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Possibilidade de tributação sobre family offices leva investidor a buscar opções de investimentos

Analistas desenham três cenários para o caso de o projeto de reforma tributária ser aprovado como está: aumento da exposição em fundos de ações, migração para fundos previdenciários ou volta para pessoa física Por Patrícia Raposo Mudanças substanciais podem ocorrer no mercado de gestão patrimonial caso o projeto de reforma tributária seja aprovado como está. […]

Analistas desenham três cenários para o caso de o projeto de reforma tributária ser aprovado como está: aumento da exposição em fundos de ações, migração para fundos previdenciários ou volta para pessoa física

Por Patrícia Raposo

Mudanças substanciais podem ocorrer no mercado de gestão patrimonial caso o projeto de reforma tributária seja aprovado como está. As alterações nas tributações sobre fundos fechados tendem a desestimular aportes nesta categoria, levando a uma migração dos recursos para outras modalidades de investimentos e aquecendo o mercado de fundos de ações, por exemplo.

Analistas desenham três cenários predominantes: aumento da exposição em fundos de ações, migração para fundos previdenciários ou volta para pessoa física, com investimentos em CRI, LCI e LCA, que têm isenção para pessoas físicas.

“Hoje, para quem tem a partir dez milhões de reais, faz sentido abrir um fundo de investimentos exclusivo fechado”, analisa Thiago Kramer, sócio da Multinvest Capital. 

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Esses fundos têm alguns benefícios sobre os fundos abertos. Embora os fundos exclusivos fechados tenham maiores restrições no resgate, oferecem maior flexibilidade na política de investimentos, não se limitando a nenhuma classe de ativos e contam com gestão profissional feita sob medida. Já os fundos abertos têm uma política de investimento mais rigorosa, e o cotista normalmente não possui ingerência sobre as decisões de investimento.

No entanto, hoje, a grande questão que os diferencia é referente à tributação, em especial, ao chamado come-cotas. Fundos abertos têm come-cotas, ou seja, um imposto de renda semestral que incide sobre a rentabilidade. Já nos fundos fechados, o imposto acontece somente em caso de resgate excepcional (chamado de amortização) ou no término do fundo fechado. Assim, o proprietário pode deixar de pagar impostos durante anos, até que haja amortização ou término do fundo.

Com a proposta de reforma tributária, os fundos exclusivos passariam a ser tributados com come-cotas e os abertos, que já têm come-cotas nos meses de maio e novembro, passariam a ser tributados só uma vez ao ano. Em ambos os casos, com tributação de 15%.

Para Kramer, a imposição de uma tributação anual de 15% prejudica o crescimento patrimonial. “É uma mudança que dá isonomia aos investidores, mas, a criação do come-cotas para fundos fechados desestimula a gestão do patrimônio familiar. Esses fundos fechados oferecem melhor estrutura para criação de patrimônio porque permitem deferir ad infinitum o imposto”, explica Kramer.

A possibilidade de tributação tem incomodado muita gente. “Os clientes com maior predisposição para ações pensam em migrar para fundos de ações abertos. Mas nem todos querem aplicar 67% de seu patrimônio em ações”, diz.

Para Felipe Tavares sócio da Dapes Investimentos, Agente Autônomo vinculado ao Safra, também deve haver mudanças. “Perde sentido se ter fundo fechado, porque o tratamento tributário seria igual ao de um fundo aberto, com a limitação de amortização anual”, analisa.

Ele lembra que o come-cota só tem no Brasil. “É uma jabuticaba. Paga-se pelo ganho de capital sobre lucro não realizado. Não resgatei, não realizei lucro e pago imposto assim mesmo”, reflete.

Tavares diz que uma outra opção analisada por investidores é manter os recursos em fundos previdenciários, que são um pouco mais limitados na sua política de investimentos. 

“Esse tipo de fundo tem fatores a se considerar, como o custo mais elevado, já que precisa de uma seguradora parceira, que é responsável pelo plano de previdência na Susep. É como se fosse um sócio. O cotista do fundo é a seguradora, não a família”, explica.

Neste modelo de investimento, a seguradora tem garantia de grande deliberação sobre o fundo. Ela é a soberana, com decisão até para trocar o gestor. “É como se a família estivesse investindo num fundo que é da seguradora”, analisa Tavares.

Diante dessas imposições, os analistas acham que haverá grande migração para investimentos na pessoa física. Ou seja, os family offices – empresa privada que lida com a gestão de investimentos e gestão de patrimônio para uma família – sendo desfeitos para que os recursos voltem à gestão individual do patrimônio. “É um retrocesso”, diz Kramer. “Vai haver reorganização no mercado de investimentos, mas é difícil prever de que forma”, conclui. 

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