Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Eleições: prazo para saída de secretários esquenta a política no NE

Levantamento do portal Movimento Econômico aponta mais de 50 mudanças no primeiro escalão de estados e capitais do Nordeste devido à proximidade das eleições
eleições, urna eletrônica
Secretários que disputarão cargos de prefeito e vice-prefeito nas eleições precisam se desincompatibilizar esta semana. Foto: Antônio Augusto/TSE

Junho começa prometendo contornos mais decisivos ao panorama das eleições. É que a próxima quinta-feira (6), dia que marca os quatro meses de contagem regressiva para o pleito de outubro, é o último prazo de desincompatibilização para quem está em cargos como o de ministro ou secretário de governos estaduais e municipais. A data vale para pré-candidatos a prefeito e vice-prefeito. Para postulantes às câmaras municipais, o limite foi 6 de abril, seis meses antes das eleições. Levantamento do portal Movimento Econômico aponta mais de 50 baixas no primeiro escalão de estados e capitais do Nordeste, do início do ano até agora, por conta da proximidade do período eleitoral.

A data é importante porque, onde ainda há mistério sobre quem sai ou não candidato, não haverá mais como adiar a decisão. Quem permanecer no cargo após quinta-feira já estará dando o recado de que não terá o nome nas urnas. Na Paraíba, por exemplo, pairam dúvidas sobre a saída de Rosália Lucas (PSD), secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo do governo de João Azevêdo (PSB). Ela deve concorrer à Prefeitura de Campina Grande, mas ainda se fala na possibilidade da indicação de outro membro de seu partido para a missão.

Já na gestão do prefeito Cícero Lucena (PP) em João Pessoa, secretários como Fabio Carneiro (PSD) e João Almeida (PDT) deixaram os cargos há dois meses como pré-candidatos a vereadores.

Outro estado onde o jogo segue guardado até o último minuto é Alagoas. Não propriamente na gestão do governador Paulo Dantas (MDB) – que, em abril, perdeu o secretário de Infraestrutura, Rui Palmeira (PSD), ex-prefeito de Maceió, que vai concorrer ao cargo de vereador –, mas, sim, na definição de quem será o vice do prefeito João Henrique Caldas (PL) em sua campanha à reeleição em Maceió.

O mais cotado é Davi Davino Filho (PP), secretário municipal de Relações Federativas, por indicação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Contudo, corre por fora o senador Rodrigo Cunha (Podemos), que, se eleito vice-prefeito em outubro, abrirá vaga para Eudócia Caldas, mãe de JHC. Para isso, contudo, o prefeito teria que romper um acordo com Lira. A gestão municipal também pode ter as baixas de Luís Romero Farias (PP), secretário de Saúde, e de Jó Pereira, da Educação.

- Publicidade -
Salvador/Bahia
Disputa pela Prefeitura de Salvador terá embate entre o grupo do governador e o do atual prefeito. Foto: Pixabay

Jogo complexo onde não há aliança entre chefe do estado e da capital

Onde não há alinhamento partidário entre quem governa o estado e a capital, as costuras da pré-campanha são ainda mais complexas. Na Bahia, por exemplo, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) vai disputar a Prefeitura de Salvador. Ele não precisará deixar o cargo para se lançar no pleito, mas deve gerar um desfalque na equipe do governador Jerônimo Rodrigues (PT) com a saída da secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Fabya Reis (PT), cotada para ser a vice.

Nas urnas, Geraldo Júnior vai enfrentar o atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil), ligado ao ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), que rivalizou com Jerônimo Rodrigues nas eleições de 2022. Reis deve concorrer à reeleição compondo novamente com a atual vice-prefeita, Ana Paula Matos (PDT), que acumula a função de secretária de Saúde e terá que deixar a pasta esta semana.

Em abril, a Prefeitura de Salvador já havia perdido os secretários de Infraestrutura e Obras, Luiz Carlos (Republicanos), e de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marcelle Moraes (União Brasil), que retornaram à Câmara Municipal. Na equipe estadual, ainda houve as saídas da secretária de Educação, Adélia Pinheiro (PT), pré-candidata à Prefeitura de Ilhéus, e do secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), cotado para a Prefeitura de Camaçari.

Saída de pré-candidatos cria ambiente para reforma administrativa

No Ceará, o governador Elmano de Freitas (PT) aproveitou a saída de pré-candidatos para fazer uma reforma administrativa que abrangeu oito secretarias, sendo a principal delas a de Segurança Pública e Defesa Social, que vinha apresentando maus resultados.

Em decorrência das eleições, o desfalque ficou por conta da desincompatibilização de Luisa Cela (PSB), que estava na Cultura. Ela pode ser vice na chapa do pré-candidato a prefeito de Fortaleza Evandro Leitão (PT), presidente da Assembleia Legislativa. Luisa é filha da ex-governadora Isolda Cela (PSB), que também se desvinculou recentemente da Secretaria Executiva do Ministério da Educação para disputar a Prefeitura de Sobral. Outra baixa no secretariado estadual foi a de Quintino Vieira, que deve atuar na campanha do grupo em outubro.

Ceará, Fortaleza, G20
Ex-membros do Governo do Ceará devem participar da disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Foto: EBC/Divulgação

Já no governo do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), as mudanças se deram pelas exonerações de Dalila Saldanha (PDT), ex-secretária de Educação, e Marcel Colares (PDT), ex-secretário da Regional 6, que tentarão vagas de vereadores, e pelo retorno de Elpídio Nogueira (PDT, ex-secretário de Cultura) e Fábio Rúbens (PDT, ex-Regional 8) à Câmara Municipal.

Aliado dos pedetistas na capital, o PSDB também teve nomes na lista. Ozires Pontes deixou a pasta de Esporte e Lazer e é pré-candidato a prefeito de Massapê, e Kamyla Castro, presidente municipal do partido e ex-secretária da Regional 1, tentará ser vereadora.

Expectativa por definições acirra os ânimos até entre aliados

Com um governo formado majoritariamente por técnicos, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), quase não terá baixas no primeiro escalão em decorrência da proximidade das eleições de 2024. O único caso é o do secretário de Turismo e Lazer, Daniel Coelho (PSD), que será o candidato do Palácio do Campo das Princesas à Prefeitura do Recife. Ele enfrentará o atual prefeito, João Campos (PSB), líder do partido que, em vários municípios pernambucanos, viverá o primeiro embate com o conjunto político da governadora após as eleições de 2022, que encerraram um ciclo de 16 anos de governos socialistas no estado.

Apesar disso, há desafios também entre aliados. O PT, que tem duas secretarias na gestão municipal, indicou para ser vice o deputado federal Carlos Veras e o assessor especial do Ministério das Relações Institucionais, Mozart Sales, que terá que deixar o cargo esta semana para seguir no pleito. A disputa petista chegou a contar com prévias internas no partido.

Três secretários municipais, porém, também são cotados: Marília Dantas (MDB), de Infraestrutura, Felipe Matos (Republicanos), de Planejamento, e Maíra Fischer (União Brasil), de Finanças, além de Victor Marques (PCdoB), chefe de gabinete de Campos. Se alguns ou todos eles deixarem seus cargos, ficará confirmado que estão no páreo, elevando as tensões com algumas alas do PT, a exemplo da do deputado estadual João Paulo, ex-prefeito do Recife, que tem feito declarações críticas sobre o assunto.

Palácio das Princesas e Prefeitura do Recife
PSDB, no Governo de Pernambuco, e PSB, na Prefeitura do Recife, terão confronto eleitoral em vários municípios. Fotos: Hélia Scheppa/Arquivo/SEI-PE e Irandi Souza/PCR

Em abril, a capital pernambucana já havia perdido outros três secretários, que são vereadores e retornaram à Câmara Municipal: Carlos Muniz (PSB), de Política Urbana e Licenciamento, Rodrigo Coutinho (Republicanos), de Esportes, e Andreza Romero (PSB), executiva dos Direitos dos Animais.

Outro caso emblemático é o de Olinda, no Grande Recife. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), que é ex-prefeita da cidade, é lembrada como possível candidata a um novo mandato, mas tem evitado cravar sua decisão, que não poderá mais ser adiada. Se permanecer no cargo que tem no Governo Federal após quinta-feira, dará a senha para que o PSB aposte de vez na deputada estadual Gleide Ângelo, que tem feito uma pré-campanha discreta à espera de uma definição.

Eleições: outros estados devem ter menos baixas no secretariado

No Maranhão, ainda em abril, deixaram os cargos Tatiane Pereira (PSB), então secretária da Juventude, para disputar uma vaga de vereadora, e a deputada Ana do Gás (PCdoB), que era secretária de Assuntos Legislativos da gestão do governador Carlos Brandão (PSB) e é pré-candidata a prefeita de Santo Antônio dos Lopes.

Já na Prefeitura de São Luís, houve a exoneração de Joel Nunes Jr. (PSD), secretário de Saúde, que deve tentar uma vaga na Câmara pelo mesmo partido do prefeito Eduardo Braide.

No Governo do Piauí, o deputado estadual Pablo Santos (MDB) se desincompatibilizou do cargo de secretário de Turismo ainda em fevereiro para disputar a Prefeitura de Picos, terceira maior cidade do estado. O governador Rafael Fonteles (PT) também precisou fazer exonerações em diretorias de órgãos.

Na Prefeitura de Teresina, mais desfalques. Vani Queiroz deixou a Superintendência de Ações Administrativas Descentralizadas para compor, como candidata a vice-prefeita, a chapa à reeleição de Dr. Pessoa (PRD), prefeito da capital. Já Karla Berger (DC), ex-secretária de Políticas para Mulheres, será candidata a vereadora.

No Rio Grande do Norte, há a expectativa da exoneração da secretária de Planejamento de Natal, Joanna Guerra (Republicanos), cotada como vice do prefeiturável Paulinho Freire (União Brasil). Há dois meses, já haviam saído da gestão do prefeito Álvaro Dias (Republicanos) os secretários George Antunes (Saúde) e Irapuã Nóbrega (Serviços Urbanos), ambos do Republicanos e pré-candidatos a vereadores.

Em Sergipe, onde há alinhamento entre o governador Fábio Mitidieri (PSD) e o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), o grupo deve lançar como candidato a prefeito da capital o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Luiz Roberto (PDT), que deixou a função no início de maio.

Leia também: Na Alepe, pauta econômica gerou 7 embates em 15 meses

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -