Por Juliana Albuquerque
Com uma trajetória consecutiva de sete meses em tendência de alta, a intenção de consumo das famílias pernambucanas (ICF-PE), medida pela Fecomércio-PE, alcançou 80,8 pontos neste mês de março. Quanto mais próximo de 100 pontos, mais propensão ao consumo, afirma o economista da Federação em Pernambuco, Ademilson Saraiva.
De acordo com ele, o ICF é o que se chama de indicador antecedente. Ou seja, ele é uma escala que aponta o ímpeto ou a tendência de que as famílias estejam mais ou menos propensas a consumir. Ele lembra que é importante destacar que essa melhora ocorre mesmo observando-se uma conjuntura adversa para realização de compras, o que legitima o índice ainda permanecer muito abaixo de 100 pontos, que configuraria um maior ímpeto de compras.
“No caso, o índice está em um patamar abaixo do nível considerado de maior propensão a consumir, com base na avaliação que as famílias fazem do que enxergam no mercado de trabalho e na renda atual e o que elas esperam nos próximos meses”, analisa o economista.
Nesse sentido, embora as famílias considerem um ambiente melhor no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, essa é uma visão influenciada sobretudo pelo avanço da imunização, aumento da circulação de pessoas e da reativação do mercado de trabalho local – embora este avance de forma tímida no início de 2022, de acordo com o dado mais recente disponível –considerando que o avanço da inflação e dos juros tendem a tornar as condições de consumo menos favoráveis nos próximos meses.
“A interpretação é que elas [famílias] estão pouco propensas a consumir nesse momento e sem perspectivas de que o nível de consumo atual se eleve, embora o índice de avaliação venha melhorando gradativamente desde setembro”, avalia.
Intenção de comprar a prazo é alta
A intenção de consumo das famílias também é medida sobre o desejo de comprar a prazo. Nesse indicador, a pontuação chegou a 96,9 pontos. Ou seja, com forte propensão em comprar no crédito.
“Considerando o cenário de elevação dos juros, seria esperado que as famílias observassem esse momento como de maior cautela no que diz respeito ao comprometimento da renda futura com os parcelamentos. Essa avaliação, entretanto, ainda pode mudar, visto que os preços ao consumidor ainda devem persistir em elevação no segundo trimestre”, pondera o especialista.
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