Os impactos da catástrofe do Rio Grande do Sul – que além de montadoras concentra 7% dos fabricantes de autopeças no Brasil – se intensificam na Stellantis, que tem um dos seus principais parques no Nordeste, em Goiana (PE). Devido à falta de insumos, a companhia teve que suspender parcialmente a produção no polo pernambucano e pontualmente em mais dois complexos na Argentina. A empresa tem 11 fornecedores no mercado gaúcho.
Fontes no setor afirmam que a paralisação na gigante automobilística pode chegar a 10 dias. Por meio de posicionamento, a Stellantis confirma a parada, mas não esse prazo. A duração não é informada.
“A Stellantis prioriza, sempre, a segurança de seus empregados e fornecedores. Assim, a empresa precisou paralisar pontualmente a produção nos Polos Stellantis de Córdoba e El Palomar, na Argentina, e parcialmente o Polo de Goiana, em Pernambuco”, diz a nota.
“A empresa continua monitorando os volumes de suprimentos na perspectiva de manter a operação em ritmo normal nas demais unidades”, acrescenta.
Como catástrofe no Rio Grande do Sul afeta a Stellantis?
De acordo com o posicionamento, “o impacto sem precedentes da catástrofe [no Rio Grande do Sul] em todo o sistema logístico de transporte e fornecimento de componentes somou-se à paralisação do órgão responsável pela emissão das licenças ambientais exigidas pela legislação vigente”.
O polo de autopeças gaúcho, vital na cadeia de suprimentos do setor automotivo brasileiro, representa 12% de todo o faturamento do setor no país. Em 2023, a receita do segmento foi de R$ 12,8 bilhões. O Rio Grande do Sul também responde por 11% das exportações da área e por 8,1% dos empregos gerados no mercado nacional.
Rio Grande do Sul: confira a íntegra da nota da Stellantis
“A Stellantis acompanha com consternação e se solidariza com as vítimas das inundações que assolam o Rio Grande do Sul.
O impacto sem precedentes da catástrofe em todo o sistema logístico de transporte e fornecimento de componentes somou-se à paralisação do órgão responsável pela emissão das licenças ambientais exigidas pela legislação vigente.
A Stellantis prioriza, sempre, a segurança de seus empregados e fornecedores. Assim, a empresa precisou paralisar pontualmente a produção nos Polos Stellantis de Córdoba e El Palomar, na Argentina, e parcialmente o Polo de Goiana, em Pernambuco.
A empresa continua monitorando os volumes de suprimentos na perspectiva de manter a operação em ritmo normal nas demais unidades.
A Stellantis se mobilizou com a doação de recursos à Cruz Vermelha – Caxias do Sul e World Vision, duas ONGs que atuam no auxílio à população do estado, além da doação de kits de higiene e kits dormitório e, juntamente com seus funcionários, concessionários e consumidores de suas marcas, auxilia com a arrecadação de mantimentos e recursos a serem destinados aos órgãos e entidades oficiais definidos pelo governo local.”
Quem é a Stellantis?
A Stellantis é um grupo formado a partir da união da montadora ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles com a montadora francesa PSA Group, após a conclusão de um acordo de fusão. A sede está localizada em Amsterdã, nos Países Baixos.
O grupo controla, ao todo, 14 marcas: Abarth, AlfaRomeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram e Vauxhall, com presença em mais de 130 países e unidades fabris em 30 mercados.[7]
Em 2023, o faturamento do conglomerado atingiu € 189,5 bilhões, um crescimento de 6% sobre 2022, refletindo um aumento das vendas globais (número de unidades) da ordem de 21%. O lucro líquido, por sua vez, chegou a € 18,6 bi. “Somos uma empresa saudável e que dá lucro e 2023 foi um ano extremamente satisfatório”, conclui Carlos Tavares.
No Brasil, o grupo tem polos automotivos em Pernambuco (Goiana), Minas Gerais (Betim) e Rio de Janeiro (Porto Real). Na planta de Pernambuco, são produzidos modelos das marcas Jeep (Renegade, Compass e Commander), RAM e Fiat Toro. É desse complexo que sairá, no segundo semestre desta ano, o primeiro modelo elétrico híbrido fabricado pelo grupo franco-ítalo-americano no Brasil.
Inaugurada em 2015, a fábrica de Goiana já recebeu R$ 18,5 bilhões em investimentos e vai receber mais R$ 13 bilhões até 2030. A capacidade de produção é de 280 mil veículos por ano.
Confira os números recentes da catástrofe no Rio Grande do Sul
Segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (27) pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de municípios alagados chega a 469, onde há 55,8 mil desabrigados, 581,6 mil desalojados e 2,3 milhões de pessoas afetadas. As mortes confirmadas são 169, mas existem 56 desaparecidos. As enchentes no estado começaram no dia 27 de abril e completaram 31 dias.
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