*Por Luiz Teixeira
Não faz muito tempo, parecia distante para diretores e empresários ter acesso ao sistema da empresa remotamente por meio dos mais diversos aparelhos. No entanto, após o mercado ter enfrentado um cenário tão adverso para os negócios quanto uma crise sanitária e de saúde global, hoje, poder acessar arquivos, softwares, dados e outras informações do smartphone, notebook e desktop é uma realidade em todo o mundo.
Se por um lado a transformação digital precisou ser acelerada e, cada vez mais, os gestores de grandes a pequenas empresas estão compreendendo que a solução para atender às novas demandas e manter a produtividade à distância é a cloud, por outro, pesquisa recente contratada pela Dell Technologies a Forrester Consulting e, nomeada de Data Paradox, demonstra que somente 20% dos empresários brasileiros aderiram a esse modelo de serviço de Tecnologia da Informação (TI), nos últimos 18 meses.
Mas, em contrapartida, 68% das organizações afirmaram acreditar que a cloud permite que as operações sejam mais ágeis, atendendo de forma dinâmica e flexível. Entre esses dois resultados apontados, a questão que fica é, onde estão sendo armazenados os dados?
A Data Paradox levou essa pergunta aos mais de 4mil entrevistados de 45 países, incluindo o Brasil. E, entre as respostas geradas em maio de 2021, 58% das empresas declararam armazenar a maior parte dos seus dados em data centers próprios, não utilizando a cloud.
Entre as justificativas para uma resistência tão grande a uma ferramenta bem avaliada e que só traz benefícios relacionados a segurança e alta de demanda, está no próximo indicador sobre o que os tomadores de decisão têm pensado em relação a trabalhar com dados.
Segundo a pesquisa, 71% das organizações pontuaram que a diretoria não apoia ou não se posiciona a favor da análise de dados. No Brasil, 63% ainda considera os dados uma sobrecarga às equipes, não atendendo aos requisitos de segurança e conformidade.
Já as informações divulgadas pelo diretor sênior, Henrique Cecci, da consultoria de TI, Gartner, relatou, neste mês de agosto, o que pode ser mais um motivo para atrasar a ampla evolução da cloud no Brasil. De acordo com Cecci, o custo desse serviço ainda é 78% maior do que no Estados Unidos.
Enfim, as pesquisas têm mostrado como a cultura e o fator humano são decisivos para a transformação digital, mas o alto custo também tem sido uma questão que impede os múltiplos benefícios da nuvem impulsionar o crescimento das empresas.
Precisamos refletir sobre quais barreiras insistem em dificultar a atualização das empresas e os desafios que precisamos enfrentar para colocar a inovação, à frente da tradição e dos costumes que têm nos deixado para trás na corrida do desenvolvimento tecnológico e econômico.
Encurtar a distância entre a opinião positiva relacionada a cloud e a efetiva adesão das instituições a esse serviço, sem aguardar que uma nova crise obrigue os gestores e empresários a recorrerem a essa solução, é a chave para evitarmos grandes paralisações do mercado e recepcionar os avanços da chegada do 5G.
*Luiz Teixeira é Diretor Comercial da Megatelecom. empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações.
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