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“Petrobras tem que tornar indústria do gás em realidade”, diz presidente da FIES

Em entrevista ao Movimento Econômico, o presidente da Federação das Indústrias de Sergipe (FIES), Eduardo Prado de Oliveira, abordou ainda temas como o impacto da reforma tributária no Nordeste
FIES Sergipe
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Sergipe (FIES), Eduardo Prado de Oliveira, a indústria de petróleo e gás é um setor estratégico para o desenvolvimento do estado. Foto: FIES

O presidente da Federação das Indústrias de Sergipe (FIES), Eduardo Prado de Oliveira, conversou com o Movimento Econômico sobre as perspectivas do setor produtivo do estado e avaliou o atual cenário e das perspectivas de crescimento. Para ele, a reforma tributária não será prejudicial ao Nordeste, mas será preciso uma atenção à região com o fim dos incentivos fiscais.

Desde outubro do ano passado também exercendo mandato como diretor financeiro da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Eduardo Prado de Oliveira falou da necessidade da continuidade do desenvolvimento da indústria do petróleo e gás, além da expansão de outros segmentos, como o agrícola, de fertilizantes e de confecções.

Confira a entrevista com o presidente da FIES:

Movimento Econômico: Alguns especialistas têm defendido que a Reforma Tributária prejudica os estados nordestinos, pois acabaria com os incentivos fiscais para atração de novas indústrias. Qual sua opinião sobre o tema e qual avaliação o presidente faz sobre o impacto da reforma em Sergipe?

Eduardo Prado: Para a indústria, a reforma tributária é muito importante para o país, pois vai simplificar e uniformizar o sistema de cobrança de tributos, além de tornar mais célere o processo de devolução de créditos. Nesse sentido, não a vejo, hoje, como prejudicial aos estados nordestinos.

Todavia, é um fato que os incentivos fiscais tiveram e tem o condão de atrais investimentos importantes para a nossa região. Então, a indústria nordestina deve monitorar com bastante atenção a regulamentação da lei e seus desdobramentos, como por exemplo, a questão de como o Fundo de Desenvolvimento Regional vai garantir que os estados nordestinos efetivamente tenham ou possam buscar um mínimo de competitividade em relação às regiões mais desenvolvidas.

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ME: O Governo Federal lançou o programa Nova Indústria Brasil, que pretende impulsionar o setor no país até 2033. É uma medida importante para fortalecer o setor. Como o setor industrial sergipano vem atuando para fomentar melhorias e promover a atração de novos empreendimentos para o estado?

EP: O programa Nova Indústria Brasil é muito importante para o país e Sergipe, mas a FIES e suas casas (Sesi/SE,Senai/SE e IEL/SE) mesmo antes desse programa já emprega esforços para o desenvolvimento do setor industrial sergipano, seja com ações diretas ou através de parcerias com outras entidades e com os governos locais.

Somada a essas ações nós contamos muito com os incentivos fiscais para a atração e manutenção das indústrias e demais empresas. Temos os incentivos provenientes da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) que permitem, por exemplo, a redução no imposto de renda da pessoa jurídica para as empresas que se instalarem, diversificarem ou modernizarem os projetos já existentes na área de atuação da Sudene. Além disso, existem os incentivos fiscais, locacionais e de infraestrutura ofertados pelo Governo de Sergipe por meio do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI).

Outro ponto que favorece a implementação de novos negócios é a agilidade do processo de abertura de empresas em Aracaju. Atualmente, a cidade é a segunda colocada, no Ranking de Competitividade dos Municípios 2023, entre as cidades brasileiras mais ágeis no processo de abertura de um novo negócio. Aracaju conta com um processo de abertura mais integrado, automatizado e menos burocrático para empresas de baixo e médio risco, via Portal Agiliza, que integra a Prefeitura e a Junta Comercial.

Uma das virtudes e potenciais de Sergipe também é o mercado de gás natural. A descoberta de gás na Bacia Sergipe-Alagoas foi considerada a maior descoberta em águas ultraprofundas desde o pré-sal. Apesar da redução na produção de gás no nosso estado nos últimos anos, espera-se um crescimento significativo nos próximos anos, quando entrar em operação.

A produção de fertilizantes também é um grande potencial. O Brasil é um grande consumidor de fertilizantes e a produção interna é insuficiente para atender a essa demanda crescente. Aqui em Sergipe, temos uma importante reserva de potássio e, com a retomada das atividades da antiga FAFEN pela Unigel, temos o potencial para suprir uma parte significativa dessa demanda interna.

Outro grande investimento que merece menção é a Usina Termelétrica, localizada na Barra dos Coqueiros, considerada uma das maiores usina a gás natural da América Latina, sendo o maior investimento privado já realizado no estado e a primeira unidade de regaseificação privada do país. É importante destacar que essa usina tem capacidade para atender cerca de 15% da demanda de energia da região Nordeste, desempenhando um papel fundamental para a segurança energética da nossa região e do país. 

Por fim, destaco o polo de confecção no interior do estado, que impulsiona a economia de municípios como Tobias Barreto, gerando dezenas de empregos diretos e indiretos. É importante mencionar também o grande potencial do estado na produção de laranja. No 3º trimestre de 2023, o Suco (sumo) de laranja representou 72,7% da pauta de exportação do nosso estado.

ME: A FIES vem debatendo junto aos empresários da indústria do estado práticas de preservação ambiental? O Rio Grande do Sul enfrenta severos problemas decorrentes das chuvas que devastaram o estado mês passado. Sabemos que as mudanças climáticas contribuíram para todo o processo no Sul do país. Há ações sendo realizadas pela FIES em conjunto com os governos estaduais e municipais?

EP: A indústria brasileira e sergipana tem a agenda ambiental como uma das suas prioridades. Nesse sentido, ações em prol do meio ambiente e de uma produção sustentável são buscadas diuturnamente pelo setor, visando evitar ou mitigar diversos impactos.

ME: Como é a relação entre o setor industrial e poder público? Há ações sendo realizadas pela FIES em conjunto com os governos estaduais e municipais?

EP: Nós sempre procuramos ter um relacionamento sereno com os governos locais voltado aos interesses da indústria sergipana. Atualmente, já desenvolvemos diversas ações com o Governo Estadual em programas de qualificações técnicas para a população, bem como com os governos municipais. Em breve, iniciaremos um programa para melhorar a competitividade de micro, pequenas e médias indústrias dos setores de confecções, laticínios e construção civil.

Mas as ações não se esgotam nesses setores, pois continuamos monitorando as ações governamentais, visando contribuir para a construção de políticas públicas em prol da indústria e do estado.

Petroleo Sergipe
Sergipe possui maior reserva de gás do país em águas ultraprofundas. Foto: Divulgação

ME: A produção de petróleo é uma das principais atividades econômicas de Sergipe, mas o que tem sido feito para atrair novos empreendimentos para o estado? Existem gargalos nesse desenvolvimento industrial? Qual avaliação faz?

EP: Nós temos uma enorme oportunidade com a descoberta de um grande volume de gás na costa do estado. Nesse sentido, diversas ações, como seminários e estudos, têm sido feitas para que esse investimento se materialize.

No entanto, a Petrobras que é responsável por grande fatia desse futuro negócio tem que tornar isso uma realidade, dado que já houve diversos adiamentos de investimento.

Estamos tratando de um setor essencial para o crescimento do nosso estado. Ao promovermos a indústria de petróleo e gás, ocorre o que na economia denominamos de spillover (“efeito transbordamento”), ou seja, gera um efeito em cadeia que impulsiona de forma indireta diversos outros setores da nossa economia, gerando desenvolvimento e crescimento econômico.

ME: Qual avaliação o senhor faz da sua gestão? Há incentivos ou já existem núcleos para captar jovens empresários a se envolver com a defesa da indústria sergipana?

EP: A gestão da atual diretoria que presido é feita conjuntamente com a congregação de diversos setores da indústria. Através dessa equipe multidisciplinar, digamos assim, procuramos envidar os melhores esforços em prol de uma indústria forte, sustentável e comprometida com o desenvolvimento social e econômico do nosso estado e da nossa população, deixando um legado importante para o futuro.

Vale ressaltar que a nossa Federação, em conjunto com outras Federações da região Nordeste, faz parte de uma associação chamada Nordeste Forte, que busca promover ações para o aumentar a competitividade do setor industrial e, consequentemente, o desenvolvimento socioeconômico da nossa região. Trata-se de uma atuação conjunta para defender os interesses da indústria do Nordeste.

Leia mais: “Industrialização não é prioridade no atual governo de AL”, diz presidente da FIEA

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