Produção industrial recua 1,6% no Nordeste em janeiro

Pernambuco foi o estado da região que apresentou maior queda entre os analisados pelo IBGE, com retração de 5%, enquanto o Ceará recuou 3,8% e a Bahia avançou em 1,2%

A produção industrial do Nordeste teve uma retração de 1,6% em janeiro deste ano. Entre os estados da região, Pernambuco foi o que mais teve sua produção reduzida, com recuo de 5%, enquanto o Ceará apresentou queda de 3,8% e a Bahia avançou no período, com alta de 1,2% em sua produção industrial.

produção industrial
Atividade de metalurgia está entre as que mais tiveram queda no período em Pernambuco, com recuo de 26%/Imagem: Agência Brasil

Após ter registrado uma retração menor, de 0,9%, em dezembro de 2021, o resultado de janeiro de 2022 coloca Pernambuco com o quinto pior resultado entre as 15 localidades pesquisadas pelo IBGE. Com o resultado, o estado ficou 9,1 pontos percentuais abaixo do nível pré-pandemia. Já no Brasil, o recuo foi de 2,4%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-PF), divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (15).

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Na comparação entre janeiro de 2022 e o mesmo período do ano passado, Pernambuco teve o terceiro pior percentual entre as 15 localidades pesquisadas, com recuo de -12,3%, à frente apenas do Ceará (-24,3%) e do Pará (-24,4%). O Brasil, por sua vez, apresentou uma queda menos acentuada, de -7,2%. Por sua vez, no acumulado dos últimos 12 meses (fevereiro de 2021 a janeiro de 2022), a queda em Pernambuco foi um pouco menos acentuada, de -2%. No Brasil, ao contrário, houve alta de 3,1%.

Desempenho por atividades na indústria pernambucana

Em janeiro de 2022, apenas duas das 12 atividades industriais pesquisadas tiveram resultados positivos em comparação ao mesmo mês de 2021: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (24,7%) e Fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal (0,4%). Por outro lado, os piores resultados do período ficaram com Fabricação de produtos têxteis (-41,4%), Metalurgia (-26%), Fabricação de máquinas (-25,8%), aparelhos e materiais elétricos (-21,4%) e Fabricação de bebidas (-21,4%).

No acumulado dos últimos 12 meses, cinco atividades industriais tiveram alta: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (61,3%), Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (8,1%), Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,3%), Fabricação de produtos de minerais não-metálicos (2,9%) e Fabricação de celulose, papel e produtos de papel (2,1%). As maiores quedas ocorreram na Fabricação de produtos têxteis (-12,9%) e Fabricação de bebidas (-7,4%).

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Análise da Fiepe sobre a indústria pernambucana

Na avaliação de Cezar Andrade, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), a queda de 5,0% na produção industrial de janeiro, em comparação com dezembro do ano passado se deu principalmente a três fatores.

fiepe, economista
Cézar Andrade, economista Fiepe, avalia que não realização de Carnaval, avanço da ômicron e surto de H3N2 motivaram queda em Pernambuco. Foto: Divulgação

“O primeiro deles ainda está relacionado a pandemia de COVID-19, no início do ano. Apesar do avanço da vacinação, fomos surpreendidos com a nova variante Ômicron, que embora não seja tão fatal, forçou muitos colaboradores a se afastarem de suas atividades laborais, o que levou as indústrias a reduzirem sua capacidade produtiva por conta desses afastamentos. O mesmo movimento aconteceu com a chegada da nova gripe, a influenza H3N2, que também trouxe os mesmos efeitos que a COVID-19 para a indústria, afastando os colaboradores para evitar contaminação em massa e, assim, prejudicando a produção industrial no período”, analisa o economista.

Um terceiro fator importante, segundo Andrade, foi devido ao fato da incerteza e depois da confirmação de que não haveria o Carnaval.

“Sem o evento, as indústrias foram menos demandadas, sobretudo as de bebidas e as de têxtil, já que esse período do tem um papel importante na movimentação da economia do estado. Para atender o carnaval, as indústrias já começam a se movimentar no primeiro mês do ano. Além disso, fatores como inflação e falta ou alto custo das matérias primas também prejudicam o volume da produção industrial”, analisa o economista.

Ele complementa, destacando que, quando comparado ao ano anterior, em janeiro do ano passado, a queda foi ainda maior, de 12,3%, impulsionada principalmente pelo setor têxtil – que caiu 41,4%, podendo ser justificado também, além da demanda insuficiente por não haver Carnaval, ao alto índice de inflação, que faz com que as pessoas demandem menos esses produtos, em troca de bens mais essenciais para eles. “Se a demanda reduz, as indústrias produzem menos e, consequentemente, observamos a queda na produção industrial”, finaliza o economista da Fiepe.


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