Em meio à maior crise de sua história, gerada pelo afundamento de 20% de Maceió (AL), a Braskem (BA) acaba de anunciar uma joint venture no setor de gestão de resíduos e tratamento de efluentes industriais com a Solví, sediada em São Paulo. O negócio ambicioso, de R$ 1,2 bilhão, já nasce com o objetivo de liderar o segmento no mercado brasileiro.
É fácil entender a JV: as duas gigantes estão somando forças e constituindo um player fortíssimo a partir da união de suas expertises na área de sustentabilidade. Os parceiros visam a complementaridade entre os serviços hoje oferecidos por suas controladas no setor ambiental, a fim de criar uma plataforma completa de serviços.
A Braskem, líder na produção de resinas termoplásticas nas Américas, também é dona da maior empresa de tratamento de efluentes do Polo Industrial de Camaçari, a Cetrel. Já a Solví é um dos principais players em tratamento, destinação e valorização de resíduos no Brasil.
A parceria estratégica é voltada para atuar em diversos nichos do setor, como gestão ambiental para a indústria (incluindo água e efluentes), tratamento de resíduos, resposta a emergências e consultorias ambientais.
A Braskem tem autoridade comprovada no campo de emergências e consultorias ambientais, obtida principalmente com o case de Maceió, onde a exploração de sal-gema pela multinacional provocou o maior desastre ambiental urbano em curso no mundo.
A catástrofe, que começou em 2018, obrigou 60 mil pessoas a abandonarem suas casas. Bairros inteiros se transformaram em escombros. E o pior: o afundamento continua.
Gestão de resíduos e efluentes: como funciona JV?
No processo de constituição da JV, a Solví foi assessorada pela CF Partners e a Braskem pelo PNB Paribas.
O contrato acordado ao final das negociações prevê que a JV de gestão de resíduos e efluentes passará a deter 63,7%, das ações da Cetrel – empresa da holding especializada em soluções para águas, efluentes e consultoria de sustentabilidade.
A parceria se estende à GRI e Emergenciall, divisões da Solvi focadas em gerenciamento de resíduos industriais e resposta a problemas ambientais.
A Solví deterá 50,1% da nova companhia, e a Braskem deterá 49,9%. O conselho de administração será formado por cinco conselheiros, sendo três membros indicados pela Solví e dois membros indicados pela Braskem.
Já o Conselho da Cetrel, composto por cinco conselheiros, vai preservar as duas indicações por entidades vinculadas ao Estado da Bahia, e os três demais membros serão indicados pela nova companhia, sendo dois pela Solví e um pela Braskem.
Gestão de resíduos e efluentes: o que diz a Braskem sobre JV?
O VP de Manufatura Brasil & Operações Industriais Globais da Braskem, Marcelo Cerqueira, destaca que “essa operação reflete nossa estratégia de otimização do portfólio de ativos, visando maximizar seu valor por meio de uma alocação criteriosa de recursos”.
“Ao mesmo tempo em que a Braskem mantém sua presença no segmento de gestão de resíduos e segue fazendo parte do Conselho de Administração da nova companhia, reforçamos nosso compromisso com a segurança operacional do Polo Industrial de Camaçari”, acrescenta.
Marcelo Cerqueira diz ainda que “a parceria com a Solví, uma empresa com expertise em soluções ambientais, tem o objetivo de ampliar o foco no crescimento e potencializar a Cetrel por meio de uma plataforma nacional no setor de soluções ambientais para a indústria“.
O que diz a Solví sobre a parceria na gestão de resíduos?
O diretor-presidente da Solví, Celso Pedroso, afirma que “essa operação representa um passo estratégico importante”.
“Temos em nosso DNA o compromisso de proteger o meio ambiente e essa parceria é uma grande oportunidade de criar uma plataforma ambiental única de prestação de serviços imprescindíveis para atender às demandas do setor industrial brasileiro em nível nacional”, detalha.
Vamos impulsionar um futuro mais sustentável e inovador e ampliar o portfólio de serviços oferecidos aos nossos clientes, já que a Cetrel tem papel relevante na gestão dos processos ambientais das atividades do Polo de Camaçari”, frisa.
JV de gestão de resíduos e efluentes precisa de aval do Cade
No material divulgado para comunicar a joint venture, os parceiros salientam que “esta transação está sujeita a aprovação pelas autoridades competentes e implementação de Condições Precedentes neste tipo de operação”.
A autorização mais importante para esse tipo de negócio é a do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia federal brasileira, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. O colegiado integra o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
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