá as lideranças que compõem sua aliança, inclusive o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).
Respaldado pelos levantamentos favoráveis, João Campos teve o controle absoluto de tudo que envolvia a sua candidatura à reeleição. Fez ouvidos moucos às insistentes e ruidosas investidas do PT pela vaga de vice na chapa. Até a presidente nacional da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), cobrou espaço na chapa do gestor. O partido chegou a oferecer dois nomes para o cargo. Tudo em vão.
João Campos tratou diretamente a composição da chapa com o presidente Lula. Numa articulação com o deputado Renildo Calheiros colocou o seu chefe de gabinete e pessoa da sua extrema confiança, Victor Marques, no PCdoB, partido que faz parte da Federação PT/PCdoB/PV, e bancou a indicação. Se renunciar ao cargo em 2026, para disputar o Governo do Estado, sai com a tranquilidade de que o PSB vai manter o poder na sua maior estrutura atualmente. Até porque Victor tem tudo de PSB e nada de PCdoB.
Neste domingo, a aliança de 12 partidos referendará a chapa João Campos/Victor Marques e um batalhão de candidatos a vereador, que será a tropa do socialista na disputa pela reeleição.
Apostando na força do bolsonarismo
Uma das pessoas mais próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministro de Turismo Gilson Machado tem na memória o desempenho que teve no Recife na disputa pela vaga no Senado, em 2022. Não foi o mais votado no município, mas saiu das urnas com 323.769 votos (39,04%). Ele espera repetir o desempenho nas eleições de outubro.
Para tanto, já tem a fórmula pronta: uso ostensivo das redes sociais e vinculação com o bolsonarismo raiz. Isso será reforçado no próximo dia 10, com um ato com o ex-presidente, no Clube Português.
Na convenção deste domingo, Gilson chegará debilitado por uma pneumonia que o tirou de combate nos últimos dias. Só fez uma exceção ao tratamento intensivo, para anunciar na sexta-feira (2) o nome da empresária Leninha Dias como a vice em sua chapa. Indicar uma mulher para companheira de chapa era uma estratégia traçada por Gilson, para aproveitar a movimentação nacional de Michele Bolsonaro, cotada para disputar a presidência da República.
Com bom tempo de TV e um fundo partidário no limite permitido pela legislação, Gilson quer ser a pedra no sapato do prefeito candidato à reeleição e crescer em cima da eventual polarização.
Ao fim das convenções, os partidos e seus candidatos no Recife terão 10 dias para traçar as estratégias para a campanha rapidíssima de 45 dias. Sabem que por ser curta, não há espaço para erros. E isso inclui os atos deste sábado e domingo. Convenções fracas não animam a tropa. É partir bem, para manter a militância mobilizada.
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