O Programa Jovens Embaixadores, da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, selecionou 50 estudantes brasileiros de escolas públicas para um intercâmbio de três semanas nos Estados Unidos. No grupo estão duas pernambucanas, Maria Rita de Albuquerque França, do Recife; e Kathyllen de Alcântara Sena, de Jaboatão dos Guararapes.
A seleção exige fluência em inglês e um bom desempenho geral dos estudantes, além de uma atitude positiva em suas comunidades. Os que já participam de projetos, iniciativas ou atividades de impacto social, sejam locais ou de maior dimensão, como Maria Rita e Kathyllen, têm mais chances de superar a alta concorrência e fazer parte do programa, promovido no Brasil há 20 anos.
O programa tem apoio do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) e da rede de Centros Binacionais Brasil-Estados Unidos que participam ativamente da seleção. No Recife, a Aba Global Education é um dos centros binacionais e faz a indicação da candidatura dos alunos, por meio do escritório do GlobEducar, ligado ao EducationUSA, a fonte oficial dos Estados Unidos sobre programas de educação. Kathyllen e Maria Rita escolheram a ABA para participar do processo seletivo e, na volta da viagem, vão ganhar bolsas da instituição para continuar aperfeiçoando o inglês.
Programa estimula projetos sociais e pessoais
Aluna do terceiro ano do Colégio Militar do Recife, Maria Rita tem 18 anos e, no primeiro ano da pandemia da covid-19, em 2020, desenvolveu junto com colegas da turma o Quebragalho, um site para ajudar os alunos que estavam com dificuldades de acompanhar as aulas online. “Paramos para pensar nos outros, gente sem acesso aos professores porque não tinha internet ou celular para estudar. Começamos a atuar como monitores voluntários das disciplinas na nossa turma, mas fomos divulgando em todo o colégio, inclusive para os alunos do ensino fundamental, a partir do 6º ano”, lembra Maria Rita.
O resultado, apontado por uma pesquisa interna do Colégio Militar, é que 500 alunos procuraram o Quebragalho durante a pandemia, além de outros 100 alunos de uma escola pública com maior vulnerabilidade social, no bairro de Santo Amaro.
Já Kathyllen, que concluiu o ensino médio em 2021, na Escola Cícero Dias, no Recife, participa de um projeto de maior alcance: o Todos na Política, iniciado no Rio de Janeiro por outra estudante que criou uma página no Instagram depois de uma discussão com colegas que não se interessam por política. A proposta é democratizar a educação política no Brasil e desmanchar a ideia de que política é um assunto chato, uma opinião que vem crescendo entre os jovens e levando até ao desinteresse em votar.
“Usamos muitos memes, cores como azul e rosa, referências a séries e filmes como atrativos tanto no Instagram quanto no Tik Tok, que foi por onde começamos e já temos 30 mil seguidores. Boa parte deles já está no Instagram, onde temos 5,5 mil seguidores”, explica Kathyllen, que hoje é coordenadora da redação de 13 pessoas do Todos na Política, onde também põe em prática sua formação como técnica em Multimídia.
As embaixadoras vão contar com o apoio da ABA e do Consulado Americano no Recife para a viagem, que começa no dia 27 de junho, com destino a São Paulo, e segue no dia 1º de julho para Washington, nos Estados Unidos. Outros estados americanos serão anfitriões das pernambucanas que serão hospedadas em casas de famílias locais. Com ótimo nível de inglês, elas terão oportunidade de aprimorar o idioma e fazer uma imersão na cultura americana.
Na volta, com muitas experiências na bagagem, as duas querem se concentrar na preparação para fazer graduação nos Estados Unidos. Além das bolsas de inglês, a ABA irá incentivar os sonhos de Maria Rita, que já passou por outra seleção da EducationUSA para conseguir uma bolsa em universidades americanas. “Tenho interesse nas áreas de business, marketing e jornalismo”, adianta a garota. Filha de um cozinheiro e uma dona de casa, ela mora com os pais e um irmão e é só gratidão à família. “Eles são meu pilar, meu suporte, abriram mão de muita coisa pra eu chegar até aqui”, revela, emocionada.
Ao lado do pai, que é coordenador de hospedagem em um hotel e apaixonado por idiomas, Kathyllen revela que sonha em ser diplomata, e para chegar lá, quer começar estudando linguística nos Estados Unidos. Ela passou no vestibular de Economia da Universidade Federal de Pernambuco mas decidiu não cursar, a fim de se preparar melhor para seu objetivo.
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