Já mencionei em outras oportunidades, e sempre que possível, com o intuito de ampliar nossos horizontes internacionais de forma mais rápida e efetiva: o Brasil, infelizmente, não possui uma cultura de internacionalização, e Pernambuco não é exceção. Em geral, não faz parte das nossas possibilidades diárias analisar os mercados internacionais; é como se estivéssemos pensando num mundo novo e distante, para alguns inalcançáveis, eu diria.
Diante desse olhar restrito para oportunidades internacionais, nos surpreendemos alguns movimentos que aconteceram nos últimos meses, de forma estrutural e com uma potencialidade incrível de sucesso. Gostaria de destacar pelo menos três casos importantes que estão em pleno processo de execução: o movimento de internacionalização do Porto Digital Europa, tendo como porta de entrada Portugal; o lançamento do primeiro edital do programa Global PE; e toda a construção que vem sendo feita pela Prefeitura da Cidade do Recife para apoiar e criar uma trilha de formação para startups recifenses se internacionalizarem.
O Porto Digital Europa escolheu a cidade de Aveiro, em Portugal, para estabelecer a sua sede no continente europeu. Um projeto importante para que 10 empresas, escolhidas em um processo de seleção aberto, possam se iniciar neste desafio de explorar novas fronteiras, de se mostrarem e entenderem um pouco mais sobre culturas e oportunidades não nacionais. Há quem critique a escolha de Portugal, mas não há quem discuta em relação à importância do Web Summit Lisboa e ao facto de que o “feito” é melhor que o “perfeito”. Talvez as conexões já existentes com a cidade e o país, a proximidade linguística e até o tempo de permanência sejam, de fato, fatores muito cruciais nesta escolha. O ponto a destacar é que fomos além-mar e devemos dar nossos parabéns!
Como mais um excelente processo de internacionalização, tivemos o lançamento do Global PE, com parceria extraordinária do Consulado Britânico, dando todo apoio na trilha de preparação, superestruturada e robusta, para mais 10 startups pernambucanas se capacitarem e irem numa missão internacional no final deste semestre para o Reino Unido, visitando cidades reconhecidas por suas vidas de inovação: Londres, Birmingham e Manchester. Essa missão culminará com a participação da comunidade na London Tech Week! Oportunidade única de imersão na cultura inglesa e internacional. E este foi apenas um primeiro projeto, pois já está em andamento outros com mais consulados sedados em Pernambuco.
Por fim, e não menos importante, destaco um trabalho que tem sido feito pela Prefeitura da Cidade do Recife, pelos já conhecidos “Transformers”, para buscar e criar oportunidades de internacionalização para startups recifenses, com contatos feitos com mais de cinco países.
Este trabalho tem como meta criar uma trilha de internacionalização aberta para as startups, culminando com a internacionalização de uma primeira, como um primeiro caso de sucesso. E daí, crie um fluxo contínuo de mais outras. E apenas para deixar claro: quando falo de internacionalizar, não é apenas buscar mercados, mas também buscar financiamento estrangeiro.
Soluções made in Pernambuco
O ponto principal aqui é tentar mostrar as soluções recifenses ou pernambucanas para o mundo, ampliando seus mercados e difundindo nossa tão comentada capacidade tecnológica local. Estes três projetos estão em pleno processo de execução. São projetos fantásticos e que mostram como conseguimos incluir a pauta internacional no dia-a-dia do nosso mercado pulsante de inovação. Ainda falta muito para conquistar, mas os primeiros passos estão sendo dados! Vamos acompanhar as próximas novidades. Sucesso demais a todos os projetos!
*Gustavo Delgado é Consultor de Comércio Exterior e Internacionalização de Empresas, Diretor de OCCA, Diretor de Inovação da ABDAEX, Coordenador de MBA em Comércio Exterior, Coordenador dos cursos de Gestão da UNIFBV e Mestre em Economia.
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