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Com ME, REC’n’Play debate o futuro do jornalismo pela 1ª vez

Profissionais da Globo, Poder 360, Recife Ordinário e Movimento Econômico conversaram sobre IA, modelos de negócio para o jornalismo e novas habilidades
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Debate sobre o futuro do jornalismo ocorreu no penúltimo dia do REC’n’Play. Foto: Paulo Goethe/Movimento Econômico

Representantes da TV Globo, Poder 360, Recife Ordinário e Movimento Econômico participaram de uma mesa-redonda sobre o futuro do jornalismo durante o REC’n’Play nesta sexta-feira (08). Foi a primeira vez que o Carnaval do Conhecimento adicionou em sua agenda de discussões uma conversa sobre as prospecções para o ofício em meio às recentes transformações tecnológicas e a mudança de modelo de negócio sofridas pela prática.

Inteligência Artificial foi o que abriu e inflamou o debate. Mas Angélica Tasso, gerente de jornalismo da Globo Pernambuco, logo extrapolou a questão de se a IA vai ou não substituir a figura do jornalista. “Não, mas seremos substituídos por quem sabe usá-la”, pontua.

Para Patrícia Raposo, CEO do Movimento Econômico, explica que, neste momento, se trata de “preparar as novas gerações do jornalismo para saber usar” a ferramenta, o que “libera o profissional para fazer o que é diferente e exclusivo”. O jornalista atua neste processo, segundo ela, como um corretor. Ele precisa “revisar” e “validar” se aquilo que foi produzido é bom o suficiente para ser publicado e, o mais importante, se é verdadeiro.

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Discussão aconteceu no Moinho Recife. Foto: Paulo Goethe/Movimento Econômico

Tornou-se uma prática comum entre jornalistas utilizar modelos de LLMs, como o ChatGPT, para reescrever releases, complementar matérias ou escrever notícias factuais a partir das informações concedidas no prompt elaborado pelo profissional. Essa execução, no entanto, é mais difícil quando se trata de notícias com um peso de produção e apuração maior, como é o caso do dia a dia da economia e da política.

Novas práticas

Para essas editorias, a melhor forma de usar a IA é com o intuito de “processar o grande volume de dados que chega às redações”, como explica Mateus Netzel, diretor executivo do portal Poder 360. Netzel argumenta que as “tarefas repetitivas do dia a dia do jornalismo” têm a possibilidade (e devem) de serem automatizadas, mas “a essência do trabalho humano no jornalismo nunca será substituída.”

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Mas ao mesmo tempo que “a IA nunca vai entrevistar alguém na saída do congresso”, como descreve ele, Tasso pondera que existem trabalhos impossíveis a um humano executar no mesmo tempo da demanda. A automatização da produção de matérias sobre os prefeitos vencedores durante as eleições feitas pela Globo é um exemplo.

Netzel aponta para a necessidade de “pessoas que não são jornalistas mas que precisam estar presentes para a completa execução do trabalho”, desde os cientistas de dados até os programadores. Angélica Tasso completa indo além: o jornalista “precisa incorporar essas capacidades” porque “o perfil que se procura agora é outro”.

Informação versus notícia

Monique Cabral, diretora comercial da Recife Ordinário, também participou da conversa falando de influenciadores, criadores de conteúdo e novas formas de propagação de informação.

O Recife Ordinário “nasceu com o objetivo de publicar memes e a cultura da capital e acender o orgulho da história pernambucana” na população. A página cresceu e além do conteúdo inicial, passou a divulgar matérias jornalísticas e também denúncias. Mas, “o Recife Ordinário é um portal de informação e não um portal de notícias”.

O futuro do jornalismo

Angélica Tasso responde otimista: “Como será o jornalismo daqui a um mês? Eu não sei! — e que bom poder dizer isso.” Porque, como completa Netzel, “nem mesmo quem consome informação hoje sabe como vai querer consumir informação amanhã.”

O principal a se perguntar, para Monique, é “onde as pessoas buscam aprofundar as informações que têm acesso”, mas sem esquecer como “capitalizar o trabalho do jornalista”, “que é o desafio primordial” da profissão desde seu início, conclui Patrícia Raposo.

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Da direita para a esquerda, Angélica Tasso, Rosário Pompéia, Patrícia Raposo, Mateus Netzel, Monique Cabral e Silvio Meira. Foto: Bruna Lapa/Movimento Econômico

Sobre o debate

O debate foi realizado por cinco personalidades envolvidas no âmbito do jornalismo e da comunicação. Entre eles estão Patrícia Raposo, jornalista e CEO do portal Movimento Econômico; Angélica Tasso, gerente de jornalismo da Globo Pernambuco; Mateus Netzel, diretor executivo do portal Poder 360; e, Monique Cabral, diretora comercial da Recife Ordinário e da agência Sou Leão do Norte.

A discussão foi mediada por Rosário Pompéia, jornalista e fundadora da LeFil Company, e contou com participações de Silvio Meira, presidente do conselho de administração do Porto Digital e um dos criadores do REC’n’Play.

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