O Edifício Holiday, icônico prédio localizado no bairro de Boa Viagem, na zona sul do Recife, não teve interessados no leilão online realizado na manhã desta quinta-feira (30). A edificação, que estava desocupada desde 2019 por determinação judicial, tinha lance mínimo de R$ 35.731.026,76. O imóvel, que já foi um símbolo da modernização urbana da capital pernambucana, agora terá seu futuro redefinido em nova tentativa no dia 20 de fevereiro, desta vez por um valor inicial ainda menor: R$ 21.438.616,05.
Os interessados deverão se cadastrar no site da Lance Certo Leilões (www.lancecertoleiloes.com.br), responsável pelo processo de venda em m cumprimento a uma decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que determinou que o prédio construído em 1956 não poderá ser demolido integralmente. O vencedor deverá seguir as diretrizes estabelecidas no Plano Diretor do Recife para quaisquer intervenções na estrutura.
O leilão foi determinado pela 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital dentro do processo nº 0013676-17.2019.8.17.2001, de autoria da Prefeitura do Recife. O o juiz de direito Marcos Garcez destacou que o futuro arrematante não poderá demolir o prédio, fazendo referência à decisão do desembargador Antenor Cardoso, que estabeleceu a proibição da demolição do prédio como item obrigatório do edital do leilão. Também ficou definido na decisão que os custos com eventual reforma e recuperação do prédio serão exclusivos do arrematante, sem possibilidade de descontos no valor de compra do imóvel no leilão.
Projetado pelo arquiteto Joaquim Rodrigues e inaugurado em 1957, o Holiday é considerado um marco da arquitetura modernista brasileira. Com 17 andares, o edifício foi concebido para atender à crescente demanda por moradias compactas em uma região que despontava como uma das mais valorizadas do Recife. A estrutura original conta com 442 apartamentos de um quarto, 34 apartamentos de dois quartos, 17 lojas comerciais e boxes, ocupando uma área de 15.221,80m².
Por décadas, o prédio representou um modo de vida verticalizado e acessível na orla de Boa Viagem, tornando-se um referência na região. Entretanto, problemas estruturais e disputas legais culminaram na sua interdição e posterior esvaziamento.
O impasse judicial e o leilão
A desocupação do edifício ocorreu em 2019, após uma decisão da Defesa Civil do Recife, que apontou riscos estruturais que comprometiam a segurança dos moradores. A evacuação levou a uma longa batalha judicial envolvendo antigos proprietários, a prefeitura e potenciais investidores.
O imóvel foi levado a leilão por R$ 34,9 milhões, valor mínimo estabelecido para a venda, e teve sua destinação debatida entre iniciativas de revitalização e novos empreendimentos comerciais.
Com a conclusão do leilão, abre-se um novo ciclo para o espaço. As diretrizes urbanísticas da Prefeitura do Recife permitem o acréscimo de 4.790,61m² de área privativa e 2.733,83m² de área comum, possibilitando uma reformulação significativa do imóvel.
O futuro do Holiday
Especialistas apontam que a revitalização do edifício pode impactar o mercado imobiliário local e requalificar uma das regiões mais valorizadas do Recife. Entre as possibilidades, discutem-se desde a transformação do prédio em um empreendimento de alto padrão até sua manutenção como um complexo de moradia popular modernizado.
Dados Técnicos do Edifício Holiday
Ano de construção: 1957
Pavimentos: 17
Apartamentos: 442 studios (18,03 m²) e 34 de dois quartos (36,06 m²)
Lojas comerciais: 17
Área de terreno: 5.054,72 m²
Área construída: 15.221,80 m²
Área de cobertura: 1.589,00 m²
Ampliação permitida: 4.790,61 m² (área privativa) e 2.733,83 m² (área comum)
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