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Com 46,9%, pernambucanos lideram índice de inadimplência no NE

O percentual de inadimplência é superior à média nacional (45,93%) e o maior do Nordeste, com valor médio das dívidas de R$ 1.457,48, sendo a maior parte vinculada a bancos, cartões de crédito e contas de água, energia e gás
O percentual de inadimplência é superior à média nacional (45,93%) e o maior do Nordeste, com valor médio das dívidas de R$ 1.457,48, sendo a maior parte vinculada a bancos, cartões de crédito e contas de água, energia e gás.
O percentual de inadimplência é superior à média nacional (45,93%) e o maior do Nordeste, com valor médio das dívidas de R$ 1.457,48, sendo a maior parte vinculada a bancos, cartões de crédito e contas de água, energia e gás. / Foto: MinC/Divulgação

De acordo com o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, levantamento realizado pelo Serasa em outubro de 2024, cerca de 46,97% da população adulta de Pernambuco está inadimplente. O percentual é superior à média nacional (45,93%) e o maior do Nordeste, com valor médio de dívidas de R$ 1.457,48, sendo a maior parte vinculada a bancos, cartões de crédito e contas de água, energia e gás. No ranking nacional, o estado pernambucano ocupa a 11ª posição.

EstadoPercentual de Inadimplência (%)
Pernambuco46,97%
Ceará46,28%
Rio Grande do Norte45,67%
Sergipe43,61%
Alagoas43,05%
Bahia40,79%
Paraíba39,90%
Maranhão41,52%
Piauí35,43%
Fonte: Serasa

Segundo Erli Bandeira, consultor de Negócios da Central Sicredi Nordeste, o primeiro passo é compreender a sua real situação financeira: “Entender como o dinheiro está sendo gasto é essencial para priorizar o que realmente importa e tomar decisões conscientes sobre as finanças pessoais”.

O especialista aponta cinco passos fundamentais para organizar as finanças em 2025: 1. Fazer um diagnóstico financeiro completo; 2. Estabelecer metas claras e alcançáveis; 3. Criar um orçamento mensal equilibrado; 4. Construir ou fortalecer uma reserva de emergência e 5. Usar o crédito de forma consciente e investir no futuro.

“O diagnóstico financeiro é a base para qualquer mudança positiva. Hoje existem muitas ferramentas práticas que auxiliam nisso”, orienta Bandeira. “Metas realistas não só facilitam o planejamento como também aumentam a motivação ao longo do processo. São essas metas que podem dar a cada um foco e um direcionamento em vários outros aspectos de nossa vida”, destaca o consultor do Sicredi.

Um orçamento caseiro deve destinar 50% para despesas essenciais (moradia, alimentação, transporte); 30% para desejos (lazer, hobbies) e 20% para investimentos e quitação de dívidas. “Um orçamento bem estruturado ajuda a evitar surpresas e permite que você destine recursos para o que realmente importa. Claro que essa pode não ser a realidade de todos, mas é um bom caminho que precisa ser planejado”, explica Bandeira.

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Se precisar recorrer ao crédito, é melhor planejar antes e comparar as condições oferecidas. Evite empréstimos que comprometam mais de 30% da renda e dê preferência a opções com taxas mais justas.

“Usar o crédito de forma consciente é essencial para que ele se torne uma solução, e não um problema. As cooperativas de crédito desempenham um papel importante nesse sentido, oferecendo aconselhamento presencial para que cada caso seja analisado de forma personalizada por especialistas. Com disciplina e planejamento, é possível organizar as finanças e transformar 2025 em um ano mais tranquilo e seguro”, finaliza o consultor da Sicredi.

Inadimplência afeta a qualidade de vida

“Na economia pernambucana e brasileira, o efeito acaba sendo muito parecido. É, de fato, um freio. A inadimplência não dá marcha à ré, mas impede que a gente vá muito à frente. Querendo ou não, ela afeta a arrecadação do estado, das empresas e os investimentos que retornam à população. Tudo isso gera menos contratações, menos renda e, consequentemente, menos qualidade de vida”, afirma o analista macroeconômico Rafael Cavalcanti.

Para o analista, alguns fatores econômicos influenciam esse índice. O primeiro é a falta de educação financeira. “As pessoas não têm esse tipo de ensinamento na escola nem em casa, o que faz com que gastem exatamente o que consomem. E, quando recebem um aumento, acabam gastando exatamente o que recebem. Há também um despreparo para lidar com emergências e, quando ocorre uma, muitas pessoas acabam pegando empréstimos e gerando dívidas”, constata Cavalcanti. Ele ainda destaca que cenários como esse acabam gerando uma bola de neve e um descontentamento geral na população.

Para Rafael, um outro ponto é a inflação. Ele explica que o salário mínimo subiu 7,5% recentemente (passando de R$ 1.412 no último ano para R$ 1.518 em 2025), com a intenção de combater a inflação e proporcionar um aumento real para a população. Contudo, alguns itens, principalmente os básicos, tiveram um aumento de preço muito superior ao índice, o que impacta a maior parcela da população, com menor poder aquisitivo.

“O arroz dobrou de preço e o café subiu mais de 8% em relação a outubro de 2024, ficando acima da inflação. Então, mesmo com o aumento de 7,5% no salário mínimo, o poder de consumo das pessoas que dependem desses bens, como é o caso da classe mais baixa da população, é reduzido. Isso resulta em uma diminuição do poder de compra. Como consequência, elas acabam optando por deixar de pagar algumas dívidas e pagamentos, o que geralmente leva ao endividamento”, comenta.

Nesse sentido, Rafael afirma que políticas focadas no desenvolvimento e no crescimento da renda da população que mais sofre com o endividamento seriam uma solução de curto prazo. Já a solução de longo prazo é, de fato, educar financeiramente as pessoas desde o berço.

“Tome como exemplo a política fiscal, que poderia e deveria adaptar as pessoas e as escolas para que desenvolvam mais educação financeira para a população. Seria muito importante vivenciar isso de forma mais regular. Ao mesmo tempo, o Banco Central poderia reduzir um pouco os juros para diminuir o endividamento futuro, ou, digamos, o peso do endividamento futuro. O governo também tem o seu papel, podendo ajudar gerando mais empregos e trazendo trabalhadores informais para a formalidade”, sugere o profissional.

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