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Hotel Central, 1º arranha-céu do Recife, será restaurado

O investimento de R$ 210 mil vai restaurar a cobertura do Hotel Central, além da marquise de apoio e casa de máquinas do elevador
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As obras terão início no primeiro semestre de 2025. Foto: Divulgação/Benedito Araujo

Um dos edifícios mais icônicos da capital pernambucana, o Hotel Central do Recife passará por obras de requalificação em sua cobertura, marquise de apoio e casa de máquinas do elevador. Com um investimento total de R$ 210 mil, o projeto conta com financiamentos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE), e da Secretaria de Cultura e Governo do Estado (Secult-PE).

As intervenções no arranha-céu de número 209 da Avenida Manoel Borba, localizado na Boa Vista — a primeira estrutura desse porte do Recife —, estão previstas para iniciar no primeiro semestre de 2025 e estimadas para durarem três ou quatro meses.

Partes da laje e paredes danificadas serão recuperadas; as tradicionais telhas francesas antigas serão lavadas — com substituições das que se encontram deterioradas; além da higienização, desinfestação e imunização do madeiramento do telhado e impermeabilização da laje do elevador, danificado por óleo vindo da casas de máquinas.

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Hotel Central do Recife. Foto: Benedito Araujo/Divulgação

Obras de requalificação

A obra será liderada pela arquiteta Marina Russel, que é a coordenadora técnica e arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Pernambuco (Iphan-PE). Ela também é mestra em preservação do patrimônio cultural e especialista em restauração do patrimônio cultural edificado.

As intervenções, para Russel, “são essenciais para preservar o prédio, que continua recebendo olhares de turistas e recifenses, sempre admirados por sua arquitetura única e história vibrante.”

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Mas o ideal seria que imóveis como este nunca precisassem ser restaurados. “Quando chega a esse ponto, é sinal de que a manutenção e o cuidado cotidiano não foram realizados”, observação o historiador e pesquisador sobre o Hotel Central Dirceu Marroquim.

Uma das últimas intervenções na estrutura do edifício foi em 2011, quando o Hotel Central passou por um processo de reconhecimento patrimonial e foi tombado pelo Governo de Pernambuco, com apoio do Funcultura.

Durante esse período, relembra Mariana Falcão, pesquisadora e professora do Departamento de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi realizada uma pesquisa arquitetônica para compreender a planta original do prédio, “mas não houve intervenções significativas na estrutura.”

A história do Hotel Central

Durante as décadas seguintes à sua inauguração em 1928, o Hotel Central se estabeleceu como o principal hotel da cidade. Ele recebeu figuras importantes, como Getúlio Vargas, e, mais tarde, já nos anos de 1950, Carmen Miranda. O estadunidense responsável pela dramatização sonora de Guerra dos Mundos e diretor do aclamado Citizen Kane, Orson Welles, também foi um de seus hóspedes ilustres.

No entanto, com a chegada do Grande Hotel — hoje o Fórum Thomaz de Aquino Cyrillo Wanderley do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) —, em 1938, o brilho do Hotel Central começou a se apagar, já que o novo hotel, inspirado na arquitetura do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, oferecia uma estética ainda mais moderna e luxuosa, atraindo os hóspedes mais ilustres da cidade.

“O Hotel Central é o protagonista da hotelaria moderna da cidade. Ele é quem inaugura essa nova estética e esse novo conceito de hospitalidade que surgiu no final da década de 1920, estabelecendo um marco na história do Recife”, pondera Mariana.

Hotel Central: uma história viva

Marroquim explica por que o Hotel Central, que está perto de completar seu centenário, é mais do que um edifício, mas sim “um testemunho da história urbana do Recife”. “De sua estrutura, é possível observar as transformações da cidade ao longo do tempo. A restauração do hotel chega em um momento oportuno, mas deveria fazer parte de um processo contínuo, e não ser uma ação isolada”, completa.

Mas a história deste edifício só continua sendo contada pelos esforços de Rosa Nascimento, filha de uma das primeiras camareiras do hotel. Rosa cresceu dentro do Hotel Central, onde foi, como a mãe, camareira, e depois cozinheira. Em 2020, no meio da pandemia da Covid-19, a família dos antigos proprietários decide fechar o hotel. Foi então quando Dona Rosa assumiu a administração.

“Dona Rosa implementou uma estrutura de gestão horizontal, onde todos os funcionários, em sua maioria mulheres da comunidade da Boa Vista, recebem o mesmo salário. Essa abordagem reduz barreiras hierárquicas e promove um ambiente de trabalho mais colaborativo. Além disso, ela vê o Hotel Central como um patrimônio coletivo e expressa o desejo de transformá-lo em uma cooperativa no futuro, revertendo os lucros para os funcionários e para a preservação do edifício”, finaliza Mariana.

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