A atual safra pernambucana de cana-de-açúcar (22/23) deve crescer entre 6% e 9% numa estimativa feita pelo presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Até agora, a expectativa é de que a atual moagem processe entre 13,8 milhões de toneladas e 14,2 milhões de toneladas, contra as 12,667 milhões da planta colhidas na última safra (21/22). A última vez que a safra chegou neste patamar foi em 2013, quando foram processadas 14,4 milhões de toneladas.
“No cômputo geral as chuvas ajudam a agricultura e colaboram para a produção agrícola, mas o ideal é que tivessem ocorrido mais distribuídas no tempo ,sem concentrações em poucos dias”, resume Renato. A alternância entre sol e chuva faz bem para a cana, contribuindo para que ele fique com maior teor de açúcar. Em Pernambuco, as chuvas que ocorreram entre o final de maio e julho foram muito concentradas, provocando o deslizamento de barreiras que deixaram 129 mortes.
A próxima safra já começa no dia 16 em algumas usinas pernambucanas. Até setembro, todas as unidades do Estado devem estar moendo. Geralmente, a colheita acaba entre fevereiro e março. Na safra 21/22, foram fabricadas 802 mil toneladas de açúcar, e 376 milhões de litros de etanol. Na atual, a expectativa do Sindaçúcar-PE é de que sejam fabricados 980 mil toneladas de açúcar e 430 milhões de litros de álcool. Na safra passada, 42% do açúcar produzido no Estado foi exportado. As exportações de açúcar da atual moagem deve ficar em torno de 49%, de acordo com estimativas do Sindaçúcar. A alta do dólar favorece as exportações.
Mesmo com a expectativa de aumento na produção, o setor teve que lidar com vários reajustes nos preços de despesas realizadas na preparação para a atual moagem, como os adubos, os componentes e peças que fazem parte da “chaparia” dos parques fabris das usinas. O preço do adubo foi impactado pela guerra entre a Rússia e Ucrânia.
Venda direta aos postos
É a primeira vez que é iniciada uma safra, no Estado, com as usinas podendo vender o etanol diretamente aos postos de gasolina. Em junho último, quando o Congresso Nacional aprovou a venda direta das usinas aos postos, a perspectiva era de um aumento da comercialização do etanol aos postos. Antes disso, as usinas só podiam vender o etanol as distribuidoras de combustíveis.
No entanto, a prudência dos produtores está grande porque ocorreram muitas mudanças na tributação que incide sobre os combustíveis por causa da Emenda Constitucional 123 e a PEC 15. Esta última garante ao etanol, como combustível limpo, uma tributação menor do que a gasolina, mas isso ainda não está ocorrendo, de acordo com os produtores.
A expectativa, segundo os produtores, é de que a venda direta ocorra normalmente depois que a parte fiscal ficar equiparada a da gasolina.
Também este ano, o álcool das usinas do Nordeste não deve ter a concorrência com o álcool importado como ocorreu nos anos anteriores. Entre outras coisas, a alta do dólar tornou este produto mais caro para as empresas que faziam essa compra.