Por Kleber Nunes
Com investimentos na Bahia, no Ceará e Rio Grande do Norte, a AES Brasil vai aumentar sua presença no Brasil, com a compra das usinas eólicas da Cubico Sustainable Investment no Brasil: as usinas Ventos do Araripe, no Piauí, e Caetés, em Pernambuco, e a usina Cassino, no Rio Grande do Sul. A transação confirma a estratégia agressiva da empresa de entrar no mercado de crédito de carbono com a diversificação do portfólio, reduzindo sua dependência hídrica. A operação também sinaliza que o Nordeste e todo seu potencial para as energias renováveis é fundamental para concretizar essa atuação.
A aquisição dos ativos eólicos envolve R$ 2,03 bilhões. Para financiar a compra, a AES Brasil – sob assessoria da XP – fará um aumento de capital privado de R$ 500 milhões a R$ 1,1 bilhão. A controladora AES Holding já se comprometeu com o valor de US$ 100 milhões, mínimo necessário para garantir esse tipo de operação.
As três novas usinas eólicas da AES têm juntas uma capacidade de geração de 456 MW. Com a conclusão do processo de aquisição, a empresa passará a contar com uma capacidade instalada de 5,2 GW, sendo 1 GW em construção. A AES também conta com plantas de energia fotovoltaica e eólica em São Paulo. Em 2020, a Cubico, que tem sede em Londres, já havia vendido duas usinas eólicas para a brasileira por R$ 806 milhões. Com a venda, a Cubico deixa de ter investimentos no Brasil.
Créditos de carbono
Este ano, pela primeira vez, a AES Brasil comercializou, 465.807 créditos de carbono, oriundos dos parques Eólicos de Mandacaru e Salinas, correspondente a aproximadamente R$ 12 milhões de receita. Segundo a empresa, há a possibilidade de comercializar mais 2,8 milhões de créditos dos seus parques eólicos e solares que tiveram data de exploração comercial (COD, sigla em inglês) a partir de 2016.
“Nossa posição estratégica se destaca das demais geradoras por constituir um veículo de crescimento em energia 100% renovável, com investimento contínuo na expansão de nosso parque gerador e no desenvolvimento de novas tecnologias e produtos inovadores”, afirma a CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock.
Em junho, a AES Brasil realizou a emissão de R$ 950 milhões de debêntures, inaugurando o prazo de 22 anos para projetos de geração no mercado. O montante captado será direcionado para construção do Complexo Eólico Cajuína.
Novos ativos
A empresa anunciou no início do mês que continua focada na construção de seus complexos eólicos, Tucano e Cajuína, que somam 1 GW de capacidade instalada e com entrada em operação estimada para os próximos 18 meses.
Em relação ao Complexo Eólico de Tucano, mais de 77% da construção dos 322,4 MW foi concluída. Destaque no período para a entrada em operação dos primeiros aerogeradores em julho. A previsão é de que a planta estará totalmente operacional até o final deste ano.
Referente à construção dos primeiros 695 MW do Complexo Eólico Cajuína, a operação está prevista para 2023. A primeira fase do parque, com 324,5 MW divididos em 55 aerogeradores, está 19% concluída. A segunda etapa, com 370,5 MW de capacidade instalada, apresenta avanço de 14% nas obras civis.
Embora esteja buscando diminuir a dependência hídrica, a matriz energética ainda responde por 70% da produção da AES. No primeiro semestre, o volume total de energia bruta gerada pelas usinas hidrelétricas da companhia atingiu 4.476,8 MWh, ou seja, um crescimento de 19,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Do ponto de vista da saúde financeira, a receita operacional líquida da AES totalizou R$ 620,9 milhões no segundo trimestre, representando um aumento de 10,6% em comparação com o mesmo intervalo em 2021. Já a dívida bruta da AES Brasil encerrou o período de abril, maio e junho em R$ 8 bilhões, enquanto a sua controladora, a AES Brasil Operações, terminou o trimestre com dívida consolidada de R$ 6,9 bilhões.