O hidrogênio verde vai substituir parte da queima de coque de petróleo na produção de cimento no Rio Grande do Norte. Uma planta do novo combustível será implantada na cidade de Baraúna pela CPFL Energia em parceria com a Mizu Cimentos, do grupo Polimix. O projeto piloto representa um investimento de R$ 40 milhões, com expectativa de começar a funcionar em 2027. A assinatura do que seria o primeiro contrato comercial do país envolvendo H2V para este segmento industrial aconteceu na manhã desta quinta-feira (22) no Palácio de Despachos de Lagoa Nova, sede do governo potiguar.
Governadora do estado e exercendo a presidência rotativa do Consórcio Nordeste, Fátima Bezerra destacou que que o hidrogênio verde terá um papel central na revitalização do parque industrial regional. “Essa iniciativa fortalece setores estratégicos como a construção civil, a produção de aço, a indústria química e de fertilizantes, e coloca o Rio Grande do Norte, o Nordeste e o Brasil como referências na luta global contra as mudanças climáticas”, disse.
A parceria é desdobramento de um memorando de entendimento (MoU) entre a CFPL e o governo do estado, firmado em novembro de 2023, para explorar as possibilidades de desenvolvimento do hidrogênio verde e suas potenciais aplicações no setor elétrico. A parceria tem entre os objetivos desenvolver soluções inovadoras para a transição energética.
Desenvolvido pela área de inovação da CPFL Energia, o projeto prevê uma planta-piloto de produção de hidrogênio verde utilizando energia renovável para alimentar um eletrolisador. O hidrogênio produzido será aplicado nos fornos rotativos da Mizu Cimentos, localizados na cidade de Baraúna, contribuindo na produção de clínquer, componente essencial na fabricação do cimento.
O projeto piloto será financiado por meio do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Após a conclusão da obra, haverá um período de seis meses para o monitoramento do impacto do hidrogênio na redução de emissões de CO2, que pode chegar a 12,5 toneladas por ano.
“É primeiro conhecer a tecnologia, para ganharmos mais produtividade, mais eficiência e, como consequência, abaixar os custos. Ao mesmo tempo, a gente começa a estudar os usos dessa tecnologia. Tem várias possibilidades de uso. Nosso desafio é encontrar aquele que será viável primeiro”, afirmou o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella, nesta quinta (22/8).
Marco Legal do H2V
O hidrogênio verde é obtido por meio de fontes de energia 100% renovável, como solar e eólica. É uma das rotas de produção com baixa intensidade de carbono.
Durante evento no Rio de Janeiro, na semana passada, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) destacou ainda a importância da aprovação do marco legal para estimular a aprovação das legislações estaduais sobre o segmento. “Nós estamos avançando agora em algo fundamental, que é superar essa lacuna da ausência do marco regulatório. O projeto de lei tem essa finalidade, trazendo segurança jurídica e previsibilidade”, afirmou.
O estado desenvolve o Porto-Indústria Verde, que foi incluído no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e está em fase de licenciamento ambiental.
Com uma área estimada em mais de 13 mil hectares na costa potiguar e investimento estimado em R$ 50 bilhões, o porto será voltado principalmente para o desenvolvimento da indústria offshore, com foco na combinação da geração eólica offshore com a produção de hidrogênio verde.
O Consórcio Nordeste, presidido por Fátima Bezerra, defende contudo que critério de adicionalidade seja rediscutido, isto é, assegurar benefícios adicionais para instalação de nova capacidade de geração de energia renovável. A ideia não avançou, até o momento, nos textos discutidos no Congresso Nacional.
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