O crescimento econômico do Ceará, em 2023, tem previsão de 2,1%, com base nos dados do primeiro semestre do ano. A nova projeção do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) para o Produto Interno Bruto (PIB) estadual é um pouco acima da anterior (1,9%), mas confirma a tendência de que os estados mais ricos do Nordeste – Bahia, Pernambuco e Ceará – cresçam abaixo da região e do país.
Essa é a terceira revisão do Ipece para a estimativa do PIB cearense em 2023. A primeira previsão foi de 2,19% (dezembro de 2022), ajustada para 1,33% (em março passado), 1,94% (em junho) e agora 2,10%.
Já a economia da região, na média, tem previsão de um desempenho melhor do que a do Brasil este ano. A estimativa do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) – órgão ligado ao Banco do Nordeste (BNB) – é de que o PIB da região cresça 3,8%, quase 1% acima das projeções do mercado para o PIB nacional (2,92%), publicadas no Boletim Focus (Banco Central) mais recente.
O resultado esperado também é superior aos 3,2% estimados pelo Ministério da Fazenda para o país e deve ser puxado por Alagoas, com uma taxa de 6,9%. Em Pernambuco (2% a 2,5%), Bahia (2%) e Ceará, a previsão é de resultados modestos.
O desempenho é explicado por questões econômicas internas e externas. A economia baiana, por exemplo, vem registrando queda na produção industrial causada pelo recuo na demanda de petróleo, químicos e petroquímicos e metalúrgicos no comércio exterior.
Em Pernambuco, a performance está relacionada à forte dependência do setor de serviços, que, no estado, ainda se recupera dos impactos negativos da pandemia da Covid-19.
Crescimento econômico: terciário avança 2,68% no Ceará, mas indústria recua 3,25%
No Ceará, o PIB vem sendo afetado pelo setor industrial, que registrou queda de 3,25% no acumulado do primeiro semestre deste ano comparado ao mesmo período de 2022. A agropecuária teve uma alta discreta nesse comparativo (0,71%) e o terciário cresceu 2,68%, segundo o Ipece.
No caso da indústria, o setor mantém trajetória de queda ao longo do ano, puxada pela indústria de transformação (10%). Os resultados do acumulado de 2023 apontam que, no segundo trimestre, houve uma intensificação do movimento observado nos primeiros três meses do ano. Foi a quinta retração consecutiva da área fabril no comparativo trimestral.
O agronegócio vem sendo puxado pela pecuária, com destaque para a produção de leite (17,89%) no acumulado do ano comparado ao mesmo período de 2022) e avicultura (11,52%).
O terciário, por sua vez, vem sendo impulsionado principalmente pelo desempenho do turismo (serviços de hospedagem e alimentação avançaram 6,41% no semestre). O segmento cresce, alavancado por investimentos públicos e privados como a nova Beira-Mar de Fortaleza. O projeto, concluído ano passado, recebeu aportes de R$ 120 milhões.
Outros segmentos que registram boa performance, na análise semestral, são comércio e serviços de manutenção e reparação (5,23%) e transporte, armazenagem e correios (3,11%).
Na média, o PIB do Ceará cresceu 1,81% no semestre em análise e 1,63% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2022. Na análise trimestral, houve ainda um resultado positivo de 1,53% de abril a junho comparado a janeiro a março deste ano.
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