
A Câmara Municipal de Maceió realizou, nesta sexta-feira (21), a audiência pública para tratar da construção de um empreendimento imobiliário na região da Lagoa da Anta, no bairro de Cruz das Almas. Arquitetos e o sócio da Record Engenharia apresentaram o projeto, que pretende remodelar a área ao redor da lagoa, garantindo mais espaço para a população transitar, além de resgatar faixas de restinga. Os empreendimentos imobiliários que serão construídos incluem um novo Hotel Jatiúca e três blocos destinados a residenciais.
A audiência foi proposta pelo vereador Allan Pierre (MDB) após a repercussão que o empreendimento ganhou, com a divulgação de informações de que haveria descaracterização do local para a construção de megatorres residenciais e empresariais.
Durante a audiência, o sócio da Record Engenharia, Hélio Abreu, disse que a construção seguirá estritamente à legislação municipal, com objetivo de desenvolver um empreendimento turístico e residencial.
“Quando houve a proposta, decidimos enfrentar o projeto, e a intenção sempre foi contemplar a viabilidade econômica do empreendimento, além de absorver a expectativa da população sobre essa área, pela história do Hotel Jatiúca. O prédio está muito bem preservado, mas com características defasadas há mais de 40 anos. Hoje, a população de Maceió não tem acesso ao entorno entre a Lagoa da Anta e o mar, com um pequeno passeio, e o hotel cercado por grades”, explicou.

Ele disse ainda que a Record negociou e adquiriu as ações do hotel. Ele também afirmou que não houve compra de terrenos, mas a aquisição de área de propriedade para desenvolver um empreendimento turístico e residencial à altura da marca Hotel Jatiúca e qualidade Record. “É um projeto baixamente adensado, que reconecta o bairro da Jatiúca ao de Cruz das Almas, urbanização da faixa compreendida e recuo das edificações que estão muito próximas do mar”, disse Hélio Abreu.
Projeto prevê área maior para população e resgate da Lagoa da Anta
O projeto urbanístico do Parque Jatiúca será desenvolvido pelos arquitetos Índio da Costa, projeto paisagístico assinado por Ricardo Cadim e a arquitetura e masterplan coordenado pelo arquiteto Adriano Moura.
O arquiteto Índio da Costa explicou que o projeto parque Jatiúca promoverá a continuidade de um projeto maior que será executado pela Prefeitura de Maceió para promover uma requalificação na orla da capital, indo dos bairros da Pajuçara até Jacarecica.
“Com isso, o projeto do Hotel Jatiúca e a Lagoa da Anta terá uma continuidade nesse projeto maior, dando mais espaço para a população. Maceió hoje possui duas orlas distintas, uma até o hotel Jatiúca e outra a partir do hotel seguindo em direção ao rio Jacarecica. Então faremos essa reconexão dos bairros, dando nova vida ao bairro de Cruz das Almas. Nossas edificações terão o maior recuo em relação à praia, possibilitando mais conexão entre a Lagoa da Anta e o mar”, explicou.
A parte que será aberta ao público terá uma extensão de 30 metros de onde hoje está uma ciclofaixa para a população até a Lagoa da Anta. O projeto contemplará a construção de lojas, restaurantes, bares e outros empreendimentos, que transformarão essa faixa em um parque aberto à população.

Na segunda parte do empreendimento – onde hoje funciona o Hotel Jatiúca, haverá a construção de dois blocos destinados a atividades hoteleiras e três blocos destinados à empreendimentos residenciais. A previsão do projeto, segundo Adriano Moura explicou durante a audiência, é de construir 143 unidades residenciais, que terão acessos às ruas, algumas delas que atualmente são fechadas, e à Lagoa da Anta, mas evitando um adensamento na região.
Poder público cobrou envio de projeto
Os representantes do Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual contribuíram com as tratativas sobre o projeto que envolve a região da Jatiúca, reforçando que as instituições estão atentas ao debate e de portas abertas para contribuições da sociedade, com o objetivo de compreender as pretensões da empresa e se o projeto está em conformidade com a legislação.
Já o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente, Ricardo César, destacou a necessidade de o IMA receber oficialmente o projeto de construção com todos os detalhamentos para que seja feito um termo de referência com os estudos ambientais necessários. Posteriormente, será avaliado os impactos ambientais, para depois trabalhar na questão do licenciamento.
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