
As obras do Complexo Tecnológico em Insumos Estratégicos (CTIE), localizado no município de Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza, estão previstas para iniciar ainda neste mês de março. O empreendimento faz parte de um investimento superior a R$ 1 bilhão, resultado da parceria entre o Governo do Ceará, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde. O objetivo é fortalecer a produção nacional de medicamentos estratégicos e ampliar o acesso a tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O CTIE irá atuar na produção de ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) de diversos biofármacos, incluindo medicações para tratamento de alguns tipos de câncer, doenças crônicas, doenças inflamatórias (como artrite reumatoide e doença de Crohn) e hormônio do crescimento.
Uma das iniciativas de destaque no CTIE é a produção do IFA da insulina glargina, utilizada no tratamento de diabetes. A Fiocruz, em parceria com a empresa Biomm, realizará essa produção, com distribuição prevista ao SUS no segundo semestre de 2025. Essa medida faz parte do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) e visa reduzir a dependência de importações, garantindo maior segurança no abastecimento deste medicamento essencial.
Infraestrutura e investimentos do Novo Pac no Ceará
Todo o complexo vai ocupar uma área de 225 mil metros quadrados e receberá cerca de R$ 1 bilhão em investimentos do Novo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal. A previsão é que a produção dos primeiros lotes tenha início em 2031.
As atividades do Complexo devem gerar mais de quatro mil empregos, impulsionando o desenvolvimento econômico e tecnológico da região. A expectativa é que os primeiros biofármacos da unidade sejam comercializados também a partir de 2031.

Biofábrica contra arboviroses
Já o outro empreendimento, a Biofábrica de Wolbachia, é vista como estratégica pelo Governo Federal para o controle vetorial de arboviroses no país. Com capacidade de produção estimada em 50 milhões de ovos e até 10 milhões de mosquitos por semana, a biofábrica utiliza a bactéria Wolbachia, um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos na natureza.
Esse método consiste em inserir a Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti, impedindo a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Com o tempo, a nova população de mosquitos substitui a anterior, reduzindo a incidência dessas doenças.
Com previsão de investimento de até R$ 88 milhões para a construção, estudos indicam que cada real investido pode gerar uma economia de até R$ 549,13 em gastos com medicamentos, internações e tratamentos. Em sete anos, a biofábrica do Ceará poderá beneficiar 1.794 municípios nordestinos e 55 milhões de brasileiros, funcionando como um hub de distribuição da tecnologia para a região Nordeste.
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