Com extração de 1,5 milhão de toneladas de ferro por ano, o município de Piripiri no Piauí começa a exportar para abastecer mercados internacionais devido ao alto teor de ferro encontrado no minério e suas propriedades metalúrgicas superiores. Gerenciada pela empresa piauiense Lion Mining desde 2022, a extração tem como principais compradores no exterior a Ásia e a América do Norte, em especial a China, sendo usado em sua maioria para a produção de aço em siderúrgicas.
A expectativa é que a mineradora consiga explorar a jazida por mais de 20 anos, e tendo a capacidade de extrair mais de 5 mil toneladas de ferro por dia quando estiver trabalhando a sua carga máxima, segundo o governador Rafael Fonteles.
Atualmente, o produto piauiense tem sido comprado por diversos países da Ásia e América do Norte. Entre os compradores a China se destaca: apenas em 2024 já foi exportada mais de um milhão de toneladas do minério.
Uma das vantagens do minério encontrado na região de Piripiri, aumentando sua competitividade e que chamou a atenção do mercado exterior é o seu alto teor de ferro, assim não precisando da água, estando no ponto de ir para a siderúrgica depois de passar no britador.
“O município foi agraciado com jazidas com um teor de ferro acima de 60%, o que é bastante elevado. Isso totalmente natural, sem nenhum tipo de concentração. Além disso, as propriedades metalúrgicas desse material são muito boas. Então, é um produto muito bem aceito aqui e no mercado internacional”, explicou o diretor-geral da Lion Mining, Jader Fernandes.
Primeira operação de transshipment de minério de ferro
Devido ao aumento de produção e exportação férrea no estado, o Governo do Estado em parceria com a Lion Mining e a empresa asiática Rocktree Logistics planejam realizar ainda em 2024 a primeira operação teste de transshipment de minério de ferro no novo Porto Piauí, na cidade de Luís Correia.
A operação de transshipment consiste em transferir a mercadoria de um barco menor para um navio maior, em alto-mar, trazendo agilidade, segurança e praticidade na logística de abastecimento de carga.
“Ainda temos muitas cargas sendo escoadas por meio de portos vizinhos, o que gera mais custos aos produtores. Sendo assim, fica mais difícil empreender, crescer e contratar funcionários. O transshipment é algo que desejamos muito, pois viabilizaria mais operações, mercados, fretes mais baratos e uma maior margem de lucro.” destacou Jader.
“Esse ativo que nós temos aqui no estado já está sendo negociado na China, mas nós também queremos desenvolver o mercado interno aqui, com a utilização do porto, que vai gerar mais ICMS para o estado, gera PIS e Confins, por isso queremos fazer esse mercado interno desenvolver e já estamos fazendo”, complementou o empresário.
Além do transshipment, o governo pretende reabilitar a ferrovia para o Porto Luís Corrêa, para facilitar o transporte da carga até o estuário. “Nós queremos que essa carga saia não pelos portos dos estados vizinhos, mas pelo Porto de Luís Correia, utilizando a ferrovia que vai ser um investimento relativamente barato por que ela já funcionou até 1995”, comentou o gestor piauiense.
Além da mineradora já existente, a Lion estuda a abertura de novas unidades, visando a expansão e aumento da produção. “Já estamos abrindo uma segunda mina. Cada dia encontramos novas e as estudamos. A atividade de mineração é a que mais gera renda por hectare e o Piauí tem um grande potencial nesse setor. O minério de ferro é uma das commodities mais consumidas no mundo, então, temos explorado cada vez mais esse mercado e contaremos com a chegada do Porto Piauí para alavancar esse crescimento”, comentou o diretor da Lion.
Empregos e tecnologia
Além do impacto para a economia exportadora do estado, a mineradora também provoca repercussões sociais. Atualmente, a empresa gera aproximadamente 200 empregos dentre diretos e indiretos, sendo 80% deles na região de Piripiri e comunidades vizinhas.
“Aumentando a nossa capacidade produtiva e de escoamento via Porto de Luís Correia, podendo chegar gradativamente em até mesmo 4 milhões de toneladas produzidas por ano, surgiria a necessidade de contratar mais pessoas, podendo chegar a mais de 1.000 profissionais aqui”, frisou Jader.
A Lion Mining, fundada em 2022, é uma empresa mineradora piauiense que extrai e processa o minério de ferro. Com laboratório interno e processo de separação magnética para garantir qualidade do produto de acordo com a necessidade glanulométrica, a empresa produz sob demanda. Dentre os materiais disponíveis, a Lion tem o ferro nos modelos de sinter feed (0 a 6mm, 3 a 6.3mm e 0 a 3mm), hematitinha (6.3 a 19mm) e lump ore (6.3 a 32mm e 19 a 32mm).
*Com informações do Governo do Piauí
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