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Donald Trump assume 2º mandato com desafios econômicos e controvérsias

Embora Trump prometa impulsionar a economia com políticas fiscais expansionistas, especialistas alertam para o impacto dessas medidas no aumento da inflação e das taxas de juros
Donald Trump
Donald Trump/Foto: Biblioteca do Congresso dos EUA

Donald Trump reassume hoje (20) a presidência dos Estados Unidos, sucedendo Joe Biden, após um retorno histórico ao cargo. A cerimônia de posse, inicialmente planejada para ocorrer ao ar livre, foi transferida para a Rotunda do Capitólio devido às temperaturas extremas em Washington D.C., com mínimas de -11°C. O evento começa às 8h (horário de Brasília), com apresentações musicais às 11h30 e o juramento, conduzido pelo Chefe de Justiça John Roberts, previsto para 14h.

Pela primeira vez desde 1985, o desfile presidencial ocorrerá em local fechado, na Arena Capital One, acomodando 20 mil pessoas, contra as quase 220 mil pessoas que tinha ingresso para assistir à posse do terreno do Capitólio dos EUA.

O tom do discurso de posse de Trump deverá sinalizar as prioridades de seu segundo mandato, que tem gerado preocupação entre aliados e investidores. Durante a campanha, Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato em Butler, Pensilvânia, e manteve uma retórica polêmica sobre questões como o controle da Groenlândia e a transformação do Canadá em um estado americano.


Polêmicas e Mudanças no Primeiro Dia de Mandato

Entre as promessas de Trump estão a implementação de políticas comerciais agressivas, deportações em massa e a revogação de ordens executivas da gestão Biden. Já nas primeiras horas de governo, Trump planeja emitir cerca de 100 decretos, incluindo medidas para retirar os EUA do Acordo de Paris, aumentar tarifas de importação, reverter a proibição do TikTok e conceder perdões a envolvidos no ataque ao Capitólio.

Operações de deportação em massa já estão sendo planejadas em cidades como Chicago, Nova York e Miami. Em Chicago, cerca de 200 agentes devem atuar em áreas de grande circulação de imigrantes, embora detalhes tenham vazado, o que pode levar ao adiamento das ações, conforme declarou Tom Homan, ex-diretor da Imigração e Alfândega.

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Impactos Econômicos e Desafios Fiscais

O mercado financeiro monitora com atenção as promessas de Trump, especialmente em relação à política fiscal. Sua intenção de ampliar os cortes de impostos corporativos e reduzir a alíquota de 21% para 15% pode custar até US$ 3,7 trilhões em uma década, de acordo com o Citi. A dívida pública dos EUA, que era de 99% do PIB em 2024, pode atingir 116% até 2034, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).

Esse cenário tem elevado os prêmios de risco e as taxas de juros dos Treasuries de 10 anos, que subiram de 3,70% para 4,60% desde o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve. O CDS de seis meses, que mede o risco-país no curto prazo, dobrou no mesmo período.

Jan Hatzius, economista-chefe do Goldman Sachs, alerta que déficits elevados e estruturais, combinados com um desemprego de apenas 4%, podem pressionar ainda mais os juros e aumentar os riscos de uma crise fiscal. “Os déficits de hoje não são como os do pós-crise de 2008, quando havia alta no desemprego e necessidade de estímulo. Agora, os déficits são estruturais e difíceis de corrigir”, afirmou.

O indicado por Trump para o Departamento do Tesouro, Scott Bessent, sinalizou que trabalhará com o Congresso para eliminar o teto da dívida, medida que enfrenta resistência em meio à crescente desconfiança do mercado. No último leilão de Treasuries de 10 anos, apenas 61,4% dos papéis foram adquiridos por estrangeiros, abaixo da média de 71,3% registrada nos últimos seis leilões, indicando enfraquecimento na demanda.


Expectativas e Incertezas com Trump

Embora Trump prometa impulsionar a economia com políticas fiscais expansionistas, especialistas alertam para o impacto dessas medidas no aumento da inflação e das taxas de juros. Além disso, o risco de “greves de compradores” de Treasuries – títulos emitidos pelo governo dos Estados Unidos para financiar suas operações e cobrir déficits orçamentários-, como ocorreu entre agosto e outubro de 2024, permanece uma ameaça, especialmente diante de incertezas sobre ajustes fiscais.

O retorno de Trump à presidência reflete sua estratégia de implementar mudanças rápidas e marcantes, mas também expõe desafios críticos para equilibrar crescimento, solvência fiscal e estabilidade política nos próximos anos.

Impactos no Brasil e América Latina

A eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos tem potenciais impactos significativos para o Brasil e a América Latina, especialmente nas áreas de comércio, investimentos, meio ambiente e política internacional. A seguir, estão alguns dos principais efeitos:


1. Relações Comerciais:

Trump historicamente adota uma postura protecionista, priorizando acordos bilaterais e tarifas sobre produtos importados. Isso pode afetar:

  • Exportações brasileiras: Produtos agrícolas, como soja, carne e etanol, podem enfrentar barreiras comerciais mais rígidas. Por outro lado, Trump tende a reduzir as importações da China, o que pode abrir oportunidades para exportadores brasileiros.
  • Mercados latino-americanos: Países como México e Chile, mais integrados ao mercado americano, podem ser diretamente afetados por mudanças tarifárias ou renegociações de acordos comerciais.

2. Investimentos e Fluxo de Capitais:

A política fiscal expansionista de Trump, com cortes de impostos e aumento do déficit público, pode pressionar os juros americanos para cima. Isso afeta:

  • Fluxo de capitais para países emergentes: Juros mais altos nos EUA tornam os Treasuries mais atrativos, reduzindo o apetite por ativos de maior risco, como os da América Latina.
  • Desvalorização cambial: Países como o Brasil podem enfrentar maior volatilidade no câmbio, com fuga de capitais para os EUA.

3. Política Ambiental e Mudanças Climáticas:

Trump é crítico de acordos climáticos, como o Acordo de Paris, e favorece políticas de incentivo a combustíveis fósseis. Isso pode:

  • Aumentar pressões sobre o Brasil: O desmatamento da Amazônia já é alvo de críticas internacionais, e uma postura mais permissiva dos EUA pode enfraquecer compromissos globais com a sustentabilidade.
  • Impactar exportações agrícolas: Pressões de consumidores internacionais podem aumentar sobre cadeias produtivas associadas a impactos ambientais na América Latina.

4. Geopolítica e Alinhamentos Regionais:

  • Brasil e EUA: Sob Trump, há maior alinhamento político com governos de direita, criando oportunidades de cooperação, mas também desafios diplomáticos em áreas como meio ambiente.
  • China na América Latina: A postura mais agressiva de Trump em relação à China pode fortalecer a presença chinesa na região, já que países latino-americanos tendem a diversificar parceiros comerciais.

5. Migração e Relações com Países Vizinho:

Trump defende políticas restritivas à imigração, o que pode prejudicar países da América Central e do Caribe que dependem de remessas de imigrantes nos EUA. Além disso, políticas mais duras podem gerar tensões na região, especialmente com o México.


6. Setor de Tecnologia e Economia Digital:

Trump também é crítico de empresas de tecnologia estrangeiras e pode endurecer regulações. Para o Brasil, isso pode:

  • Aumentar restrições ao uso de tecnologias chinesas, como o 5G da Huawei, gerando pressões para escolhas estratégicas.
  • Incentivar parcerias bilaterais com empresas americanas em áreas de inovação.

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