Private equity: Explorando novas fontes de investimento no NE

O Private Equity (PE) foca em empresas de porte médio a grande, que já possuem um faturamento significativo, mas ainda não estão listadas na bolsa de valores
Pedro Menezes de Carvalho
Pedro Menezes de Carvalho é advogado e professor de Direito Econômico

Por Pedro de Menezes Carvalho*

Investir em participação, por meio de Private Equity e Venture Capital, representa uma estratégia fundamental para o desenvolvimento e expansão de empresas. Esses investimentos são geralmente viabilizados por fundos de participação (FIPs / FMIEEs), que, alinhados com suas teses de investimentos, adquirem quotas em empresas, proporcionando não apenas capital financeiro, mas também parcerias estratégicas.

Ao contrário dos empréstimos bancários tradicionais, o capital em participação oferece uma parceria onde o risco do negócio é compartilhado entre gestores de fundos de investimento e empreendedores. Essa abordagem não só fornece recursos financeiros, mas também inclui o suporte de uma rede de relacionamentos com outras empresas, fornecedores e compradores. Esse suporte é vital para fortalecer a governança corporativa e aumentar a eficiência da gestão empresarial.

Em 2023, o Brasil viu uma significativa queda nos investimentos de venture capital, com uma retração de 57% no volume financeiro e 69% no número de operações em comparação a 2022, de acordo com dados da Abvcap em parceria com a TTR Data. Esse declínio reflete um cenário global de maior seletividade e rigor nos aportes, influenciado pela conjuntura econômica de juros elevados e incertezas macroeconômicas. O total de transações de venture capital caiu para R$ 7,4 bilhões, um contraste notável em relação aos R$ 17,5 bilhões registrados no ano anterior.

Por outro lado, os investimentos em private equity no Brasil registraram um crescimento de 19% em 2023, alcançando R$ 22,7 bilhões, o primeiro aumento desde 2020. Este desempenho positivo pode ser atribuído ao perfil mais conservador dos investidores de private equity, que focam em empresas maduras e com fluxo de caixa consistente, características que tornam esses empreendimentos menos vulneráveis às flutuações econômicas. Além disso, a aquisição de controle ou participação significativa nas empresas-alvo, geralmente de médio porte, se mostrou uma estratégia eficiente em um ambiente econômico desafiador.

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Essas dinâmicas destacam como, ao contrário dos empréstimos bancários tradicionais, o capital em participação oferece uma parceria onde o risco do negócio é compartilhado entre gestores de fundos de investimento e empreendedores. Essa abordagem não só fornece recursos financeiros, mas também inclui o suporte de uma rede de relacionamentos com outras empresas, fornecedores e compradores. Esse suporte é vital para fortalecer a governança corporativa e aumentar a eficiência da gestão empresarial.

Para que esse modelo funcione, é necessário um ecossistema robusto, composto por diversos atores. De um lado, temos os gestores de fundos (GPs), que administram os recursos captados de terceiros, os chamados LPs (limited partners), incluindo fundos de pensão, family offices, agências de fomento e investidores qualificados. Do outro lado, estão os empreendedores, cujas empresas estão em diferentes estágios de maturidade e que buscam capital e experiência para garantir seu crescimento.

Esses investimentos apoiam empresas em variados estágios de desenvolvimento: a) Seed Capital: focado na estruturação inicial de empresas; b) Venture Capital: Voltado para a expansão de negócios com crescimento acelerado e c)Private Equity: Destinado a empresas bem estabelecidas, visando abertura de capital, fusões ou aquisições estratégicas.

O Venture Capital (VC) é direcionado a empresas de pequeno a médio porte, com alto potencial de crescimento, mas que ainda são novas e possuem baixo faturamento. Esse tipo de investimento não só fornece capital, mas também influencia diretamente na gestão e no desenvolvimento do negócio, criando valor para uma futura venda de participação ou abertura de capital.

Os investimentos em VC são comuns em startups com modelos de negócios escaláveis, e ocorrem em rodadas sucessivas (Seed, Series A, B, C, etc.), de acordo com a maturidade da empresa. Além de recursos financeiros, o VC oferece mentoria, capacitação e acesso a uma rede de clientes e parceiros. Geralmente, esses investidores buscam empresas em setores inovadores como tecnologia, saúde, educação e finanças.

O Private Equity (PE) foca em empresas de porte médio a grande, que já possuem um faturamento significativo, mas ainda não estão listadas na bolsa de valores. Os investimentos em PE visam adquirir uma participação substancial ou o controle acionário da empresa, com o objetivo de melhorar sua performance operacional e financeira, preparando-a para uma futura abertura de capital ou venda estratégica.

Os investidores de PE participam ativamente da gestão, implementando melhorias nos processos, governança e estratégias organizacionais. Esses investimentos são comuns em setores tradicionais como indústria, varejo e serviços.

A principal distinção entre VC e PE está no perfil das empresas alvo: o Venture Capital olha para Empresas jovens e inovadoras, com alto risco e potencial de recompensa, por sua vez, o Private Equity é direcionado para Empresas maduras e consolidadas, com menor risco e retorno mais previsível.

Além disso, os valores e prazos dos investimentos também diferem, para o Venture Capital os aportes menores, participações minoritárias, e prazos de retorno mais longos, já o Private Equity prevêportes maiores, participações majoritárias, e prazos de retorno mais curtos.

Antes de optar por qualquer modalidade de investimento, é crucial entender os termos e condições, avaliando as obrigações em relação ao investidor e o prazo de retorno esperado. Verificar a reputação e a experiência do investidor também é fundamental.

A estrutura de governança é outro aspecto importante: enquanto o PE pode exigir uma governança mais rígida, o VC tende a permitir maior autonomia. Além disso, o PE é especialmente relevante em mercados emergentes, onde o acesso a capital é limitado, proporcionando oportunidades de crescimento e expansão que contribuem para a economia local e a criação de empregos.

Por outro lado, o VC é uma força motriz no setor de tecnologia, financiando startups inovadoras e promovendo o desenvolvimento de novas tecnologias. Exemplos como a Apple ilustram o sucesso impulsionado por esse tipo de investimento.

Portanto, tanto o Private Equity quanto o Venture Capital são motores de crescimento empresarial, oferecendo recursos financeiros e expertise diferenciados. A escolha entre eles depende dos objetivos e necessidades específicas de cada empresa. Para empresários do Nordeste, explorar essas opções pode abrir novos caminhos para a expansão e consolidação de seus negócios.

Para 2024, as perspectivas são otimistas, com a expectativa de uma recuperação gradual no cenário de venture capital, impulsionada pela possível queda nas taxas de juros e um ambiente de negócios mais estável. O mercado de private equity deve continuar sua trajetória de crescimento, beneficiando-se de uma maior maturidade e consolidação no Brasil.

A previsão de um aumento global de 18% nas transações de PE e VC sugere um panorama mais favorável, embora a seletividade e o rigor nos investimentos devam permanecer elevados, exigindo que empresas e gestores continuem a demonstrar sólidos resultados e adaptabilidade. Explorar essas opções pode abrir novos caminhos para a expansão e consolidação dos negócios, especialmente para empresários do Nordeste que buscam alternativas robustas de financiamento e crescimento.


[1] Advogado e Professor Universitário com mestrado em Direito pela UFPE. Especializado em Contratos pela Harvard University e em Negociação pela University of Michigan. Possui certificações em Sustentabilidade, Governança e Compliance pela Fundação Getúlio Vargas. Além disso, detém um MBA em Direito Marítimo pela Maritime Law Academy. Atua como advogado nas áreas de Regulação, Infraestrutura, Energia e operações financeiras. Destaca-se por sua vasta experiência como docente, ministrando aulas em instituições de prestígio como UNICAP, IBMEC e PUCMinas.

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