Como serão os carros do futuro? Eles serão inteligentes e terão capacidade de aprender. São os chamados smart car. O usuário instala nele aplicativos e o veículo vai ganhando funções, ficando do jeito do seu dono. Como é acontece com os celulares.
E esses aplicativos e softwares embarcados podem permitir que num futuro muito próximo os carros sejam atualizados “over the air” (OTA), ou seja pelo ar, sem precisar que o motorista leve o carro a uma oficina mecânica. Também vão permitir inúmeras funcionalidades. Na medida que o software vai ganhando melhoramentos, o veículo vai recebendo atualizações pelo app. Esse tem sido um dos focos de pesquisa na montadora Stellantis.
E para tal, a empresa tem feito uma série de acordos globais, como o que foi fechado com a Amazon, no começo deste ano, para implantar a tecnologia e expertise de software da parceira em toda a organização Stellantis, incluindo desenvolvimento de veículos, construção de experiências conectadas em veículos e treinamento da próxima geração de engenheiros de software automotivos.
A montadora já tem veículos muito sofisticados para os padrões atuais, mas seu gerente sênior de e-Mobiçity & Cross Car América do Sul, Wagner Andrade, compara o que há hoje aos antigos celulares, os “tijolões”. “A evolução só está começando”, assegura.
De zero a cinco
A indústria automobilística classifica os carros inteligentes por níveis que vão de zero a cinco. O cinco é 100% autônomo e elétrico. Os quatro primeiros precisam de coisas como pedal de freio, de volante e não dispensam o motorista. “No nível cinco, o carro parece uma sala de estar, o motorista não precisa fazer nada. Neste nível o veículo depende muito da conectividade e o 5G vai ajudar muito nesta evolução”, diz Andrade.
Hoje, na Stellantis, o Fiat 500 100% elétrico é o modelo mais evoluído da linha. O carro é conectado com uma série de soluções e serviços embarcados. Ele está no nível dois de autonomia.
Mas para que esses smart cars usem sua plena capacidade, será preciso que as cidades também sejam inteligentes. Assim, eles vão aprendendo com elas, se adaptando ao ambiente.
Andrade cita o exemplo do Jeep Compass, que tem evoluído muito na direção do smart car. Quem for dirigi-lo pode programá-lo para que ele mantenha distância de 50 metros dos carros à sua frente e que sua velocidade fique em 110km/h, por exemplo. O motorista pode viajar tranquilo, sem tocar no volante. Mas, ele tem uma limitação: se o carro da frente parar, ele não sabe desviar. Não aprendeu isso ainda. Ele só sabe parar.
Um carro com um nível de inteligência maior, como o Fiat 500 100% elétrico, consegue fazer mais coisas, como ajustar a faixa para o motorista, caso ele saia dela, por exemplo. Mas a pista precisa ser adequada, tem que ter as marcações que o carro entenda.
Os profissionais da indústria automobilística entendem que esses smart cars vão provocar mudanças substanciais nas cidades. “Será uma revolução urbana e comportamental”, prevê Andrade. Muitas mudanças vão acontecer. As futuras concessões de rodovias, por exemplo, vão ter que prever em seus editais investimentos em tecnologias para receber carros inteligentes.
Amanhã, na terceira reportagem desta série, você vai entender como a infraestrutura vem sendo preparada para receber esses smart cars.
Leia aqui a primeira matéria da série: Na era da mobilidade verde, o etanol será a grande estrela
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