Chegado o mês de dezembro, os estados que não reelegeram governadores já estão no meio do processo de transição entre o atual mandatário e o governante eleito. No Nordeste, cinco estados terão novos governadores a partir do dia 1º de janeiro. Confira, a seguir, o andamento da transição nos estados do Nordeste que não reelegeram seus governantes:
Pernambuco
Em Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), primeira mulher eleita governadora de Pernambuco, optou por uma “transição administrativa”. Até o momento, a equipe de transição inclui apenas nomes técnicos, gerando muita expectativa no meio político. Priscila Krause (Cidadania), a vice-governadora eleita, é a coordenadora da equipe de transição de governo e declarou que a equipe optou pela “transição administrativa”, porque estão entrando no governo após uma hegemonia de 16 anos do PSB no Palácio do Campo das Princesas.
Nesta semana, Raquel se reuniu com a grande maioria dos prefeitos pernambucanos. Após o encontro, a governadora eleita informou que a escolha de seu secretariado não será feita sem que antes ela ouça os partidos que declararam apoio à sua candidatura.
O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania-PE), aliado e amigo pessoal de Raquel Lyra, participou ativamente da campanha ao governo e tem mantido diálogo constante com a futura governadora. Ao ME, ele afirmou que ainda não existem conversas sobre os nomes para o secretariado. “Diferente do modelo do governo federal, com muitos grupos de trabalho, Raquel optou por uma equipe pequena que faz uma coleta de dados, tentando entender os gargalos de cada área do estado, para depois ampliar com os grupos temáticos. Não estamos conversando sobre secretariado ainda, a governadora eleita está se dedicando a aprofundar seu programa de governo. A composição de cargos, acredito que a governadora vai tocar mais à frente, esse é um assunto dela”, disse o deputado.
Bahia
Na Bahia, a transição do governo de Rui Costa (PT) para o governador eleito Jerônimo Rodrigues, também do PT, está sob a coordenação do próprio Jerônimo e de seu vice-governador eleito, Geraldo Júnior (MDB).As tratativas do grupo de transição com o atual governo foram iniciadas no começo de novembro e, de lá para cá, já decidiu fazer mudanças na equipe de governo. “O fato de termos quatro mandatos vai requerer da gente mudança. Nós temos que mudar. Quem fica muito tempo pisado em um lugar cria limo. Então nós temos que ter a coragem e a responsabilidade de um novo governo, de poder trocar as pessoas”, disse o governador eleito.
Além disso, o futuro governador da Bahia pretende fazer uma reforma administrativa, cujo texto do projeto será encaminhado pelo atual governador Rui Costa (PT) à aprovação da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Jerônimo se reuniu com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando ele esteve na Bahia após a eleição e afirmou que deseja desenhar seu governo com a ajuda do Governo do Estado e buscando alinhamento com o que está sendo definido para o Governo Federal, investindo juntos nas mesmas áreas, como as estruturas de combate à fome, habitação e de direitos dos povos indígenas.
“Lula já avisou que vai investir em Turismo, por exemplo. Precisamos saber o que construir aqui para compor e aproveitar esse planejamento. Lula disse que vai criar um Ministério dos povos originários, povos indígenas. Vamos ver como fazer esse intercâmbio de políticas públicas. E faremos isso sem deixar de nos preocupar com as pastas prioritárias, Segurança Pública, Saúde, Educação, entre outras”, explicou ele.
Piauí
No dia 4 de novembro, a governadora do Piauí, Regina Sousa (PT), iniciou oficialmente a transição de seu governo para o governador eleito e seu correligionário, Rafael Fonteles (PT).
Regina indicou o atual secretário de governo do estado, Antônio Neto, para coordenar sua transição. Ariane Sídia, atual secretária de administração e previdência, também foi indicada pela governadora.
Por sua vez, o futuro governador escolheu Chico Lucas, jurista cotado para assumir a pasta da Segurança, para coordenar o processo em nome da futura gestão. Ele disse que a transição deve ser feita “sem rupturas, sem mudanças significativas no modelo de governança, muito mais no modelo de gestão”.
A equipe deve ser enxuta, segundo Chico Lucas, visto que a nova gestão representa um governo de continuidade. “Vai ser uma equipe pequena, afinal de contas somos o mesmo governo, o ‘governo Wellington-Regina-Rafael’. A transição vai ser muito mais um planejamento para os próximos quatro anos”, diz o futuro secretário. Lucas já anunciou ainda que manterá Lucy Keiko na função de delegado geral da Polícia Civil.
Além de Chico Lucas, Washington Bonfim foi indicado para a Secretaria de Planejamento, e Antônio Luís comandará a Secretaria de Fazenda. “O governador, quando me fez o convite, foi muito explícito nessa ideia de fazer um monitoramento preciso das metas e entregas, para proporcionar para a população o melhor daquilo que foi colocado no plano de governo, peça fundamental para estruturação do Plano Pluri Anual e leis orçamentárias anuais”, disse Washington Bonfim.
Fonteles anunciou mudanças que pretende fazer no status de algumas fundações e diretorias, que devem se tornar secretarias, como a Secretaria de Mulheres, de Esportes, de Irrigação e Recursos Hídricos e de Assistência e Defesa Agropecuária.
Sergipe
A transição entre os governos de Belivaldo Chagas (PSD) e do governador eleito por Sergipe, Fábio Mitidieri, do mesmo partido, tem o vice-governador eleito, Zezinho Sobral (PDT), liderando a equipe de transição. Por sua vez, o atual gestor, indicou seu secretário-geral de governo, José Carlos Felizola, para tratar do processo de transição.
“Nossa missão é avançar no governo que se inicia a partir de janeiro. Neste primeiro momento, estamos dialogando com as pastas, conferindo situações e os detalhes estruturantes e os serviços prestados ao povo sergipano. Encontros bem positivos, com informações importantes para que os próximos gestores tenham conhecimento ampliado e possam garantir que os sergipanos recebam os serviços prestados com qualidade e avanços. ”, destacou Zezinho Sobral.
A futura primeira-dama, Érica Mitidieri, o ex-deputado estadual Luiz Mitidieri e o coordenador do programa de Governo, Júlio Filgueira, também fazem parte do grupo. Os nomes escolhidos para compor o secretariado deverão ser anunciados até o final do mês de dezembro – já bem perto da data da posse, em 1º de janeiro.
A equipe de transição já recebeu gestores da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Secretaria da Fazenda (Sedurbs), Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs), Sergipeprevidência, Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social (Seias), Superintendência Regional do Trabalho (SRT), Fundação Renascer, Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc), Fundação Aperipê de Sergipe, Secretarias de Justiça e Cidadania (Sejuc), de Transparência e Controle (Setc), de Turismo (Setur) e Empresa Sergipana de Turismo (Emsetur).
O futuro governador vem fazendo acenos sobre o que quer para algumas áreas, como a assistência social, que pode ficar sob o comando da futura primeira-dama, Érica Mitidieri, enquanto a Segurança Pública deve permanecer com João Eloy.
“Gosto muito do trabalho de João Eloy. Eu não conversei com ele ainda, após as eleições. Lá atrás, em uma conversa prévia que tivemos, há um ano. Ele me falou que estava um pouco cansado, mas eu disse: você ainda rende um pouquinho, você é muito querido e tem feito um trabalho que a sociedade reconhece”, disse Fábio Mitidieri em entrevista à rádio Fan Fm.
No que diz respeito à relação com o Governo Federal, Fábio alegou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que “não cabe ideologia” na gestão. “Não dá para um estado pequeno como Sergipe, um estado pobre, que é bem administrado, mas que não é rico, estar fazendo ideologia, colocando estado na oposição porque o presidente não é o que eu queria”, disse o futuro governador.
Segundo Fábio, o maior foco de seu governo será o crescimento do emprego e geração de renda, que considera ser “a maior demanda do pós-pandemia”. Transferência de renda e saúde também estão na lista de prioridades estabelecidas pelo futuro governador.
Ceará
Izolda Cela (sem partido), atual governadora do Ceará, é cotada para assumir o Ministério da Educação (MEC) no governo Lula. Ela passa o bastão para o governador eleito, Elmano de Freitas (PT). Izolda indicou o secretário executivo de Gestão, Flávio Jucá, para coordenar a transição.
“O que a gente deve passar inicialmente é a situação fiscal do Estado, falar da lei orçamentária que está na Assembleia. A partir daí começa a apresentar a situação e projetos de cada secretaria. Caso governador eleito pretenda alguma coisa (mudança no orçamento), com certeza é possível propor alguma emenda à proposta que está lá”, disse Jucá ao jornal Diário do Nordeste.
Também foram indicados Chagas Vieira, secretário da Casa Civil e coordenador da equipe; Vladyson Viana, presidente do Instituto do Trabalho e Desenvolvimento (Sine-IDT); Fernanda Pacobahyba, secretária da Fazenda, e quadros técnicos ligados a gestões passadas.
No lado de Elmano, alguns dos indicados para compor a comissão de transição são Eudoro Santana, pai do senador eleito Camilo Santana (PT-CE), como coordenador; Luísa Cela – filha de Izolda Cela – é uma das coordenadoras do Plano de Governo; e Augusta Brito (PT), deputada estadual.
No que diz respeito aos planos do futuro governador, é possível que ele tente articular mudanças na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023, visto que a matéria está em tramitação na Assembleia Legislativa. O futuro governador também fez falas públicas apontando o desejo de governar com base no diálogo com a sociedade civil.
“Eu acho que é muito importante a gente ter várias fontes de opiniões de como nós estamos nos comportando e aquilo que a gente pode melhorar”, disse o governador eleito.