Com uma participação de 4,6% na produção nacional e na receita líquida da indústria de transformação da Bahia, o setor de produtos têxteis e de confecção (T&C) do estado destaca-se como um potencial polo têxtil nordestino. É o que destaca estudo apresentado no 9º Congresso Internacional da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), realizado em Salvador até esta quinta-feira (31). O levantamento oferece uma análise sobre o cenário atual do setor na Bahia e sugere ações para maximizar seu desenvolvimento.
Intitulado Estudo da Competitividade da Cadeia Têxtil e Confeccionados na Bahia, o trabalho foi elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e o Instituto Inteligência de Mercado (Iemi). A pesquisa apresenta dados sobre a indústria têxtil e confeccionista baiana, a situação do mercado nacional e o comércio internacional.
“O estudo é um guia para avaliarmos nossa posição, pontos fortes e áreas a melhorar. Temos mão de obra para qualificação e estamos comprometidos em fortalecer essa cadeia, posicionando a Bahia como um polo têxtil relevante no país”, destacou o superintendente de Atração de Investimentos e Fomento ao Desenvolvimento Econômico, Luciano Giudice.
Indicadores do setor têxtil na Bahia
Em 2023, a indústria baiana de T&C conta com 428 unidades produtivas, que representam 9,2% do total do setor no Brasil, e emprega cerca de 35,6 mil pessoas, o que equivale a 1,8% dos empregos no estado e a 2,7% do total nacional no setor. Em termos de produção, a Bahia gerou aproximadamente 150,8 mil toneladas de têxteis (-2,8%) e 268,3 mil peças confeccionadas (-5,5%), representando 4,6% da produção brasileira de T&C.
Como o segundo maior produtor de algodão em pluma do Brasil, a Bahia teve uma produção de 700 mil toneladas em 2023, equivalente a 19% da produção nacional, que alcançou 3,7 milhões de toneladas. Esse volume posiciona o estado com um produto de elevado padrão tecnológico e receitas estimadas em R$ 5,8 bilhões anuais, com 615 mil toneladas de pluma disponíveis para o setor têxtil.
O secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Davidson Magalhães, afirmou: “O fortalecimento do setor gera novas oportunidades de trabalho para os baianos, movimenta a economia local e consolida a Bahia como um centro de excelência na produção têxtil”.
Estrutura e potencial do setor na Bahia
O estado possui também vantagens logísticas e estruturais importantes. Em Salvador, o Condomínio Bahia Têxtil atua como um hub de produção e atacado de vestuário, enquanto o Polo Têxtil de Vitória da Conquista, ainda em desenvolvimento, fortalecerá a cadeia produtiva. Além disso, a Bahia é o maior mercado consumidor do Nordeste e ocupa a sétima posição nacional nos segmentos de moda e artigos para o lar, movimentando R$ 13,7 bilhões anualmente e figurando como o terceiro maior destino turístico do país.
A logística é outro ponto positivo, com a Bahia sendo o estado nordestino mais próximo dos grandes mercados do Sul e Sudeste. O estado conta com o Complexo Portuário do Nordeste – o terceiro maior do Brasil –, formado pelos portos públicos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus, e cinco Terminais de Uso Privado (TUPs), facilitando o escoamento da produção.
A mão de obra baiana também é vista como um diferencial competitivo, com 11% da população buscando emprego e salários entre 20% e 25% abaixo da média nacional. Além disso, o estado conta com 22 unidades do Senai, que promovem a capacitação específica para o setor têxtil.
Propostas para expansão do setor
Entre as iniciativas sugeridas pelo estudo estão a criação de condomínios industriais, incentivos fiscais e estratégias de atração de investimentos. A meta é que o setor baiano de T&C alcance uma produção anual de 2,2 bilhões de peças de vestuário e aumente o número de trabalhadores no setor para 700 mil.
O Congresso Internacional da Abit, realizado pela primeira vez no Nordeste, ocorre no Senai Cimatec, em Salvador, com atividades até esta quinta-feira (31). Além da apresentação da pesquisa, o evento promove palestras e painéis sobre o setor T&C e oferece oportunidades de networking.
“O Congresso é um marco para a indústria, pois fortalece o posicionamento do Brasil no mercado global e conecta nossos profissionais com práticas inovadoras e sustentáveis”, destacou o presidente da Abit, Fernando Valente. “A Bahia participa deste evento não apenas por sua importância nacional, mas pelo potencial revelado no estudo, impulsionado por sua significativa produção de algodão e pela infraestrutura já consolidada no setor”, destacou.
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