No WAR eleitoral, PSDB e PSB tentam ampliar territórios de olho em 2026

Possiveis adversários em 2026, PSDB e PSB buscaram nomes para disputar as prefeituras e fortalecer os seus projetos futuros

As eleições municipais de outubro terão uma disputa oculta, que vai além de quem vence em determinado município. Tal qual uma partida do jogo de tabuleiro WAR, dois partidos serão antagonistas em várias cidades, buscando conquistar e ampliar espaços, com o objetivo de alcançar a hegemonia do Estado. Numa espécie de uma prévia do pleito estadual de 2026, de um lado estará o PSDB, da governadora Raquel Lyra. Do outro, o PSB, legenda que abriga o prefeito do Recife e candidato à reeleição João Campos.

Os gestores de Pernambuco e da capital pernambucana acionaram os seus exércitos partidários para garimpar pré-candidatos em todas as regiões do Estado. O foco de ambos é o mesmo: ramificar as legendas e, com isso, ganhar musculatura para uma disputa que se prevê muito acirrada pelo Governo em 2026. Entre números vigorosos de pré-candidatos, as duas siglas se enfrentarão em pelo menos 28 municípios do Estado.

A tropa do PSDB

No poder há apenas um ano e quatro meses, o PSDB mira no passado recente, quando a legenda comandava o Brasil com Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Quando entrou nas eleições municipais de 2000, a sigla tinha apenas oito prefeitos. Saiu das urnas com 30. Neste ano, os tucanos até já conquistaram essa marca. Elegeram um mesmo número de gestores (8), em 2020, e, coincidentemente, alcançaram, no período de filiações, 30 municípios. O desafio  não é só manter, mas ampliar esse número.

Para isso, a legenda garimpou pré-candidatos em 60 cidades pernambucanas. Alguns que já faziam parte da legenda antes do período de filiação, como o prefeito de São Joaquim do Monte e pré-candidato à reeleição, Duguinha Lins, e o deputado estadual e pré-candidato em Garanhuns Izaías Régis, que comandou o município do Agreste por dois mandatos.

Tem em Caruaru, município com 245.608 eleitores, a sua joia da coroa. Foi de lá, após conquistar duas vitórias, que Raquel Lyra partiu em direção ao Palácio do Campo das Princesas. Deixou em seu lugar o vice, Rodrigo Pinheiro. Ele chegou a ventilar a migração para outras legendas, quase assinou a ficha de filiação do Republicanos, mas depois de várias reuniões com a governadora optou por ficar onde estava.

- Publicidade -

A tropa do PSB

Partido majoritário em Pernambuco por 16 anos, o PSB perdeu a disputa em 2022, mas nem por isso deixou de ser uma das siglas mais fortes do Estado. Ainda sob o comando de Paulo Câmara, em 2020, conquistou 25 prefeituras. Muito distante das eleições de 1996, quando a Frente Popular liderada por Miguel Arraes saiu das urnas com 106 prefeitos (74 do PSB), número tão expressivo que rendeu um anúncio no jornal para celebrar a marca.

Mas esse número de pouco adiantou. Dois anos depois, em 1998, o então governador e candidato à reeleição Miguel Arraes, com problemas na gestão, viu o PSB murchar. Perdeu a disputa para o rival Jarbas Vasconcelos, por mais de um milhão de votos.

Para este ano, o partido conta com 84 pré-candidatos. Talvez nem todos cheguem à disputa por contingências locais, mas os planos do PSB são ousados: pretende reeleger os 16 prefeitos e eleger entre 25 ou 30 outros pré-candidatos.

Tem no Recife do prefeito João Campos o seu principal ativo eleitoral. A capital pernambucana tem 1.220.651 eleitores (até abril) e é comandada pelo PSB há 12 anos.

Os aliados

Além dos exércitos próprios, tanto Raquel Lyra quanto João Campos contam com aliados que deverão engrossar as fileiras municipais de cada um deles.

Do lado do PSDB, o partido que pode ajudar nesse fortalecimento em todo estado é o PSD, do ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula. A legenda filiou pré-candidatos em vários municípios, mas em dois deles merece atenção especial: Daniel Coelho, pré-candidato no Recife; e Mirella Almeida, que disputará em Olinda.

Pelo lado do PSB, o principal aliado é o Republicanos, do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Foi o partido escolhido, por exemplo, pelo presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto, para levar o seu grupo político, incluindo os prefeitos de Canhotinho, Sandra Paes, e de Quipapá, Genivaldo Timóteo, ‘Pité’, que assumiu o comando da prefeitura após a renúncia de Alvinho Porto, filho do presidente do Legislativo estadual.

Esse cenário vai propiciar embates interessantes em todo o Estado. Veja alguns deles:

Município de Garanhuns terá disputa entre o PSB do prefeito Sivaldo Albino e PSDB de Izaías Régis. Foto: Divulgação

Garanhuns

O prefeito Sivaldo Albino vai para reeleição e é apontado em todas as pesquisas como favorito. Desde o ano passado vem peitando a governadora Raquel Lyra na questão do Festival de Inverno de Garanhuns. Em 2023, disse não ter sido consultado ou informado das atrações. Este ano foi tentado até um armistício cultural entre a governadora e o prefeito.

Mas o gestor acabou rompendo e anunciando as datas e atrações principais do evento. Como pano de fundo desta briga, a pré-candidatura do deputado estadual e líder do Governo na Alepe, Izaías Régis, antecessor de Sivaldo, e que não tem outra coisa na cabeça que não voltar a comandar o município. É frequente na tribuna da Alepe, sempre abordando temas relativos a Garanhuns. Tanto que os adversários o apelidaram de “vereador estadual”

Paulista

Principal cidade do Litoral Norte do Estado, Paulista tem uma situação inusitada. É o único município com mais de 200 mil habitantes (ou seja, que pode ter segundo turno) em que as duas siglas podem ter embate direto. É comandada pelo prefeito e candidato à reeleição Yves Ribeiro, que trocou o MDB pelo PT, mas tanto o PSDB quanto o PSB têm nomes fortes na disputa, de acordo com as pesquisas.

O principal adversário do prefeito é justamente o seu antecessor, Junior Matuto, uma das prioridades do PSB no Estado. Ele governou a cidade por dois mandatos. Apoiava Yves, mas como tinha rejeição alta, foi escondido na disputa de 2020. Ex-deputado estadual, Ramos será o nome tucano na corrida eleitoral em Paulista. Vai para a terceira disputa. Nas vezes anteriores, sempre ficou entre os mais votados, chegando em segundo em 2016 e terceiro na eleição passada.

Abreu e Lima

Eleito em 2020 pelo PSL, partido que serviu de abrigo para a eleição do presidente Jair Bolsonaro dois anos antes, Flávio Gadelha migrou para o PSB e é uma das apostas do partido na Região Metropolitana. Terá como adversário o Dr. Marquinhos, pré-candidato do PSDB. Fato curioso na cidade é que o tio de Flávio, o ex-prefeito Jerônimo Gadelha, rompido com o sobrinho, apoiará o tucano na disputa.   

Agrestina

Importante município do Agreste do Estado, terá uma disputa entre dois candidatos que eram aliados até bem pouco tem. Até o final de janeiro deste anos, o prefeito e candidato à reeleição, Josué Mendes, tinha como secretário de Governo o ex-prefeito Thiago Nunes, que rompeu com o gestor, filiou-se ao PSDB e vai enfrentá-lo nas urnas em outubro. Um detalhe interessante: o vice de Josué Mendes é sobrinho de Thiago Nunes.  

Recife é a principal aposta do PSB, com a candidatura à reeleição do prefeito João Campos. Foto: Sol Pulquério/PCR

Recife

Apesar do favoritismo apontado em todas as pesquisas do prefeito e candidato à reeleição, João Campos, os aliados da governadora apostam no ainda secretário do Turismo, Daniel Coelho, para enfrentar e desbancar o socialista. Filiado ao Cidadania até abril, Daniel migrou para o PSD por uma questão de estrutura. A sua nova sigla tem um fundo partidário maior, fundamental para a disputa.

A oposição ao socialista ainda conta com o pré-candidato do PL, o ex-ministro sanfoneiro Gilson Machado. Na bolsa de apostas da política, o favoritismo é total de João Campos. Mas para a oposição, se não der para vencer, ao menos buscará diminuir o tamanho da vitória ou, por que não, ir para o segundo turno, que seria uma outra eleição.

Em Olinda, Raquel Lyra apoia a candidata de Lupércio, Mirella, do PSD, contra o PSB Foto: Alexandre Cavalcanti

Olinda

Nome escolhido pelo atual prefeito Professor Lupércio, a ainda secretária Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Olinda, Mirella Almeida, buscou abrigo no PSD pelo mesmo motivo de Daniel Coelho: a questão da estrutura.

Mas ela conta com todo o respaldo do PSDB e dos aliados da governadora Raquel Lyra para a disputa contra, possivelmente, a deputada estadual Delegada Gleide Ângelo, nome do PSB para a eleição. Ela só não entra na disputa se a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, tentar o seu terceiro mandato. Mas essa possibilidade está cada vez mais distante. Poucos apostam no ingresso de Luciana no páreo.

Veja também:

Redes sociais entre o personalismo dos gestores e perfis oficiais insossos

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -