Uma chapa singular que une capital e trabalho, um petista e um eleitor de Jair Bolsonaro. O anúncio do nome do vice na chapa do pré-candidato do PT à Prefeitura de Olinda, Vinicius Castello, o empresário e empreendedor do Shopping Patteo, Celso Muniz (PCdoB), mais do que apontar as afinidades entre ambos, escancarou as diferenças das carreiras políticas percorridas até a entrevista nesta quinta-feira à tarde.
Após rápidas falas do petista, de Celso Muniz e dos presidentes municipais do PT, PCdoB e PSB, a dupla de pré-candidatos foi bombardeada por indagações sobre a união insólita, numa mesma chapa, de um vereador eleito pelo PT, que nunca teve outro partido, e um empresário considerado um dos principais empreendedores de Olinda, que militou em alguns partidos, mas que em 2022 fez uma opção por apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu candidato a governador em Pernambuco, Anderson Ferreira.
“A política não pode ser e estar refém do antagonismo. É muito difícil, principalmente numa cidade de Olinda, quando a gente não tem a maturidade de entender que a gente tem um povo muito diversificado, com muitas perspectivas, com muitos anseios. E essa chapa aqui, ela tem o objetivo: fazer com que não só o cidadão que tá na favela, mas principalmente o povo que tá nos mais variáveis espaços da sociedade, querendo emprego, querendo renda, possa se ver em pessoas que têm um só propósito e que se encontram na política com um só objetivo”, discursou Vinicius Castello.
Olinda e as divisões políticas
De acordo com ele, a Cidade Patrimônio da Humanidade tem sofrido bastante com as divisões da política, mas que é preciso que todos sejam respeitados
“Olinda tem sofrido bastante justamente porque as pessoas acabam se afastando uma das outras, porque tu pensa assim, porque tu pensa assado. Enquanto o vereador nesta cidade, eu acredito que tenho um respeito gigante de muitas pessoas que pensam diferente de mim e isso é o que faz com que a gente tenha respeitabilidade dentro de uma cidade. Essa chapa aqui, ela vai dizer pra quem é de centro, para quem é da esquerda, para quem é da direita, que a gente quer e vai governar para todos e todas”, acrescentou o petista.
Questionado sobre o seu passado de apoio ao bolsonarismo, Celso Muniz afirmou que na democracia a pessoa tem que estar aberta a conversar com todo mundo e que sempre atuou para construir pontes.
“A gente tem uma democracia pujante no Brasil e tem que estar aberto a conversar com todas as pessoas. Eu não tenho um inimigo, eu posso ter em algum momento adversários. E a gente tem que fazer construção de pontes. A minha vida foi construir pontes, nunca foi destruir Pontes. Eu tenho um amigo em todos os lugares e me relacione por todos os lugares. E aí a gente entende a construção que a gente tá fazendo aqui em Olinda. Uma construção que vai dar certo. É uma construção que une às vezes, especialmente, diferentes e isso é importante para a sociedade, porque nos contrários é que se constrói a solução, em uma saída”, colocou Celso Muniz.
Durante os 21 minutos e 55 segundos de entrevista, os dois utilizaram todos os argumentos para justificar a aliança, costurada pelo ex-prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, a quem Celso é ligado. A expressão “construção de pontes” permeou todas as falas do pré-candidato a vice.
O próximo teste de fogo da chapa ocorre no próximo sábado (27), pela manhã. No Clube Atlântico, a Federação PT/PCdoB/PV, juntamento com o PSB, farão a convenção que oficializará a chapa Vinicius Castello/Celso Muniz. Até lá, possivelmente livres dos questionamentos sobre as diferenças que os separa, eles poderão buscar a construção de pontes.
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