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Movimento de Raquel e reação pelo comando do PSDB

Filiação de Raquel Lyra para o PSD abriu disputa pelo comando do seu antigo partido, o PSDB, que pode passar para o comando de Álvaro Porto
A governadora Raquel Lyra afirmou que no PSD encontrou a acolhida necessária para chegar e somar com o partido Foto: Reprodução do Instagram
A governadora Raquel Lyra se filiou ao PSD em busca de um partido com estrutura e que fizesse parte da base do presidente Lula Foto: Reprodução do Instagram

A noite do dia 10 de março passado estava perfeita. Após um dia intenso de agendas, a governadora Raquel Lyra estava radiante diante de um Recife Expocenter lotado para acompanhar a sua filiação ao PSD. Era o ápice de meses de negociação, de idas e vindas, de cálculos de prós e contra, para que a governadora definisse o rumo partidário para a campanha à reeleição. A prioridade era ir para um partido que fizesse parte da base do presidente Lula, com musculatura e estruturas suficientes para dar suporte na campanha, coisa que o PSDB não conseguiria.

Por outro lado, para manter o controle do partido tucano, Raquel articulou a filiação da vice Priscila Krause à legenda. Tudo equalizador, tudo dentro do script. Mas, diferente da ciência, a matemática da política não é exata. E o resultado final sobre o controle do PSDB pode não ser o que a governadora calculou.

Em 25 de fevereiro passado, uma terça-feira, dois dias antes da abertura do Carnaval, o assunto em Pernambuco não era a folia de Momo, mas sim a informação de que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, havia começado a distribuir os convites da filiação da governadora Raquel Lyra ao PSD. A notícia pegou de surpresa, inclusive, integrantes do Palácio do Campo das Princesas, que desconheciam a informação. Isso porque, momentos antes havia sido batido o martelo de que o ato seria no dia 10. Até então, a data proposta era o dia 12 de março, mas foi alterada pelo fato, por se no meio de semana, dificultaria a vinda de deputados e senadores para o ato. 

Quando recebeu o “ok” para o dia 10 de março, o presidente do PSD tratou de pegar pela palavra e começou a distribuir os convites para a filiação. A governadora não negou, nem poderia negar, o que já vinha sendo especulado desde o ano passado. Inclusive, aliados defendiam que ela trocasse de partido ainda no final do ano passado. Isso mostraria o norte dela nas eleições de 2026 e diluiria o efeito da troca com as festas de final de ano e do Carnaval. Ou seja, não daria start à quadra eleitoral, o que poderia ocorrer, e já começou a acontecer, se fosse feito após o Carnaval.

A saida de Raquel e a posição de Álvaro

Um dia depois de a notícia da filiação de Raquel vir a público, o presidente da Assembleia Legislativa (Alepe), Álvaro Porto, divulgou uma curta nota sobre o comando do PSDB em Pernambuco. Era uma resposta aos rumores de que ele assumiria o controle da sigla tucana no Estado. Porto afirma ser independente em relação ao Governo, mas é aliado do prefeito do Recife, João Campos, virtual adversário da governadora na disputa de outubro do próximo ano.

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“Instado a falar sobre a saída da governadora Raquel Lyra do PSDB, a anunciada filiação da gestora ao PSD e também a respeito do especulado interesse da direção nacional da legenda tucana em tê-lo no comando regional da sigla, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), informa que, caso seja necessário, se pronunciará no momento devido. O parlamentar ressalta ainda que permanece como mero espectador da cena política”, destacou Porto, no dia 26 de fevereiro, demonstrando que de “mero espectador” não tem nada.

A saída de Raquel, da forma que se deu, teria desagradado a cúpula nacional tucana. Se de um lado a governadora questionava o espaço que a sigla estava lhe dando, nos bastidores, líderes do PSDB afirmavam que a legenda deu total apoio nas eleições. E dizem que a prova disso é que o partido passou de 5 para 32 prefeituras nas eleições de outubro passado.

A vice-governadora Priscila Krause trocou o Cidadania pelo PSDB, partido que a governadora Raquel Lyra está deixando Foto: Divulgação
A vice-governadora Priscila Krause trocou o Cidadania pelo PSDB, sigla que a governadora deixou Foto: Divulgação

Filiação de Priscila ao PSDB

Na tentativa de manter o controle do partido, Raquel articulou a ida da vice-governadora, Priscila Krause para o partido. Mas manteve Fred Loyo na presidência, pelo fato de a instância ser diretório estabelecido, com estabilidade dos cargos eleitos. Desta forma, a destituição tem um processo interno mais desgastante para o partido.

Mas o “mero espectador da cena política” pernambucana Álvaro Porto voltou à cena três dias depois da filiação de Priscila ao PSDB e dois dias do ingresso de Raquel no PSD. Convidado, ele se reuniu-se em Brasília,  no dia 12 de março, com integrantes da direção nacional para “tratar do futuro do partido em Pernambuco”. 

“A reunião foi muito proveitosa e as conversas vão continuar avançando”, disse o presidente da Alepe, que esteve com o deputado federal Aécio Neves, presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação política da sigla; Paulo Abi-Ackel, secretário-geral do PSDB; o deputado federal Adolfo Viana, líder do partido na Câmara; e Bruno Araújo, ex-deputado federal, ex-ministro e ex-presidente nacional da legenda.

Álvaro Porto se reuniu com lideranças do PSDB e afirmou que o encontro foi “muito proveitoso” Foto: Divulgação

Bruno e Álvaro fizeram dobradinha eleitoral no passado, quando ambos disputaram mandatos de deputado federal e estadual, respectivamente. Inclusive no principal reduto de Porto, Canhotinho, município comandado pelo grupo do presidente da Alepe há mais de 20 anos e do qual ele não sai com menos de 65% dos votos. Ou seja, uma parceria forte e antiga.

O interessante nesta história de disputa pelo PSDB é que Álvaro Porto já dava como certa a saída da sigla para disputar o mandato em 2026. Tanto que grande parte do seu grupo encontrou abrigo no Republicanos, do ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho. 

PSDB trata da fusão com o Podemos

Mas com o movimento da governadora, o deputado encontrou o espaço necessário para buscar o comando da sigla. E a situação pode ficar ainda pior para Raquel. Isso porque o PSDB está tratando de uma fusão com o Podemos, partido comandado em Pernambuco por Marcelo Gouveia, presidente da Amupe e aliado da gestora. No caso de a fusão ser confirmada, Álvaro continuaria a controlar a legenda no Estado, levando a governadora a perder dois partidos em sua base.

Até as eleições, muitos outros lances vão ocorrer, mas a verdade é que a disputa eleitoral foi antecipada. Daqui até outubro de 2026, cada ação de um lado levará a uma reação do outro, numa marcação cerrada, apontando a próxima disputa pelo Governo do Estado uma das mais movimentadas dos últimos tempos.

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