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João Campos anuncia Victor Marques na sua vice, para desconforto do PT

Após reunião da Frente Popular, prefeioto João Campos anunciou o nome do seu ex-chefe de gabinete para compor a chapa à reeleição
Márcio Didier
Márcio Didier
marcio.didier@movimentoeconomico.com.br
O prefeito João Campos venceu a quebra de braços e terá como companheiro de chapa Victor Marques Foto: Rodolfo Loepert
João Campos venceu a quebra de braço e terá como companheiro de chapa Victor Marques Foto: Rodolfo Loepert

Construção. Se havia algo que ligava todos os discursos na reunião da Frente Popular, nesta segunda-feira (22), em que foi apresentado o nome Victor Marques (PCdoB) como vice na chapa do prefeito e candidato à reeleição João Campos (PSB), era essa palavra. O contraste dos rostos e nas palavras entre os sisudos petistas e os sorridentes socialistas mostravam, no entanto, que o consenso ficou apenas nos discursos.

Ao fim da reunião com os 12 partidos, João Campos, radiante, anunciou o nome do seu ex-chefe de gabinete e amigo de escola Victor Marques como o companheiro de chapa.

“O prefeito não trabalha só. Precisa de um time engajado, motivado e eu tenho certeza e convicção que Victor representa essa forma de fazer gestão e de fazer política. De ter a capacidade de ouvir, de ter a mansidão na escuta, mas a firmeza na decisão, a firmeza de saber dizer e construir as coisas. E isso se materializou através da política. Então, que bom que a gente chega aqui com essa unidade construída e com a certeza de que a frente toma, com a unidade de todos os 12 partidos, essa decisão majoritária agora”, afirmou o prefeito João Campos.

Agora oficializado no posto de vice, Victor Marques se disse pronto para a missão e disse que a decisão de ingressar no PCdoB fez parte de uma “construção”. “Recebo com muita alegria essa oportunidade de contribuir com a gestão do prefeito João Campos. Tenho certeza de que, se assim o povo quiser, eu vou poder contribuir ainda mais nessa nova posição”, colocou Victor.

Indagado sobre a escolha do PCdoB, elogiou a sua legenda “centenária”. “Foi feita uma construção política com vários partidos, conduzida pelo prefeito João Campos. Foi uma decisão muito madura”, afirmou, usando sempre poucas palavras em suas respostas.

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João Campos e a unidade

Em mais um sinal de que a engenharia para compor a chapa não foi tão cartesiana, o prefeito abusou da palavra unidade na sua fala, inclusive quando agradeceu ao presidente Lula pelo empenho na busca de uma solução.

“Essa unidade construída no dia de hoje, é a unidade que aqui apresenta a chapa majoritária de João e de Vitor, reunindo 12 partidos. Quero externar a nossa gratidão, o nosso reconhecimento, pela confiança, ao presidente Lula, que participou de forma ativa desse processo, dialogando. Aqui a presidente Gleisi Hoffman, que foi fundamental para que essa unidade fosse construída, destacou João Campos, ao abrir as entrevistas.

Prefeito João Campos reuniu os 12 partidos da Frente popular e apresentou Victor Marques Foto: Rodolfo Loepert

Depois do prefeito, foi a vez de a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, responder aos jornalistas e o fez de forma quase automática, sem emoção nas palavras e sem a temperatura adequada que a situação pedia.

“Com certeza o PT estará integrado na campanha, que já consideramos vitoriosa pelo resultado do trabalho que João tem feito aqui no Recife e ciente do cenário político construído. O PT se sente contemplado (na questão da vice). Foi um processo, né, que nós fizemos de convergência progressiva, de conversa de construção da unidade. O presidente Lula participou. Óbvio que o PT tinha legitimidade para expor nomes. Aliás, quero agradecer a toda a nossa direção, que teve a compreensão de que para unidade aqui no Recife, também no campo nacional, era importante essa construção”, colocou Gleisi, na rápida entrevista.

Humberto e o protagonismo do PT

Ao chegar à reunião no Hotel Luzeiros, no Pina, o senador Humberto Costa (PT) já dava o tom do desencanto do PT em relação ao processo. Desde o ano passado o partido defende que a vaga de vice fosse ocupada por um filiado do partido.

“O PT, como vocês sabem, demandou claramente a necessidade de ter um protagonismo importante nesta eleição. Não só porque o PT é um partido forte aqui na cidade do Recife, em respeito a essa força política, nós considerávamos que devíamos ter uma participação e um protagonismo na chapa. Em respeito também à própria relação que nós sempre mantivemos com o PSB, entendíamos que as coisas seriam assim. Trabalhamos para isso, tentamos convencer. O próprio presidente Lula também interveio nessa discussão, mas é óbvio que a última palavra é a do candidato. E agora nós vamos seguir em frente, fazer essa campanha e a vida continua”, desabafou Humberto Costa, ao chegar ao evento.

Escolhido pelo PT para ocupar a vice na chapa, o ex-vereadora Mozart Sales disse que vai ajudar na campanha. Evitando comentar o fato de ter sido preterido, destacou que voltará a atuar na Casa Civil do Governo Lula, mas que irá participar da campanha.

Ao final do encontro, a sensação era de que o alicerce da construção não estava muito seguro, com dois lados distintos. O lado eufórico do PSB pela batalha vencida não encontrava o contrapeso necessário no tom de desconforto, beirando a irritação, do lado petista.

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