No Nordeste, prefeitos de 5 capitais devem conquistar reeleição

Luiz Filipe FreireMárcio DidierVanessa Siqueira Disputar a reeleição, com a força da máquina, é um ativo que todo candidato deseja. Das nove capitais do Nordeste, ao menos em cinco delas os prefeitos lideram com folga a corrida por um novo mandato e um outro, de Fortaleza, está no páreo. Dos gestores com mandato, apenas um, […]
Cenário eleitoral do Nordeste mostra vantagem para quem disputa reeleição
Cenário eleitoral do Nordeste para as eleições de outubro mostra vantagem para quem disputa reeleição

Luiz Filipe Freire
Márcio Didier
Vanessa Siqueira

Disputar a reeleição, com a força da máquina, é um ativo que todo candidato deseja. Das nove capitais do Nordeste, ao menos em cinco delas os prefeitos lideram com folga a corrida por um novo mandato e um outro, de Fortaleza, está no páreo.

Dos gestores com mandato, apenas um, de Teresina, não deve conquistar a reeleição. Em outras duas capitais – Aracaju e Natal –, os atuais prefeitos não conseguem, ao menos até agora, transferir votos para os seus escolhidos.

Na maioria das disputas da região, a polarização ocorrida no cenário nacional deve se reproduzir nos cenários municipais. A 20 dias do início das convenções partidárias, o Movimento Econômico fez um levantamento das disputas em todas as capitais do Nordeste.

Mulheres são maioria na disputa em Aracaju

Capital de Sergipe, Aracaju tem, ao menos, oito pré-candidatos à prefeitura e as mulheres são a maioria até o momento, com cinco nomes na disputa. Pesquisa divulgada pelo Instituto Real Time Big Data e divulgada pela TV Atalaia (SE) no início de junho coloca Emília Correia (PL) na liderança da disputa, com 28% das intenções de voto.

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Na pesquisa estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados, outras duas mulheres aparecem na preferência do eleitorado: Yandra Moura (UB), com 13% das intenções de voto, e Danielle Garcia (MDB), com 11%.

O secretário de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura do Governo de Sergipe, Luiz Roberto (PDT), foi o escolhido pelo atual prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), que não pode disputar a reeleição, para ser seu sucessor. Ele conta também com o apoio do governador de Sergipe, Fábio Mitidieri.

O PT vai lançar a jornalista Candisse Carvalho como o nome do partido. Ela é casada com o senador Rogério Carvalho e, em 2023, chegou a assumir a assessoria especial do Ministério do Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome.

Já o PP anunciou como pré-candidato o vereador de Aracaju Fabiano Oliveira. Ele já foi deputado estadual, é jornalista e radialista e atualmente, em seu mandato na Câmara de Vereadores, é membro da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, e é presidente da Frente Parlamentar de Turismo.

Ainda entram na disputa pelo Novo o procurador do Estado de Sergipe José Paulo, e a advogada e professora de Direito da Universidade de Sergipe Niully Campos, pelo PSOL.

Prefeito de Fortaleza polariza com nome da direita

No Ceará, o embate entre grupos que comandam o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza até poderia dominar o noticiário eleitoral nos próximos meses, mas a polarização, até o momento, vem se concentrando mesmo entre o atual prefeito e candidato à reeleição, José Sarto (PDT), e o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), que lidera as pesquisas. Wagner trabalha para demover dois antigos aliados – o senador Eduardo Girão (Novo) e o deputado federal André Fernandes (PL) – da intenção de entrar no pleito, facilitando a unidade do campo da direita.

Por outro lado, o prefeito José Sarto conta com o maior número de partidos em seu arco de alianças para a campanha à reeleição – PSDB, Cidadania, Avante, PRD, DC, Mobiliza e Agir –, o que é visto como uma tentativa de demonstração de força após o rompimento entre seu partido e o PSB, no início do ano, tendo como pano de fundo o afastamento entre os irmãos Cid (PSB) e Ciro Gomes (PDT).

Não à toa, um dos adversários de Sarto deve ser o atual presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PT). A frente deve contar ainda com os outros dois partidos da federação com o PT – PCdoB e PV –, além do PSB, que pode indicar a vice. Evandro Leitão aparece em quarto lugar nas pesquisas e aposta na força do grupo que comanda o Governo do Estado – capitaneado pelo governador Elmano de Freitas (PT) e pelo ex-governador e ministro da Educação, Camilo Santana (PT) – para ver seus índices crescerem.

Outros nomes na disputa devem ser os do deputado federal Célio Studart, do PSD, em quinto lugar nas pesquisas, o do historiador Haroldo Neto, da Unidade Popular, e o do produtor cultural Técio Nunes, do PSOL.

Em João Pessoa, Cícero Lucena lidera disputa

Uma disputa que pode ser resolvida já no primeiro turno. O prefeito de João Pessoa e candidato à reeleição, Cícero Lucena (PP), aparece como franco favorito para a disputa na capital paraibana.

De acordo com levantamentos mais recentes, ele tem uma larga vantagem, com um percentual quase três vezes maior do que o segundo e o terceiro colocados, respectivamente, o deputado estadual e ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT) e Ruy Carneiro (Podemos), que têm quase os mesmos índices nas pesquisas.

Cartaxo, inclusive, conquistou o direito de entrar no páreo apenas na semana passada, após uma longa e desgastante disputa interna com a também deputada estadual Cida Ramos. Integrante da corrente minoritária, Cartaxo não disputou as prévias, vencidas por Cida.

No entanto, a direção nacional, tomando como base as pesquisas de intenção de voto, anulou as prévias e, no último dia 26 de junho, definiu Cartaxo como candidato. A homologação, no entanto, ocorre nesta terça-feira (2).

Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro durante parte da pandemia da Covid, o médico Marcelo Queiroga (PL) tem o nome colocado, mas por enquanto a candidatura não engrenou e ele amarga a quarta posição, à frente apenas do candidato do PSOL, Celso Batista, que não chega a um ponto percentual na disputa.

JHC busca reeleição na capital mais bolsonarista do Nordeste

Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (e até o momento pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira), o prefeito JHC (PL) possui ampla vantagem sobre os demais pré-candidatos à Prefeitura de Maceió e possivelmente irá disputar diretamente a preferência do eleitorado maceioense com o candidato apoiado pelos Calheiros, o deputado federal Rafael Brito (MDB).

Na pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas divulgada na semana passada, JHC aparece com 69,9% das intenções de voto no cenário onde disputa com Rafael Brito (MDB), que registrou 7,1%, seguido de Lobão (Republicanos), com 4,1% e Ricardo Barbosa (PT) (3,1%).

O prefeito de Maceió ainda não bateu o martelo no nome de seu vice, o que desencadeou uma série de possibilidades. Uma das apostas é que o senador Rodrigo Cunha (Podemos) seja o escolhido. Porém, Arthur Lira pode indicar um nome e entre as possibilidades estão sua prima Jó Pereira e o médico Luiz Romero. Ambos eram secretários municipais – Educação e Saúde, respectivamente, e foram exonerados, o que acirrou nos bastidores a possibilidade de rompimento de JHC com Arthur Lira.

Outro nome que pode entrar na disputa é do ex-deputado estadual Davi Davino Filho (PP). Ele também compunha o quadro de secretários de JHC e foi exonerado neste mês.

Historicamente, o MDB do senador Renan Calheiros não vence uma disputa à Prefeitura de Maceió há 30 anos. As pesquisas indicam forte rejeição ao grupo na capital alagoana, conhecida pelo posicionamento mais conservador. Nas últimas eleições presidenciais, Maceió foi a única capital do Nordeste onde o presidente Lula não venceu.

O PT, que atualmente compõe a base do governador Paulo Dantas, ainda não decidiu oficialmente se irá romper com o MDB e lançar candidatura própria ou apoiará Rafael Brito. Uma das possibilidades seria o PT indicar o vice na chapa com Brito, mas o cenário que se desenha é de apoio num eventual e por enquanto improvável segundo turno.

Sem reeleição, ex-prefeito de Natal pode decidir no 1º turno

Com o prefeito Álvaro Dias (Republicanos) em segundo mandato e sem poder tentar a reeleição, a disputa pela Prefeitura de Natal aponta para a vitória do ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD), que lidera todos os levantamentos já realizados com larga margem. Os números apontam para vitória em primeiro turno.

Na segunda e terceira posições, mas bem distantes, de acordo com os levantamentos apresentados, aparecem os deputados federais Natália Bonavides (PT), ligeiramente na frente, dentro da margem de erro, e Paulinho Freire (União Brasil).

Com uma frente ampla, Paulinho tem ao seu lado o PP, Federação PSDB/Cidadania, PL, Podemos e Republicanos, partido do prefeito Álvaro Dias e que também ocupará a vice, com Joana Guerra. O pré-candidato da UB quer pegar carona na boa avaliação do gestor da capital para subir nas pesquisas.

Em sentido contrário, a candidata do PT, que montou uma aliança com MDB e a Federação PT/PV/PCdoB, vê a governadora Fátima Bezerra, da sua legenda, apresentar péssimos índices de aprovação.  

Em quarto nas pesquisas, Rafael Motta (Avante) é alvo de especulações de que poderia deixar a disputa para ser vice na chapa do líder Carlos Eduardo, que tem aliança apenas com o pequeno Democracia Cristã (DC). O favorito na disputa, no entanto, afirma que só anunciará o seu vice na segunda quinzena de julho.

Ainda está na disputa o pré-candidato do PSTU, Nando Poeta, que, inclusive, já escolheu a vice, uma chapa puro-sangue com Luciana Lima.

Favorito, João Campos tem impasse na vice

As pesquisas divulgadas até o momento apontam o prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Campos, com avaliação muito boa e com grande perspectiva de vitória. O céu de brigadeiro do gestor só encontra nuvens carregadas quando o assunto é o companheiro de chapa.

Desde o ano passado, o PT reivindica a vaga para a Federação que integra, junto com o PCdoB e PV, de olho na possibilidade de comandar a capital pernambucana a partir de 2026, quando o prefeito pode renunciar para disputar o Governo do Estado. Chegou a apresentar dois nomes, o do deputado federal Carlos Veras e do assessor especial do Ministério das Relações Institucionais e ex-vereador Mozart Sales, que, na última quinta-feira (27), foi confirmado como o indicado para a vaga.

O problema é que na reta final do prazo de filiação, o prefeito articulou a filiação do seu chefe de gabinete, amigo de infância e seu preferido para a vaga Victor Marques ao PCdoB. Queria garantir uma pessoa de confiança na disputa à reeleição e para substituí-lo no caso de renunciar para disputa o Governo do Estado.

O movimento não agradou ao PT. Em passagem pelo Recife na semana passada, a presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann, reforçou que o PT deseja a vice na chapa, coisa que nem mesmo os petistas acreditam mais. No entanto, ela acrescentou que, se não der, o importante é garantir um palanque para 2026, quando o presidente Lula disputará a reeleição.

Mas não é só o prefeito João Campos que enfrenta pendengas internas. A Federação PSOL/Rede também vive um embate sobre quem será o candidato, se a deputada estadual Dani Portela ou o deputado federal Túlio Gadêlha. A parlamentar, que tem maioria na federação, colocou seu nome, que foi aprovado. Inclusive, ela já marcou a data da sua convenção para o dia 20, o primeiro dia permitido por lei. Túlio recorreu à direção nacional e aguarda o resultado do recurso.

No campo da governadora Raquel Lyra, dois nomes irão para a disputa. O seu escolhido é o ex-secretário de Turismo Daniel Coelho (PSD), que deixou o cargo para entrar na campanha.

O outro nome é de um partido aliado de Raquel, mas nem tanto, pois constantemente traz problemas para a gestora na Assembleia Legislativa. O PL terá o ex-ministro de Turismo e sanfoneiro Gilson Machado, que defenderá o legado do bolsonarismo na eleição.

Ainda estão na disputa o pré-candidato do Novo, Técio Teles, e Simone Fontana, nome do PSTU.

Bruno Reis deve ser reeleito em Salvador

O atual prefeito Bruno Reis (União Brasil) tende a conquistar a reeleição em Salvador, conforme apontou a última pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas em 4 de junho.

No levantamento estimulado, ele aparece com 64% dos votos, enquanto o atual vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior (MDB), vem com 11%. Também na disputa, Kleber Rosa (PSOL) aparece com 3,8% das intenções de voto e Victor Marinho (PSTU), com 3,3%.

Se o cenário se confirmar, a disputa na capital baiana ficará entre o grupo político da família de Antônio Carlos Magalhães (União) e o PT, que atualmente governa o Estado com Jerônimo Rodrigues.

Bruno Reis deve contar com apoio de ACM Neto, que atualmente é vice-presidente nacional do União Brasil, além de partidos como PDT, PP, Republicanos, PL, Cidadania, Novo, DC e PRD, que compõem a base política do prefeito baiano.

Geraldo Júnior, vice-governador do estado, será o candidato do governo com apoio de caciques petistas do estado, como Jaques Wagner e o ministro Rui Costa.

Com boa aprovação, prefeito de São Luís buscará reeleição

Em São Luís, o atual prefeito Eduardo Braide (PSD) deve concorrer à reeleição. Ele vem de uma carreira política meteórica, tendo ocupado diversos postos na gestão municipal antes de iniciar sua trajetória eleitoral em 2010, com sua vitória como deputado estadual. Foi ainda deputado federal, entre 2019 e 2020, quando se elegeu prefeito da capital maranhense. Mesmo com boa possibilidade de reeleição e aprovação em pesquisas, seu arco de alianças conta apenas com MDB e Republicanos, algo visto como uma fragilidade por adversários.

O maior leque de partidos está aglutinado em torno do deputado federal Duarte Jr. (PSB), que será lançado candidato a prefeito tendo um nome do PT no posto de vice. A pré-campanha vem apostando no discurso de que é necessário juntar as forças progressistas na região depois de o ex-governador e ex-senador Flávio Dino, maior força política do estado nos últimos anos, ter saído de cena por ter sido indicado pelo presidente Lula (PT) como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cadeira que assumiu em fevereiro.

Com Duarte Jr. estão PCdoB, PV, Avante, PSDB, Cidadania, PRD, Podemos e PP. O entorno do governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), ainda vem defendendo o lançamento de uma via alternativa – o líder do Governo na Assembleia Legislativa, Neto Evangelista (União Brasil) – para ampliar o leque de concorrentes e forçar um segundo turno. Nos últimos dias, contudo, interlocutores da política local passaram a dar como certo que o deputado não será candidato.

No campo da esquerda, só não estão nessa aliança PDT, Solidariedade e PSTU. Os trabalhistas já lançaram o ex-vereador Fábio Câmara. Já o Solidariedade vai marchar com a presidente estadual do partido, Flávia Alves. O PSTU, por sua vez, indicou Saulo Arcangeli para ir às urnas. Já no espectro da direita, devem concorrer os deputados estaduais Wellington do Curso (Novo) e Yglésio Moyses (PRTB). Ainda não há indicação de quais nomes comporão essas chapas como candidatos a vice-prefeito ou vice-prefeita.

Prefeito de Teresina tem reeleição difícil

O prefeito de Teresina, João Pessoa Leal, conhecido como Dr. Pessoa (PRD), será candidato à reeleição, mas aparece com menos de 3% nas mais recentes pesquisas de intenção de voto e com reprovação em alta. Ele foi vereador por três mandatos até ser eleito gestor da capital piauiense em 2020. Não há uma definição sobre o posto de vice. PL, Avante, DC e Mobiliza (antigo PMN) apoiam o prefeito.

Com o prefeito enfrentando dificuldades para a reeleição, a disputa na cidade tende a ser polarizada entre o deputado estadual Fábio Novo (PT), que lidera as pesquisas, e o ex-prefeito Silvio Mendes (União Brasil). O petista é tido como um dos nomes de seu partido mais propensos a vencer em capitais nas próximas eleições, favorecido pela má avaliação do atual prefeito e pela popularidade do governador Rafael Fonteles (PT). Até o momento, tem o apoio dos outros partidos da federação com o PT (PCdoB e PV) e do PDT.

Já Silvio Mendes aglutinou o PP do senador Ciro Nogueira e aposta no eleitorado conservador, apesar de o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, marchar com o atual prefeito.

A capital do Piauí ainda deve ter como candidatos Tonny Kerley, do Novo, Geraldo Carvalho, do PSTU, Francinaldo Leão, do PSOL, e Santiago Belizário, da Unidade Popular (UP).

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