O reajuste da conta de energia em 2022 vai resultar numa perda do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial da ordem de R$ 3,8 bilhões a preços de 2020, O valor estimado da perda foi calculado numa pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O mesmo estudo diz que haverá uma perda de R$ 1,7 bilhão na indústria de transformação, um dos setores que mais empregam e pagam os salários mais altos no Brasil.
Os reajustes já anunciados estão, em média, na casa dos 20% e o grande vilão do aumento é a crise hídrica que aumentou o preço da energia consumida em 2021. Uma parte disso será cobrada no reajuste anual das distribuidoras que entra em vigor este ano. Essa crise deixou num nível crítico os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste do País e fez os brasileiros consumirem uma energia mais cara.
O aumento da conta de energia em torno de 20% para este ano era previsto pelos especialistas do setor elétrico, já que a crise hídrica levou ao acionamento das térmicas. É o financiamento para pagar este tipo de energia que está começando a ser embutido no reajuste anual das distribuidoras de energia elétrica. Nesta terça-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou os percentuais de aumento para os consumidores pernambucanos, que vão entrar em vigor na sexta-feira (29).
Mas o aumento da conta de energia não é ruim só para quem paga a tarifa. Ele vai impactar até o emprego no Brasil, como mostra o levantamento da CNI. O estudo diz que “o mercado de trabalho poderá sofrer uma perda de cerca de 290 mil postos de trabalho em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021” e que o consumo das famílias se reduzirá num valor estimado em R$ 12,1 bilhões.
O estudo diz que as perdas são em efeito cascata e vão recair sobre o consumidor final. Na inflação, terá um impacto de mais 0,41%. Ainda numa nota divulgada ontem criticando o aumento do preço da energia, a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) sugeriu que “agora que Pernambuco está equilibrado financeiramente seria um momento de fazer sua parte e reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) de energia elétrica de 25% para 18%.”
O secretário de Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, não se pronunciou sobre a sugestão. O fato é que numa conta de energia cerca de 50% do que é cobrado são impostos, taxas e encargos setoriais – um tipo de taxa do setor elétrico recolhida pelo governo federal.
Nos dados divulgados ontem pela Aneel, a receita anual da Neoenergia Pernambuco tem a seguinte composição de custos: 34,1% são destinados a pagar a energia; 27,5% bancam os tributos; 22,5% é o que fica com a Neoenergia Pernambuco para fazer a distribuição, manutenção etc; 5,4% são as despesas com transmissão e 10,2% os encargos setoriais, usados para bancar despesas extras na conta de luz de todos os brasileiros. Ou seja, neste total 37,7% de tudo que é arrecadado pela antiga Celpe está voltando para os cofres públicos.
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