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Endividamento recua no Brasil, mas boletos pesam mais na renda

Pesquisa da CNC mostra que 20,8% das famílias destinam mais da metade da renda para dívidas, enquanto a inadimplência recua para 29,1% em janeiro de 2025
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Em janeiro de 2025, o percentual de famílias endividadas caiu para 76,1%, abaixo dos 78,1% registrados no mesmo período do ano passado. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A mais recente Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela um cenário ambíguo para as famílias brasileiras: enquanto o endividamento total recua pelo segundo mês consecutivo, o comprometimento da renda com dívidas continua em alta.

Em janeiro de 2025, o percentual de famílias endividadas caiu para 76,1%, abaixo dos 78,1% registrados no mesmo período do ano passado. Apesar disso, a percepção de endividamento aumentou, com 15,9% das famílias se considerando “muito endividadas”, o maior índice desde setembro de 2024.

Segundo a CNC, a melhora sugere um esforço maior dos consumidores para manter os pagamentos em dia, refletindo uma maior cautela no uso do crédito em um momento de juros elevados.

“Os juros elevados e a seletividade do crédito fazem com que os consumidores procurem fazer menos dívidas e, como efeito adverso, aumentam sua percepção de endividamento. A leve melhora da inadimplência indica que houve um esforço nas casas brasileiras para equilibrar suas finanças, mas o comprometimento crescente da renda acende um sinal de alerta para a economia em 2025”, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Juros altos e prazos mais curtos

Outro dado positivo foi a redução das dívidas em atraso, que passaram de 29,3% em dezembro de 2024 para 29,1% em janeiro de 2025. O número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas atrasadas também caiu, chegando a 12,7%. 

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“Apesar da queda do endividamento, as dívidas estão consumindo uma parcela maior da renda das famílias brasileiras, especialmente por causa dos juros altos e prazos mais curtos. Esse cenário pode manter a inadimplência em patamares elevados nos próximos meses”, explica o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

No entanto, a pesquisa indica que a fatia da renda comprometida com dívidas aumentou. Em janeiro, o percentual médio de comprometimento da renda com dívidas atingiu 30%, uma alta de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior. Além disso, 20,8% das famílias informaram ter mais da metade de sua renda comprometida com pagamentos, o maior percentual desde maio de 2024.

O levantamento também mostrou que o cartão de crédito segue como a principal modalidade de endividamento, sendo utilizado por 83,9% dos consumidores. Apesar de sua predominância, houve uma queda de 2,9 pontos percentuais no uso dessa modalidade em relação a janeiro de 2024. O crédito pessoal, por outro lado, apresentou crescimento, tornando-se uma alternativa para quem busca financiamento em um cenário de juros elevados.

Projeções para endividamento e renda para 2025

Segundo projeções da CNC, a tendência é que o endividamento volte a crescer ao longo do ano, uma vez que muitas famílias precisarão recorrer ao crédito para sustentar o consumo. Esse movimento pode impactar diretamente a inadimplência, que deve se manter como um desafio para a economia brasileira em 2025.

A pesquisa reforça que, embora as famílias estejam conseguindo reduzir o volume total de dívidas e atrasos, o peso dos compromissos financeiros no orçamento segue crescendo, tornando o planejamento financeiro cada vez mais essencial para evitar dificuldades futuras.

“A necessidade de recorrer ao crédito para consumo, somada à manutenção de juros elevados, deve tornar a gestão financeira um desafio ainda maior para os consumidores brasileiros”, disse o economista Felipe Tavares.

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