Conhecida nacionalmente por suas propriedades anti-inflamatórias e medicinais, a própolis vermelha produzida em Alagoas vem ampliando o território de produção no estado. A previsão da União dos Produtores de Própolis Vermelha de Alagoas (Uniprópolis) é conseguir instalar unidades de produção em todos os municípios do litoral alagoano.
Atualmente, a produção de própolis vermelha em Alagoas está presente em 14 municípios e com alguns projetos em execução a previsão é saltar para 22 nos próximos meses. O que difere a produção alagoana das demais do país é o fato da matéria-prima ser encontrada somente nos manguezais do estado: a Dalbergia ecastophyllum, também conhecida como Rabo-de-Bugio.
A planta Rabo-de-Bugio fornece a seiva para a fabricação da própolis vermelha, assim como outras plantas melíferas, tanto frutíferas como florestais.
Como parte da estratégia de expansão da área de produção, a Uniprópolis deu início à distribuição de 600 mudas da planta para criar um cinturão vermelho ao longo do litoral alagoano.
O experimento é realizado em parceria com a Universidade Federal de Alagoas, no Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (CECA), que fica no município de Rio Largo, mas será expandido para uma fazenda que fica em Japaratinga, que cedeu uma área para o cultivo de mudas de Rabo-de-Bugio, contribuindo para a expansão da produção de própolis vermelha no estado.
O cultivo das plantas no campus da Ufal partiu de iniciativa do engenheiro agrônomo e professor da unidade, Teodorico Araújo.
Ele destacou que sua motivação para iniciar os experimentos com a plantação de Rabo-de-Bugio partiu do apoio da Uniprópolis.
“Estamos na fase de experimentos e inicialmente serão 600 mudas para fazer o replantio, mas o projeto vai além da Ufal, queremos crescer e expandir ainda mais essa produção, distribuindo cerca de 20 mil mudas fazendo um cinturão vermelho para que todo o litoral alagoano cresça com a plantação de Rabo-de-Bugio”, enfatizou. “A Uniprópolis contribuiu muito para viabilizar o início deste projeto”, completou.
Própolis vermelha de Alagoas ganha o mundo
Criada há 13 anos, a Uniprópolis se tornou uma cooperativa somente em agosto deste ano. Atualmente, conta com 140 associados, mas o objetivo é chegar a 450 associados em Alagoas.
Segundo o presidente da cooperativa, Mário Agra, há estudos que indicam municípios onde há grande potencial de produção de algumas modalidades de própolis. Ao longo do litoral alagoano, indo de Maragogi a Coruripe, a incidência de manguezais favorece a produção da própolis vermelha, mas o estado também vem produzindo própolis a partir da Baccharis, que origina a própolis verde e há ainda produção de própolis da jurema preta.
A composição encontrada na própolis vermelha produzida em Alagoas é considerada complexa e única, já que dispõe de isoflavonóides responsáveis pelo seu diferencial, nunca encontrados ao mesmo tempo em nenhum outro tipo de própolis do mundo.
Esses isoflavonóides – a formononetina, medicarpina, vestitol e isoliquiritigenina, promovem diversas atividades biológicas, dentre elas atividades antimicrobiana, anticâncer e antioxidante além de serem associados a diversos benefícios para saúde, como prevenção de doenças cardiovasculares, combate ao colesterol, prevenção da osteoporose e alívio dos sintomas da menopausa.
Segundo estudo do Banco do Nordeste, há apenas três empresas no Nordeste certificadas pelo Instituto Nacional da Propriedade industrial (INPI), reconhecida internacionalmente e que dá direito à propriedade intelectual autônoma, indicando a origem de um determinado produto ou serviço. Uma delas fica em Alagoas, a empresa Fernão Velho, com mais de 17 anos de atuação no mercado e uma cartela extensa de produtos oriundos do mel.
A apícola Ouro Vermelho, que fica em Marechal Deodoro, também vem mirando o mercado internacional, como Alemanha e Coreia. “Além do litoral alagoano, que é uma região onde já produzimos e onde pretendemos ampliar nossa atuação, há um estudo que indica municípios no Sertão alagoano para ampliação, que seriam Água Branca, Delmiro Gouveia, Olho D’Água do Casado e Piranhas. E temos ainda a produção de própolis verde nos municípios de Novo Lino, Chã Preta, Quebrangulo e Palmeira dos Índios. Diante de todo esse cenário, nossos planos são atuar para garantir que essa produção alagoana consiga ampliar a exportações a partir de 2025”, disse Mário Agra.
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