A produção fabril no Nordeste apresentou recuperação em maio passado com relação ao mesmo mês do ano passado, depois de um desempenho inferior à média nacional em abril. A reação foi puxada principalmente pela Bahia, com um aumento de 6,8% o segundo maior em todo o país. As informações constam da mais recente PIM-PF Regional, divulgada nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiroo de Geografia e Estatística (IBGE).
A maior taxa verificada em todo o Brasil foi a do Rio Grande do Norte (25,8%). A produção fabril potiguar passa por um ciclo de crescimento mês a mês na casa dos dois dígitos, graças ao desempenho do setor de coque de petróleo e outros combustíveis.
Apesar do resultado muito mais expressivo que o dos estados vizinhos, a indústria potiguar não tem o mesmo peso da Bahia, maior economia regional, no desempenho do segmento. A produção na indústria baiana foi impulsionada por derivados do petróleo, produtos químicos e alimentos.
Maranhão (6,8%), Pernambuco (3,5%), Ceará (2,6%) e a média do Nordeste (3,1%) também são destaque nessa edição da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Regional.
Produção fabril do NE cresce, enquanto país cai
Dessa vez, a região teve crescimento no indicador, enquanto o país registrou queda de 1% no comparativo anual. Em abril, a região não foi bem. Teve um avanço de 2,6%, muito inferior à média nacional (8,4%).
Em linhas gerais, a PIM-PF Regional mostra um cenário da produção fabril, ao longo de 2024, marcado por oscilações nos estados e regiões que se refletem no resultado nacional. O setor vem intercalando períodos de aumento e decréscimo.
Essa variação reflete um momento conturbado da economia global, a taxa de juros ainda elevada no Brasil e problemas estruturais da indústria brasileira, que perdeu espaço no Produto Interno Bruto ao longo dos últimos 50 anos. Em maio, outra questão que influenciou o desempenho da produção fabril nacional foi a catástrofe climática no Rio Grande do Sul.
O analista responsável pela pesquisa, Bernardo Almeida, avalia que esse “é o segundo resultado negativo seguido da indústria”.
“Fatores macroeconômicos vêm impactando na produção industrial. Apesar da melhora do mercado de trabalho, com redução da taxa de desemprego, e do aumento do rendimento médio dos trabalhadores, os juros continuam em um patamar elevado”, aponta.
Segundo ele, “isso leva a um encarecimento do crédito, atingindo diretamente a cadeia produtiva pelo lado da oferta, e afeta a renda disponível das famílias, retraindo o consumo”. “A inflação também influencia”, acrescenta.
Além dessas variáveis, o retrato atual da produção fabril evidencia que o Programa Nova Indústria Brasil, capitaneado pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, ainda não começou a surtir os efeitos esperados. A iniciativa foi lançada em janeiro passado e acolheu grande parte das sugestões apresentadas pelas entidades da área.
Como foi o país na produção fabril em maio?
O setor industrial brasileiro caiu em maio passado, refletindo retração em sete dos 18 locais pesquisados. A maior queda foi registrado no Rio Grande do Sul (-22,7%). Espírito Santo (-6,4%), Mato Grosso do Sul (-5,5%), Amazonas (-5,0%), Minas Gerais (-5,0%), Paraná (-2,1%) e Pará (-1,1%) também tiveram recuo.
No sentido oposto, houve crescimento no Rio Grande do Norte, Goiás (8,5%), Bahia, Maranhão, Santa Catarina (5,8%), Rio de Janeiro (5,0%), Pernambuco, Região Nordeste, Ceará, Mato Grosso (2,3%) e São Paulo (0,7%).
O que é a pesquisa de produção fabril regional?
A Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Regional PIM produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação. O estudo traz, mensalmente, índices para estados cuja participação é de, no mínimo, 0,5% no total do valor da transformação industrial nacional e a região Nordeste como um todo.
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