Os Correios irão passar por um longo processo de modernização durante o ano de 2025. Em visita a Pernambuco, o presidente da estatal, Fabiano da Silva dos Santos, conversou com o Movimento Econômico e detalhou os planos para alcançar a recuperação da empresa, que possui um histórico de prejuízos financeiros acumulados nos últimos anos.
Com um déficit de R$ 3,2 bilhões, os Correios agora mira na entrada do comércio eletrônico ao lançar o seu próprio marketplace nas próximas semanas, visando tornar-se uma das principais plataformas de compras online do Brasil.
A previsão é que o marketplace dos Correios comece a operar em maio, em um esquema soft launch, permitindo ajustes antes da expansão total do serviço. Segundo o presidente dos Correios, a ideia é que a empresa passe a se posicionar como um novo player de peso no comércio eletrônico, entrando em um mercado altamente competitivo, já dominado por gigantes como Amazon, Mercado Livre, OLX, Magazine Luiza, Americanas e Shopee.
“Hoje, as compras via comércio eletrônico no Brasil são em aproximadamente 25%. Se você pegar países assim, o México é muito maior do que o nosso, Estados Unidos, China. Então, tem um espaço de crescimento muito grande”, ressaltou. “A gente entende que não tem uma disputa. O mercado, ele vai crescer e a gente também pode absorver parte desse crescimento”, salientou o gestor.
O gestor não antecipou a previsão de receita gerada com o marketplace no primeiro ano de atuação e também não revelou a empresa parceira que irá auxiliar na operação da plataforma. Porém, segundo informações da Reuters, a empresa responsável pelo desenvolvimento do marketplace será a Infracommerce, empresa de tecnologia voltada ao varejo.
Segundo a Infracommerce, a empresa mantém tratativas com os Correios que podem resultar na ampliação da parceria para além do desenvolvimento da plataforma, mas não há no momento “qualquer definição” sobre esse ponto.
Correios do futuro
No cenário internacional, os Correios avançam em novas parcerias estratégicas. Em abril, uma comitiva da estatal visitará a China para negociar acordos com grandes operadores logísticos, visando a modernização da empresa.
Além disso, está prevista uma reunião com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, para discutir possibilidades de financiamento voltadas à modernização tecnológica. “Nosso objetivo é atualizar todo o parque tecnológico e implementar automação nos centros de tratamento”, afirmou a presidência da estatal.
A sustentabilidade também é uma prioridade no planejamento estratégico dos Correios, que buscam reduzir seu impacto ambiental por meio de iniciativas como a eletrificação da frota.
“Chamamos essas ações de ‘Correios do Futuro’ porque nos permitem refletir sobre o caminho que queremos seguir. A resposta é uma estatal sustentável, eficiente e inovadora, comprometida em oferecer o melhor serviço à população”, destacou a presidência da empresa.
Parceria com micro e pequenos empreendedores
Diferentemente de outras plataformas, o marketplace dos Correios não será voltado apenas para a venda de produtos próprios, mas também para parcerias estratégicas, especialmente com micro e pequenos empreendedores. O modelo colaborativo busca facilitar a logística para artesãos e artistas que enfrentam dificuldades na comercialização de seus produtos.
“Com esse projeto, profissionais como os do polo têxtil de Pernambuco terão mais oportunidades para comercializar suas criações em todo o Brasil”, explicou.
Para dar suporte à plataforma, os Correios também estão desenvolvendo um meio de pagamento próprio, que fará parte de um futuro banco digital da estatal. Ainda em fase de modelagem, o serviço não funcionará como um banco tradicional, mas atuará como um facilitador de transações dentro do marketplace.
Hub Internacional no Nordeste
Os Correios anunciaram o início das operações de seu novo Centro de Distribuição Internacional em São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, previsto para começar no primeiro semestre de 2025. Com nove mil metros quadrados, a unidade será a primeira do Nordeste e a quarta do país, posicionando-se como um hub estratégico para agilizar a entrega de produtos importados na região.
A expectativa é que o centro, quando em pleno funcionamento, processe até 40 mil encomendas diárias, reduzindo prazos e ampliando a capacidade logística da estatal. A nova estrutura responde ao crescimento da demanda por eletrônicos e outros produtos importados no Nordeste, que já representa 23% das encomendas internacionais do Brasil.
“Tudo depende das negociações, que já estão acontecendo, com os grandes players internacionais para que eles passem a direcionar as cargas para a região, dispensando a passagem pelos outros centros”, pontuou o presidente dos Correios.
Além do comércio eletrônico, a estatal pretende expandir o uso da nova estrutura para o transporte de produtos perecíveis, como frutas e pescados. Isso pode fortalecer setores como a agricultura e a pesca no estado, estimulando a economia local e ampliando o potencial de exportação da região.
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