Um relatório da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) excluiu excluiu a possibilidade da dragagem do Porto do Recife, que começou no dia 22 de janeiro, ser a origem do acúmulo de lixo encontrado no litoral sul da Região Metropolitana do Recife, no final de janeiro deste ano. Para o órgão, a causa da grande quantidade de resíduos sólidos no mar foram as chuvas incomuns no primeiro mês do ano e uma mudança no sentido dos ventos.
A chegada do lixo ao litoral ocorreu um pouco depois do início das obras da dragagem do Porto do Recife, que aconteceu no dia 22 de janeiro. O acúmulo de lixo no litoral sul da RMR se deu no final de janeiro. O Porto do Recife se localiza numa área onde desembocam dois rios que também arrastam muito dejetos (incluindo lixo) : o Capibaribe e o Beberibe.
De acordo com o documento, a causa da grande quantidade de resíduos sólidos no litoral foi provocado pelas chuvas incomuns no mês de janeiro e uma mudança no sentido dos ventos que levaram a grande quantidade de resíduos sólidos para as praias
Ainda de acordo com o documento, os rios litorâneos, especialmente, os Rios Capibaribe, Beberibe e a área do Pina – banhada pelo Capibaribe – “são a origem do lixo encontrado nas praias, no período. As chuvas com índices pluviométricos acima do normal acarretaram em alagamentos por toda a RMR que lavaram vastas áreas, carregando grande quantidade de dejetos indevidamente dispostos em ruas, terrenos baldios e lixões para as galerias de águas pluviais e consequentemente para canais de drenagem, desembocando no mar”.
“Ao chegarem ao oceano, o direcionamento dos resíduos sólidos foi então influenciado pelas forças altamente favoráveis das correntes marinhas e do sentido dos ventos, até que voltassem ao continente, através da dispersão em faixas de areia.”
Vistoria na dragagem
Em fevereiro, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizou uma vistoria na obra de dragagem do ancoradouro e constatou que o aparecimento de resíduos sólidos nas faixas de areia foi causado por um conjunto de fatores atípicos que aconteceram no verão: chuva intensa nas cabeceiras dos rios e uma anomalia hidrológica que afetou correntes marítimas e ventos.
O vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, que acompanhou a equipe, reforçou à época: “Por mais intensa que esteja sendo a obra de dragagem, a fiscalização e o cuidado com a operação é grande. O bota-fora fica a 11 km da linha de costa e existe também uma triagem do material sólido antes do descarte. Portanto, esse excesso de resíduo de plástico não é oriundo da dragagem. É muita coisa para vir só daquele lugar, é um problema maior que ficou muito mais evidente por conta desses dois fatores meteoceanográficos, o excesso de chuva no verão e a virada dos ventos. Muito provavelmente, esse lixo vem dos rios, é um resíduo com características de atividade urbana”.
Para chegar a conclusão do relatório, as equipes de fiscalização do CPRH realizaram vistorias e monitoramento de acompanhamento da operação de dragagem, desde a etapa de coleta do material, separação de resíduos sólidos, até o despejo do material dragado em alto-mar em local pré-definido através do processo de licenciamento.
O CPRH também acompanhou a etapa de retirada de resíduos sólidos provenientes do processo de dragagem, que após a coleta foram submetidos a uma fase de peneiramento, sendo em seguida estocados em bolsões de acondicionamento temporário “big-bags” na própria embarcação até posterior envio para destinação final ambientalmente adequada, o aterro sanitário.
O Porto do Recife realizou, a pedido da CPRH, um mergulho na região do bota-fora, comandado por uma equipe do Corpo de Bombeiros. “Desde as primeiras denúncias, o Porto do Recife colaborou com o CPRH para realização das fiscalizações e esclarecimento dos fatos. Nossa equipe de gestão ambiental, junto com os órgãos competentes e empresa contratada para realizar o monitoramento ambiental da obra, supervisionaram todas as etapas da operação e já haviam constatado que a dragagem não estava gerando esse aparecimento de lixo nas praias. Mas foi o trabalho de mergulho, realizado em parceria com o Corpo de Bombeiros, que comprovou a inculpabilidade da nossa obra”, explica o presidente do Porto do Recife, José Lindoso.