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Valéria Saturnino: Educação Financeira no Brasil: temos avançado?

O Rio Grande Sul decidiu de forma favorável pelo projeto de lei que obriga a adição de educação financeira em propostas pedagógicas de escolas públicas e privadas.
Valéria Saturnino
Valéria Saturnino

O Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF) promove na próxima semana (12 a 18 de dezembro de 2022) a 9ª Edição da Semana Nacional de Educação Financeira, a qual acontece anualmente desde 2014 e tem a finalidade de promover ações de educação financeira no país.

O tema central deste ano é Resiliência Financeira, em que consiste nas pessoas terem força e foco para se reerguerem após uma crise financeira, de falta de dinheiro, endividamento e outras questões. A Semana ENEF tanto é composta por eventos realizados pelos próprios organizadores como por ações realizadas por pessoas, universidades e empresas de forma independente e que podem ser registradas no site do evento (https://www.gov.br/semanaenef/pt-br).

A Semana ENEF faz parte de um conjunto maior de ações que englobam o corpo da política pública da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), lançada pelo Decreto nº 7.397 do governo federal em 2010 e que agora em dezembro está completando doze anos. Além do evento mencionado, a ENEF enquanto política pública busca a implantação da temática de educação financeira na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), ainda que a passos lentos, bem como traz como incentivo à divulgação da temática o Selo ENEF, que chancela o reconhecimento de ações de educação financeira independentes em todo o Brasil.

Em termos de implantação da temática nas escolas, desde o lançamento da ENEF que algumas ações foram realizadas, como projetos piloto, elaboração de materiais didáticos e a sugestão de que a educação financeira seja tratada de forma transversal nas disciplinas escolares.

Recentemente, em junho de 2022, o Rio Grande Sul decidiu de forma favorável pelo projeto de lei que obriga a adição de educação financeira em propostas pedagógicas de escolas públicas e privadas, do ensino fundamental e médio do Estado, mas com muitas polêmicas inclusive durante a votação, no qual foi mencionado que o problema das pessoas é a falta de dinheiro, e não a administração deste.

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Esta é só mais uma visão equivocada acerca da Educação Financeira, o qual muitos pensam que se trata de uma temática voltada a reservas financeiras, investimentos e a “como ficar rico”. Como diz a orientadora financeira Nathália Rodrigues, “Educação financeira ajuda a população de baixa renda a não cair nas armadilhas, principalmente com os grandes bancos. Educação financeira não é para se conformar com o sistema, e sim questioná-lo”.

Aparentemente os doze anos de política pública na área de educação financeira não tem demonstrado resultados relevantes. De acordo com a pesquisa da CNC, em novembro de 2022 cerca 78,9% das famílias brasileiras estão endividadas. Além disso, cerca de 30,3% estão com dívidas em atraso e 10,9% das famílias não sabem como vão pagar suas contas no próximo mês.

Acredito firmemente que ações isoladas e sistematizadas na área de educação financeira não são suficientes para uma mudança significativa nesta área no Brasil. Apenas uma ação integrada à educação básica é capaz de permear toda a camada populacional, sendo que traz frutos apenas no médio a longo prazo, e a educação financeira é urgente no país.

É um desafio para o novo governo federal pensar essas questões de forma mais urgente e com prioridade, para tornar a população mais consciente, pois o desenvolvimento econômico também está atrelado ao desenvolvimento financeiro e à poupança das famílias.

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