
Fortaleza (CE) e Recife (PE) se destacam como dois dos principais centros de gestão do território brasileiro, revela o estudo “Gestão do Território 2024”, divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento avalia a centralidade das cidades na administração pública e na gestão empresarial, considerando a presença de órgãos descentralizados e a conexão com a economia nacional.
A pesquisa incluiu 5.570 municípios brasileiros, identificando 2.176 centros de gestão do território, ou seja, cidades que possuem tanto unidades de empresas multilocalizadas quanto órgãos públicos descentralizados. Para estimar a capacidade de influência de gestão empresarial de cada cidade, os pesquisadores analisaram o número de sedes de empresas que os municípios possuem e quantas filiais em outros municípios estão ligadas a essas sedes.
No ranking dos principais centros de gestão pública, Recife aparece em quarto lugar nacional, sendo o único município fora do eixo Centro-Sul entre os primeiros colocados. A capital pernambucana sedia importantes órgãos federais, como superintendências regionais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da Receita Federal, tribunais regionais e outras instituições que ampliam seu papel administrativo.
Para o IBGE, Recife rompe uma tendência histórica de concentração da gestão pública no Centro-Sul. “A presença de Recife nesse patamar evidencia a relevância da cidade como um centro de tomada de decisões para o Nordeste, com uma rede administrativa estruturada que vai além da gestão estadual”, destaca o relatório.
Fortaleza também se sobressai na hierarquia da gestão pública, figurando no terceiro nível de centralidade, ao lado de capitais como Salvador (BA) e Belém (PA). A cidade desempenha papel fundamental na articulação de políticas públicas no Nordeste, exercendo influência regional em diversos setores.
No setor empresarial, Fortaleza é a cidade nordestina mais bem posicionada no ranking do IBGE, ocupando a sétima posição nacional em intensidade das ligações empresariais, com 11.553,5 pontos. Isso reflete o elevado número de empresas com sede ou filiais na capital cearense, consolidando-a como um dos polos de decisão corporativa do país.
Recife também aparece entre os dez primeiros colocados, com 9.420,5 pontos, figurando como um centro estratégico para o setor privado. A conexão empresarial dessas capitais com outros mercados reforça sua posição como vetores do desenvolvimento regional. “Os dados indicam uma maior descentralização da gestão empresarial, com as capitais nordestinas consolidando suas posições dentro da rede nacional de decisões econômicas”, pontua o estudo do IBGE.
Mercado de trabalho e expansão das empresas multilocalizadas
O levantamento também analisou a distribuição de assalariados externos, ou seja, trabalhadores que atuam em filiais de empresas cuja sede está localizada em outro município. Fortaleza aparece com 118.860 assalariados externos, refletindo sua relevência como centro empregador na região. Recife, por sua vez, também se destaca com um contingente expressivo de trabalhadores em empresas multilocalizadas. Esse volume de mão de obra reforça o papel das capitais nordestinas na dinamização do mercado de trabalho regional e na absorção de profissionais qualificados.
O relatório do IBGE também destaca Fortaleza, Recife e Salvador como os três principais centros empresariais do Nordeste. Além disso, algumas cidades do interior também se sobressaem, como Campina Grande (PB), um polo tecnológico e de serviços em crescimento; Feira de Santana (BA), localizada em um dos maiores entroncamentos rodoviários do país, facilitando distribuição de mercadorias; e São Luís (MA), que possui forte conexão comercial devido ao seu porto.
A maioria dos municípios do Nordeste apresenta baixa intensidade empresarial (0 – 5.000 pontos), enquanto a alta concentração ocorre nas capitais e cidades com infraestrutura logística desenvolvida, como aquelas que possuem portos e rodovias estratégicas.

Metodologia do ranking e impacto regional
O IBGE elaborou o ranking de gestão do território a partir de indicadores que medem a presença de órgãos públicos, empresas multilocalizadas e a quantidade de ligações entre essas entidades. Foram analisados dados administrativos e empresariais que mostram a capacidade de um município em influenciar decisões em nível regional e nacional. Essa abordagem permite identificar quais cidades funcionam como centros articuladores da economia e da gestão pública.
Leia mais: Com inflação, câmbio e mercado aquecido, Copom justifica aumento na Selic