Suspensão do leilão reabre o debate sobre o futuro do Holiday

Desembargador diz que leilão do Holiday poderia trazer prejuízo aos proprietários, no caso de demolição. Especialista acredita que pode ser melhor caminho

A suspensão do leilão do Edifício Holiday, pelo desembargador Antenor Cardoso Soares Junior, da 3ª Câmara de Direito Público, vai abrir espaço para a retomada dos debates sobre qual o melhor caminho a ser seguido em relação à construção. Na sua decisão, o magistrado disse considerar que o leilão poderia trazer prejuízo aos proprietários e moradores da edificação, “se considerada a completa demolição”.   

O leilão do Edifício Holiday ocorreria nesta quarta-feira (21), com o valor inicial de R$ 34,9 milhões. O desembargador acatou o pedido de liminar pedida de forma conjunta pela Defensoria Pública de Pernambuco e por 16 advogados que representam proprietários de imóveis do edifício.

Indagada sobre a decisão pelo Movimento Econômico, a Prefeitura do Recife informou que ainda não havia definido como iria proceder, mas que iria buscar o melhor caminho para a questão.

Diretor de Relações Institucionais do Sindicato de Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Elísio Correia acredita que, diante da decisão do desembargador, primeiro é preciso conhecer o estado da fundação do prédio, para saber se há condições de reformar a edificação. Acrescenta que por ser uma construção dos anos de 1950, é possível que esteja tão deteriorada que não vai valer a pena restaurar, pois o custo seria elevado demais.

Diretor da Secovi-PE, Elísio Correia afirma que é preciso saber como está a estrutura do Holiday Foto: Divulgação

“Ali tem uma estrutura muito antiga. Não sei se está comprometida. Por ser uma construção do final dos anos 1950, sofreu com vento, água, maresia… Tem também que ver a questão do patrimônio, se há algum impedimento em relação a isso”, destacou Elísio.

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Demolição como caminho

Ele acrescentou que pelo tamanho do terreno, de 6.042 m², segundo consta na Prefeitura do Recife, talvez a melhor opção fosse a demolição, para a construção de um outro prédio. Elísio afirma que, pelo Plano Diretor do Recife aprovado em 2020, é possível construir um edifício com duas vezes o tamanho do lote. E até três, pagando uma autorga. O Holiday tem 14.920,34 m², segundo informação da PCR.

Sobre o leilão, Elísio Correia acredita que o terreno vale bem mais do que os R$ 34,9 milhões colocados como lance inicial. Ele toma como base o valor do metro quadrado de Boa Viagem, que varia entre R$ 8 mil e R$ 10 mil.

“Se pegar o menor valor do metro quadrado, teríamos um total de R$ 48,3 milhões. Tirando o custo de demolição, pendências com impostos, acredito que o valor seria R$ 43 milhões”, avaliou Elíseo.

História do Holiday

Inaugurado em 1957, o Edifício Holiday tem 476 apartamentos distribuídos em 17 andares, que abrigavam em torno de três mil moradores. Foi desocupado em 13 de março de 2019, por decisão judicial. Após uma perícia foi definido o valor R$ 43,9 milhões para o leilão, que iria ocorrer nesta quarta-feira (22).

O edifício Holiday é considerado um ícone da arquitetura moderna, pelo seu desenho curvo e está entre duas das principais vias de Boa Viagem, a Conselheiro Aguiar e a Navegantes. Construído na década de 1950, o prédio foi erguido quando ainda não havia grandes edifícios no bairro, já que sua inauguração ocorreu em 1957.

O Movimento Econômico entrou em contato com o  Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) para buscar informações sobre o estado do Holiday, mas até a publicação desta matéria, às 18h, não havia obtido o retorno.

Veja também:

Holiday tem leilão suspenso por decisão da Justiça para evitar demolição

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