No discurso de posse como o 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump deixou claro que irá de encontro às metas de descarbonização do planeta e romperá com acordos climáticos, mesmo em um contexto global crítico, onde o aumento da temperatura média já ultrapassou 1,5°C — limite considerado seguro pelo Acordo de Paris para evitar catástrofes climáticas. A omissão não é apenas simbólica: suas políticas anunciadas indicam um afastamento completo dos compromissos climáticos globais.
Trump declarou uma “emergência energética nacional” com o objetivo de impulsionar a extração de petróleo e gás natural nos EUA, promovendo combustíveis fósseis como pilares econômicos. A promessa inclui:
- Revogação do Green New Deal, política do governo Biden voltada à transição energética limpa.
- Fim dos incentivos para veículos elétricos, com ênfase na produção de carros a combustão.
- Aceleração da aprovação de projetos na Costa do Golfo para liquefação e exportação de gás natural.
Trump contraria esforços
Essas medidas, que contrariam o esforço global pela descarbonização, podem aumentar significativamente as emissões de gases de efeito estufa. Segundo o CarbonBrief, a administração Trump pode adicionar 4 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente às emissões americanas até 2030. Isso equivale às emissões anuais combinadas da União Europeia e do Japão ou dos 140 países que menos emitem gases-estufa.
Impacto na Indústria Automobilística e Energética
Trump reiterou seu compromisso com os trabalhadores da indústria automobilística americana, defendendo que “todos poderão comprar o carro que quiserem”. A retórica, no entanto, ignora os avanços feitos no governo Biden:
- O governo anterior investiu US$ 1,7 bilhão na conversão de fábricas para a produção de veículos elétricos e híbridos.
- Regras mais rígidas de emissões incentivaram a transição para uma frota sustentável.
- O estado da Califórnia estabeleceu a meta de proibir a venda de carros a gasolina até 2035.
Ao reverter essas políticas, Trump não apenas enfraquece a liderança americana na transição energética, mas também ameaça a competitividade global da indústria automobilística dos EUA.
Negação do Clima em Meio a Evidências
Apesar de citar furacões e incêndios que devastaram a Carolina do Norte e Los Angeles, Trump não reconheceu a relação entre esses eventos extremos e as mudanças climáticas. A ausência de menção à crise do clima, somada às medidas pró-fósseis, reflete escárnio, estratégia política ou desconhecimento deliberado das implicações científicas.
Essa postura compromete as metas globais de redução de emissões e dificulta a cooperação internacional, já que os EUA são o maior emissor histórico de gases de efeito estufa. É improvável que, sob a administração Trump, o país cumpra qualquer meta de redução de emissões para 2030 ou 2035, conforme estipulado no Acordo de Paris.
As implicações dessas medidas de forma global seriam:
- Retrocesso nos Esforços Climáticos Internacionais:
- A retirada dos EUA do Acordo de Paris enfraquece a pressão sobre outros países para manterem seus compromissos climáticos.
- Aumento das Emissões Globais:
- A expansão da extração de combustíveis fósseis nos EUA pode aumentar a oferta e reduzir os preços globais, incentivando o uso contínuo de fontes poluentes.
- Tensões Comerciais:
- Políticas protecionistas de Trump, como tarifas comerciais, podem gerar conflitos com países que adotam regulações mais rígidas sobre carbono, criando barreiras para produtos americanos.
- Impacto no Brasil e Países Exportadores:
- O Brasil pode enfrentar maior concorrência no mercado de petróleo e gás, enquanto esforços para atrair investimentos em energia limpa podem ser comprometidos pela falta de alinhamento global.
As medidas anunciadas por Trump representam um sério revés para as metas de descarbonização do planeta. O retorno ao protagonismo dos combustíveis fósseis, a revogação de políticas verdes e a negação da crise climática colocam em risco décadas de avanços no combate às mudanças climáticas. O impacto não será sentido apenas nos EUA, mas também em todo o planeta, dificultando ainda mais o alcance das metas globais de sustentabilidade e o enfrentamento dos desafios climáticos.
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