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GeMar mapeará potencial marinho do Nordeste

Os pesquisadores do GeMar vão mapear e identificar os melhores usos econômicos para a região marinha, que vão desde a extração de sedimentos à implantação de plantas de geração eólicas

Por Patrícia Raposo

O Nordeste ganha reforço para consolidar sua posição como centro de pesquisas marinhas. Será inaugurado nesta quarta-feira (13), no Recife, o novo laboratório de Geologia Marinha (GeMar), do Serviço Geológico do Brasil, empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A unidade fará constantes monitoramentos, análises mineralógicas e de sedimentos marinhos na costa brasileira. A intenção é mapear e identificar os melhores usos econômicos para a região marinha, que vão desde a extração de sedimentos à implantação de plantas de geração eólicas.

Desde 2007 pesquisadores ligados aos Serviço Geológico do Brasil atuam no Recife fazendo monitoramento dessas potencialidades, mas compartilhavam laboratórios da instituição. Agora passam a ter um centro de pesquisa exclusivo. “Este laboratório irá contribuir com informações para um programa maior, que é o Planejamento Espacial Marinho, um estudo que envolve diversas instituições de pesquisa”, explica o oceanógrafo Márcio Valle, um dos cientistas do GeMar.

Gemar Márcio Valle
Márcio Valle, pesquisador do GeMar/Foto: divulgação

As pesquisas serão concentradas na plataforma continental rasa – que vai da praia até uma profundidade de 30 metros – para que se possa conhecer melhor os depósitos marinhos e elementos como terras raras. “Conforme mapeamos o leito marinho temos melhores condições de planejar o uso econômico do mar, definindo as regiões onde a pesca industrial é mais propícia, onde é melhor para explorar minerais, onde o solo é mais adequado à instalação de turbinas eólicas, entre outras coisas”, explicou Valle.

Interesses do GeMar

Um dos principais minerais disponíveis na costa brasileira, em especial na costa do Nordeste, é o granulado bioclástico, um fragmento de origem orgânica que mede de 0,5 a 10 milímetros e que deixa as areias das praias nordestinas com tom branco. Eles são oriundos de algas calcárias, que precipitam esqueleto de bicarbonato de cálcio. Quando morrem, o esqueleto se decompõe e se junta às areias das praias. “A plataforma do Nordeste é coberta esse por material  e isso faz dela uma das mais extensas do mundo com essa característica”, revela o oceanógrafo.

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Os carbonatos bioclásticos ou granulados bioclásticos são usados no agronegócio para a fabricação de corretivo de solo e complementação da ração animal, não tendo impacto ambiental. Mas também servem como fonte de cálcio aos humanos e compõem medicamentos voltados ao combate da osteoporose. São encontrados em cosméticos de abrasivos de alto desempenho.

A plataforma costeira tem outros matérias de potencial econômico, como a areia biogênica, de origem terrígena (ou continental), rica em silício. Esses materiais siliclásticos têm seu uso mais nobre na engorda de praias erodidas.

GeMar sede
O GeMar tem sua sede na Zona Sul do Recife/Foto: divulgação

A chefe da divisão de Geologia Marinha do SGB-CPRM, Luciana Felício, reforça que o Serviço Geológico do Brasil conta, hoje, com um acervo de, aproximadamente, 5 mil amostras de sedimentos coletados no leito marinho e na zona costeira. Tais sedimentos são importantes para a caracterização do solo, para a descoberta de minerais estratégicos, para a preservação da história e para o entendimento dos efeitos climáticos no Atlântico Sul. O Laboratório de Geologia Marinha fica localizado Avenida Sul, 2291, no bairro de Afogados.


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