Por Fabiana Lima*
Essa semana, Simone Biles, ginasta americana e maior destaque da competição na modalidade, desistiu de disputar a final individual geral da ginástica artística nas Olimpíadas de Tóquio 2020. A atleta tem 24 anos, e era favorita ao ouro, mas justificou ao desistir que precisava preservar sua saúde mental.
Esse fato traz reflexões importantes para vida profissional, pois o mercado de trabalho incentiva e referenda a execução, o alto desempenho, o “fazer” antes do “ser”.
“É preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou”. Brené Brown
Esta frase está em uma das cinco TED Talks mais vistas no mundo inteiro, onde Brené Brown fala sobre o poder de ser e de se mostrar vulnerável. Ela estudou as últimas duas décadas sobre coragem, vulnerabilidade, vergonha e empatia e é autora de cinco best-sellers do New York Times. Para ela “vulnerabilidade é basicamente incerteza, risco e exposição emocional”.
Por que será que esse tema tem um grande interesse por pessoas do mundo inteiro? Por que será que vencer é tão bonito e bem aceito, mas preservar sua saúde mental traz tantos questionamentos?
A vida está indo numa direção onde as pessoas precisam investir tempo e qualquer outro recurso em entender, primeiramente, quem você é verdadeiramente, o que faz bem, e o que lhe fará feliz, mesmo parecendo clichê, a maioria das pessoas não sabem, e por isso, é tão difícil ter sucesso fora dos padrões do que é “sucesso” ligado, principalmente, a ascensão financeira. Muitas pessoas vivem uma felicidade fora dos padrões do “sucesso” que outras pessoas não entendem, pois estão presas a velhos padrões aceitos pela sociedade.
Vivemos em uma sociedade que ainda tem muito que evoluir sobre aceitar o poder da vulnerabilidade, as pessoas precisam estar dispostas a se exporem, quando necessário, sem medo de serem julgadas, pelo simples fato de mostrarem quem são. É preciso coragem para ser quem você é e não quem os outros querem que você seja.
E, por isso, tornou-se comum ver profissionais presos e sofrendo por situações como acúmulo de atividades, excesso de responsabilidades, metas inatingíveis, alto nível de exigência ou pressão exagerada, além da alta demanda de trabalho, tudo isso leva os profissionais a desenvolverem doenças como a Síndrome de Burnout, que se trata de um quadro psicológico associado a percepção de exaustão no trabalho. Nesses casos a pessoa não consegue enxergar novas possibilidades de trilhar outros caminhos e permanece se autopunindo em busca de um sucesso padronizado, por exemplo.
Para que você encare a sua realidade e busque o seu conceito, pessoal e intransferível de sucesso, é preciso autoconhecimento, autocrítica, e exercitar a vulnerabilidade para ir em busca de melhorias que levem em consideração as suas prioridades pessoais e profissionais.
O que se percebe, cada dia mais, é que, mesmo não sendo trabalhada nos ambientes corporativos, a vulnerabilidade está intrinsicamente ligada aos ambientes que você vive e ao conhecimento pessoal dos limites, habilidades, competências, emoções etc. O autocuidado demonstra ser motor fundamental para evolução das pessoas em áreas como relacionamento interpessoal e carreira.
Por isso, estar atento a sua saúde mental e da sua equipe, caso esteja exercendo um cargo de liderança, é de suma importância no desenvolvimento sustentável de equipes e organizações. Nesse contexto utilizar a inteligência emocional, ou seja, possuir habilidade de perceber e lidar com as emoções no ambiente profissional, é de fato um grande aliado, pois favorece o estabelecimento de relações saudáveis, o reconhecimento do que incomoda, lhe estressa e só cuidamos ou melhoramos o que conhecemos. Cuide-se e evolua!
*Fabiana Lima é Consultora & Estrategista em Posicionamento Profissional e Gestão de Negócios há mais de 20 anos e idealizadora do Método PlanActing – Planejamento e Ação Gerando Resultados. Instagram e Linkedin @fabianadeolima.
