Estudo divulgado pelo Instituto Fecomércio de Alagoas, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que o Índice de Consumo das Famílias (ICF) entrou no quarto mês de queda consecutiva e marcou 112,6 pontos, em setembro, sinalizando uma redução de -0,6% quando comparado aos 113,3 pontos de agosto.
Se em julho e agosto o consumo caiu -3,8% e -3,2%, respectivamente, a redução vista em setembro (-0,6%) foi na margem, mas ainda mantém o alagoano no movimento contrário ao nacional, pois, embora o consumo brasileiro esteja em relativa estabilidade, registrou crescimento de 0,8%, em setembro.
Para o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário, a desaceleração no ritmo de queda do consumo pode indicar que as melhorias na economia não estão sendo suficientes. Além disso, a maior parte da população insere-se nas faixas de menor renda, fato que, em tempos de preços elevados, contribui para a diminuição das compras.
“Em Alagoas, cerca de 93% das famílias recebem até três salários-mínimos. Com isso, é razoável afirmar que o padrão de consumo do estado seja definido por essa faixa de renda, refletindo a sensibilidade da população a fatores como a persistente inflação de alimentos e de moradia, em Maceió, e o aumento do próprio endividamento”, avalia. Para ele, diante deste cenário, torna-se relevante para o empresário do comércio entender os tipos de produtos e práticas de compras desse público para, a partir daí, estabelecer estratégias empresariais com maior efetividade.
Apostas digitais têm comprometido a renda de alagoanos
O economista Francisco Rosário também alerta para um grave problema, decorrente do crescente número de pessoas que estão comprometendo parcelas significativas de sua renda com jogos online de apostas.
Embora não existam números específicos para avaliar esse impacto em Alagoas, a partir de um estudo recentemente divulgado pela CNC é possível perceber o quanto o comércio do país vem sendo afetado.
De acordo com o levantamento, entre 2023 e 2024, mais de R$ 68 bilhões foram gastos em apostas. Com isso, o setor varejista enfrenta potencial redução de até 11,2% no faturamento; uma perda de R$ 117 bilhões por ano. A entidade estima que os cassinos online já retiraram R$ 1,1 bilhão do comércio apenas no primeiro semestre deste ano.
Diante deste cenário, a CNC revisou para baixo a projeção de crescimento do setor varejista em 2024, ajustando de 2,2% para 2,1%, como um reflexo do impacto negativo causado pelo aumento descontrolado das apostas on-line, que tem comprometido a renda das famílias e redirecionado o consumo para jogos de azar, em vez de bens e serviços essenciais.
Confiança do consumidor aumenta entre os mais ricos
No recorte da faixa de renda, aumentou em 3,4% a confiança dos consumidores com renda acima de dez salários mínimos. Por outro lado, entre os com renda menor de dez salários mínimos, o indicador vem caindo desde maio e, daquele mês até setembro, recuou -17%.
Na decomposição do Índice de Confiança do Consumidor (ICF), apenas os subíndices de acesso ao crédito (3,2%) e perspectiva de consumo (3,1%) tiveram desempenho positivos para as duas faixas de renda, em setembro.
“Essa melhora pode ter ocorrido pela injeção do 13º das aposentadorias, pelo fato de mais pessoas estarem trabalhando e pela maior facilidade na obtenção de crédito”, analisa Rosário, complementando que os programas de transferência de renda têm mantido as condições das famílias adquirirem itens básicos. O desempenho dos demais subindicadores são: Emprego Atual (-0,8%), Renda Atual (-2,2%), Consumo Atual (-3,4%), Perspectiva Profissional (-2%), Momento para Duráveis (-0,1%).
De acordo com a pesquisa do Instituto Fecomércio, a intenção de consumo futuro nas famílias de renda menor aumentou 2,7%, revertendo, em setembro, um quadro de queda de três meses consecutivos de pessimismo. “Pode-se dizer que há uma possibilidade real de melhoria no movimento do comércio em Alagoas para o último trimestre do ano, haja vista que o comércio nacional já está em processo de recuperação”, estima o economista.
*Com informações Fecomércio Alagoas
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