Enquanto inicia a produção em sua nova fábrica, a Arezzo já articula a ampliação da unidade fabril. A operação fica localizada em Uruburetama, a 117 km de Fortaleza. A gigante do setor de calçados femininos também tem planos de aproveitar as sinergias no mercado cearense e a infraestrutura disponível para mudar a sua logística de exportação. A ideia é passar a utilizar o Porto do Pecém nos embarques para outros países.
Esses movimentos – com potencial de atingir uma escala impressionante no Ceará – acontecem em paralelo à aceleração da fusão entre os grupos Arezzo&Co (do qual a Arezzo faz parte) e Soma (dono da Reserva, NV, Foxton e Maria Filó, entre outras redes).
A união, que envolve 30 marcas, vai resultar no maior conglomerado de moda do país, com 12 mil lojas entre próprias e franquias. O negócio é avaliado em R$ 12 bilhões.
O CEO da Arezzo, Alexandre Birman, que visitou a fábrica cearense essa semana, não revela os valores investidos na unidade. A instalação pertencia ao grupo gaúcho Paquetá, que entrou em recuperação judicial em 2019 e era um dos fornecedores da Arezzo.
Em fevereiro deste ano, em meio à fusão, a companhia mineira comunicou que estava adquirindo duas plantas do antigo parceiro no Ceará: a de Uruburetama e uma outra na mesma microrregião, situada no município de Tururu e que ainda não foi reativada.
Expansão da Arezzo foi divulgada pelo governo
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho, participou da visita de Birman e divulgou os estudos da Arezzo para ampliação.
Ele assegura que a marca já vem conversando com o governo estadual sobre um aumento de capacidade em Uruburetama, atualmente de 1 milhão de pares por ano. De acordo com o secretário, esse projeto independe do ganho operacional que será proporcionada pela planta na cidade vizinha.
O executivo adianta que um terreno ao lado da fábrica de Uruburetama vem sendo analisado pela companhia.
Segundo ele, outro ponto em fase de negociação é a utilização, pela Arezzo, da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará) e do porto do Pecém. O complexo portuário é um dos mais importantes do país e do Nordeste e a ZPE que integra o empreendimento é uma das poucas que saiu do papel no Brasil.
Questionada sobre esses dois assuntos, a Arezzo não confirmou, nem desmentiu. A empresa foi fundada em 1972 pelos irmãos Anderson (pai de Alexandre) e Jefferson Birman. Hoje, é uma das maiores marca de varejo de calçados femininos no mercado sul-americano.
Para onde será destinada a produção da Arezzo?
A produção da Arezzo no Ceará será voltada principalmente a países da América Latina com quem a empresa já tem relações comerciais. A unidade gerá atualmente 1.305 mil empregos. É um número superior aos postos de trabalho da Paquetá, que chegou a ter 1.120 empregados no quadro da unidade.
O que levou a Arezzo a investir no Ceará?
A Arezzo foi atraída para o Ceará por que o estado tem um dos clusters de calçados mais importantes do país, dispõe de mão-de-obra de chão de fábrica mais barata que em regiões como Sudeste e Sul, conta com infraestrutura rodoviária e portuária para escoamento da sua produção e vem reforçando a logística para a cadeia de suprimentos do setor.
O ecossistema de calçados cearense – responsável por quase 30% da produção nacional do segmento – é um dos três maiores do Brasil, juntamente com os do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, terra da Arezzo.
O cluster tem quatro polos principais: Sobral, Juazeiro do Norte, Horizonte e Fortaleza. O Porto do Pecém é estratégico para as exportações dessas regiões. Em janeiro passado, por exemplo, foram embarcados no ancoradouro 3,2 milhões de pares.
Logística é atrativo para a Arezzo
Quanto à logística para a área de supply chain, o centro de distribuição construído pelo Grupo Troca (RS) foi um dos empreendimentos recentes que trouxe mais musculatura à indústria estadual de calçados. Com investimentos de R$ 8 milhões, essa é a primeira grande unidade da empresa no Nordeste.
Inaugurado em março passado, o condomínio fica em Senador Pompeu, a 268 km de Fortaleza, numa posição geográfica privilegiada em relação aos municípios produtores de sapatos e outros artigos de couro.
A estrutura – embora vise atuar em outros segmentos, como o hospitalar e farmacêutico – foi planejada visando atender prioritariamente aos fabricantes de sapatos, no recebimento de insumos.
De acordo com o secretário Salmito Filho, o CD vai reduzir o prazo de recebimento de matérias-primas nas fábricas do ramo. A média atual é de sete dias mas, em alguns casos, as remessas poderão chegar em até 24 horas. Na visão do secretário, essa otimização vai trazer um salto de competitividade para o setor e atrair mais indústrias de sapatos.
