Um novo projeto da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) é mais um passo dado para o estado que quer se tornar um hub de hidrogênio verde (H2V) para disputar um mercado bilionário que já tem grandes projetos com investimentos de grupos internacionais no Ceará, em Pernambuco e na Bahia. Chamado de “Tecnologias Sustentáveis para Transição Energética a partir de Fontes Renováveis do Bioma Caatinga” (H2V-PI) e coordenado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), o centro temático terá um financiamento de R$ 14,5 milhões.
Aprovado na Chamada Pública MCTI/FINEP/FNDCT/CENTROS TEMÁTICOS 2023, o projeto foi um dos 13 projetos selecionados em todo o Brasil – que tem três da região Nordeste – e pretende buscar transformar o Piauí em referência nacional na produção de hidrogênio verde (H2V), criando estruturas de produção e armazenamento do hidrogênio e desenvolvendo biomassa e novas matrizes energéticas, como combustíveis e membranas para eletrolisadores utilizando recursos regionais
“A Uespi contribui diretamente com a formação de recursos humanos especializados, envolvendo desde os cursos de engenharia até as áreas de tecnologia e regulação. Essa é uma oportunidade ímpar de preparar nossos alunos para atuar em toda a cadeia produtiva da energia renovável”, destacou o coordenador do Núcleo de Formação e Pesquisa em Energias Renováveis do Piauí (NUFPERPI) e representante da UESPI no projeto, o professor Jhuan Aguiar.
O H2V-PI será um centro multidisciplinar e interinstitucional que pretende unificar as pesquisas em engenharia, química, física, biotecnologia e energia renovável, além de oferecer oportunidades de especialização. Entretanto, ele vai além da produção de hidrogênio verde, lá também serão feitos insumos e subprodutos, como metano, metanol e amônia, além de tecnologias de armazenamento utilizando argilas regionais.
“Hoje, o Brasil importa boa parte dos insumos necessários para essas tecnologias. Com este projeto, será possível produzir materiais localmente, utilizando recursos regionais e fortalecendo a indústria piauiense… Estamos construindo os pilares de uma indústria de energias renováveis no estado, que será modelo para o Brasil. Este é um marco tanto para o desenvolvimento acadêmico quanto para a economia local”, diz o professor Jhuan.
A expectativa é que o projeto crie oportunidades de emprego, atraia investimentos e estimule parcerias públicas e privadas, consolidando o Piauí como referência em sustentabilidade energética e produção tecnológica.
“Estamos apenas no começo de um trabalho que transformará a região, aproveitando ao máximo os recursos da Caatinga e promovendo o futuro da transição energética”, concluiu.
Além da Caatinga: projetos já exploram H2V no estado
Além desse projeto da Uespi em parceria com a UFPI e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), existem diversos outros que vão na mesma direção e com o mesmo objetivo, transformar o Piauí em uma referência regional e nacional na produção de H2V.
Entre eles está o acordo com empresa Solatio para a instalação do maior parque de energia solar do Brasil, que terá uma infraestrutura com capacidade de 4 gigawatts. Ela será instalada no início de 2025 em Bom Princípio do Piauí e faz parte da primeira etapa do projeto para abastecer a indústria para a produção de amônia em Parnaíba, matéria prima para o hidrogênio verde.
Um outro empreendimento que tem o potencial de transformar o Piauí em referência são as plantas industriais da Green Energy Park e da Solatio, que investirão R$ 200 bilhões ao longo dos próximos anos para a produção de H2V e amônia verde. Com capacidade de mais de 20GW de potência gerados, as obras das usinas devem iniciar no fim de 2024 e a primeira etapa está prevista para ser concluída em 2027, seguindo as etapas seguintes até 2035.
Além disso, o Green Energy Park receberá investimentos de US$ 4,5 bilhões e divulgação pelo Acelerador de Transição Industrial (ITA), plataforma financiada pelo governo dos Emirados Árabes Unidos e pela Bloomberg Philanthropies, com apoio das Nações Unidas. terá capacidade de exportação superior a 2 milhões de toneladas de amônia verde por ano.
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