A economia da Bahia, depois de um ciclo de dificuldades, principalmente no setor fabril, mostra reação na produção industrial, que avançou 6,1% em fevereiro passado sobre o mesmo mês do ano passado, de acordo com o IBGE. No comércio exterior, no entanto, o cenário segue desafiador para as empresas baianas, que registraram queda de 22% nas exportações de março, comparadas a igual período de 2023.
No caso da área fabril, a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional (PIM), divulgada nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aponta números promissores no estado.
Houve uma expansão de 1,8% na passagem de janeiro para fevereiro. Foi o segundo mês consecutivo de alta: em janeiro, o IBGE registrou 1,9% de incremento da produção física no estado, em relação a dezembro.
O resultado no comparativo anual de fevereiro foi ainda mais consistente, o que alavancou o desempenho da indústria estadual no primeiro bimestre de 2024 (7,1%). No acumulado de 12 meses, no entanto, o resultado ainda é modesto, com uma variação positiva de apenas 0,6%.
No primeiro bimestre de 2024, o setor cresceu 7,1% e no indicador acumulado dos últimos 12 meses teve acréscimo de 0,6%, em relação ao mesmo período anterior.
Economia da Bahia com dificuldades nas exportações
Em março, a retração na receita dos embarques da economia da Bahia para o mercado internacional refletiu principalmente a queda no volume exportado (27,2%). O baque foi liderado por produtos que estão entre os de maior peso, para o estado, no comércio exterior: derivados de petróleo, petroquímicos e minerais.
O número menor de dias úteis no período (foram 23 ano passado e 20 em 2024), devido ao feriado de Semana Santa, também contribui para a redução, de acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
Ao todo, o valor das exportações das empresas baianas em março foi de US$ 801,1 milhões. Os preços médios registraram elevação de 6,9% no mês, puxados por metais preciosos, derivados de cacau e frutas. Essa melhoria, no entanto, não foi suficiente para neutralizar a diminuição no volume dos embarques.
Base de comparação alta influencia resultado
Na análise da SEI, a performance negativa das exportações no mês em análise também está relacionada ao fato da base de comparação ser muito alta. Isso porque, em março de 2023, a economia da Bahia teve um dos melhores resultados em vendas no mercado internacional, de todo o ano passado.
Economia da Bahia tem alta de 5% nos embarques do agro
No setor agropecuário, atualmente o carro-chefe da Bahia no mercado global, o volume embarcado cresceu 6%, enquanto os preços tiveram recuo de 1%. No cálculo final, o valor dos embarques registrou expansão de 5%. O algodão (397,1%) e frutas frescas (63,1%) foram os principais destaques entre os produtos que apresentaram crescimento.
Já a indústria de transformação manteve o baixo desempenho no comércio internacional que vem mostrando há alguns anos. Os preços subiram 13%, mas o volume despencou 42,4%, o que gerou uma queda na receita total de 35%.
Na indústria extrativa, os preços médios se valorizaram 17,8%, enquanto o volume caiu 37,2%. Com isso, as receitas do setor tiveram oscilação negativa (26%).
Resultado no 1º trimestre é estável
No primeiro trimestre de 2024, as exportações baianas mostraram estabilidade em relação a igual período de 2023, com receitas totais de US$ 2,55 bilhões (2024) contra US$ 2,56 bilhões (2023).
Já para os próximos meses, a expectativa do coordenador de Acompanhamento Conjuntural da SEI, Arthur Souza Cruz, é de recuperação.
“Esperamos um período sazonal mais positivo da agricultura, que ainda será alcançado nos meses do meio do ano. Isso tende a melhorar a rentabilidade das exportações, com a desvalorização recente do real frente ao dólar”, ressalta.
Ele adverte, porém, para um fator que pode influenciar esse cenário e, consequentemente, as receitas de exportações da economia da Bahia.
“É importante acompanhar o movimento de preço das commodities. De um lado temos produtos importantes para a Bahia, como soja, milho e café, com preços declinantes. Do outro, vemos o barril do petróleo bruto subindo para um patamar acima dos US$ 90, movimento que é acompanhado por uma redução nos embarques de derivados. Nossa dúvida é qual vetor de forças irá prevalecer”, conclui.
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